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Semana de Moda de Nova York tem primeiro desfile de estilista transgênero

Pierre Davis, de Los Angeles, fez história em Nova York com a marca No Sesso e diz que quer inspirar as pessoas

Semana de Moda de Nova York: Evento já teve modelos trans, mas nunca uma estilista (Joe Kohen/Getty Images)

Semana de Moda de Nova York: Evento já teve modelos trans, mas nunca uma estilista (Joe Kohen/Getty Images)

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AFP

Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 10h11.

Pierre Davis, de Los Angeles, fez sua estreia em Nova York, se transformando na primeira estilista transgênero a apresentar uma coleção na abertura da Semana de Moda, revolucionando ainda mais um evento que já teve modelos trans.

O poderoso Conselho de Estilistas de Moda dos Estados Unidos (CFDA), que diz representar mais de 500 estilistas e fazer da diversidade seu grito de guerra, anunciou no mês passado que a marca No Sesso de Davis faria "história" nessa segunda-feira, na abertura da Semana de Moda, que começou com um desfile de looks fantásticos.

A Semana de Moda começou focada nos homens e mudará na quinta-feira para moda feminina.

Davis, mulher trans que nasceu com características físicas masculinas, disse ao CFDA que espera que a marca "vá inspirar as pessoas a ter uma mente mais comunitária e a descobrir que nem tudo é estética ou comércio. Se trata também de humanidade".

A estilista disse também que é importante que "as pessoas de todas as identidades intersecionais tenham a oportunidade de lutar independente de sua identidade. O terreno não está nivelado no mundo, e isso é mais difícil na moda".

Davis abraça a etiqueta trans, mas não quer que seja uma armadilha e diz que é importante que as pessoas vejam as criações e que estas sejam reconhecidas.

"Só quero mostrar o trabalho", diz sobre a marca No Sesso, lançada em 2015 e que, segundo o CFDA, inclui fãs como as artistas de R&B Kelela e Erykah Badu.

"Me sinto feliz e humilde por ter chegado à Semana de Moda", disse Davis.

Para exibir o capítulo 2 de sua coleção -classificando de capítulos as temporadas-, Davis teve a ideia de uma grande paleta onde se misturam os atributos clássicos dos dois sexos.

Os coletes pretos se transformaram em saias, os vestidos de noite mudaram e tudo é desfilado com autoconfiança por mulheres e homens, altos e magros.

Os looks misturaram o formalismo da roupa de trabalho com peças esportivas, como em uma jaqueta de corrida com ombreiras.

A crescente presença de trans na Semana de Moda é mais um passo de um movimento que começou em 2017 para reconhecer corpos alternativos além das tradicionais silhuetas magras.

"O desfile foi inspirado pela roupa de trabalho e evoca o espírito Glamazon sem importar o gênero", disse Davis à CFDA.

A ideia é fazer com que as coisas aconteçam mesmo "quando parece não existir um caminho".

Por vários anos os modelos trans tiveram participações regulares na Semana de Moda de Nova York, e em setembro de 2017 o desfile da Calvin Klein apresentou um modelo trans de 16 anos.

Em setembro do ano passado, Marco Marco, outro estilista de Los Angeles foi além, trazendo exclusivamente modelos trans.

Com seu primeiro show em Nova York, Davis disse que todos "podem ver No Sesso e o mundo que estamos criando".

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