Semana de Moda de Londres se abre ao público
Seis desfiles, de três estilistas, foram abertos ao público neste fim de semana
AFP
Publicado em 15 de setembro de 2019 às 13h16.
A Semana de Moda de Londres abriu as portas este ano ao público em alguns desfiles, dando aos fashionistas a oportunidade de aproveitar um pouco da extravagância anual, embora o preço tenha inibido parte do público.
Ghila Evansky, 19, aguarda pacientemente em frente ao principal ponto de organização da Semana de Moda, no centro de Londres. A estudante, que veste um look clássico, prepara-se para mergulhar no turbilhão da moda contemporânea britânica.
O programa do dia de Ghila: desfile de Alexa Chung, exposição de jovens estilistas defensores do desenvolvimento sustentável e da diversidade, e debate entre personalidades da indústria.
Mas o que mais interessa a Ghila é o desfile. Ela gastou 275 euros no pacote VIP, que lhe garante um lugar na primeira fila. O preço inclui bebida, acesso a um salão privado e uma bolsa cheia de brindes. "Sempre quis fazer isto", diz, assinalando que admira Alexa Chung, "que trabalhava para a 'Vogue' e criou uma marca de roupas própria".
A Internet mudou tudo
Após estudar o assunto, a Semana de Moda de Londres decidiu abrir as portas ao público. Até 2 mil pessoas podem participar do evento, embora só tenham direito a assistir a uma determinada série de desfiles, que não inclui os principais, como as apresentações da Victoria Beckham ou Burberry.
"Estudávamos o assunto há várias temporadas", ampliar o público do evento, antes dedicado exclusivamente a profissionais do setor e celebridades", contou à AFP Stephanie Phair, presidente do British Fashion Council (BFC), que representa a indústria da moda britânica. "Na verdade, a internet mudou tudo."
Há anos, jornalistas e influenciadores transmitem ao vivo os desfiles, então "por que não deixar as pessoas participar e aproximá-las dos estilistas de quem compram as roupas"?, questionou Stephanie.
"As pessoas querem ter a experiência de presenciar um desfile, a magia que a moda provoca", comentou a executiva. Trata-se, também, "de ajudar as marcas a desenvolver o negócio a longo prazo".
Seis desfiles, de três estilistas, foram abertos ao público neste fim de semana: Alexa Chung; House of Holland, marca do britânico Henry Holland; e Self Portrait, cujos vestidos já foram usados por Kate Middleton e Meghan Markle. Outros estilistas se mostram abertos a este tipo de iniciativa, como Bora Aksu, turco instalado em Londres: "É uma forma de conhecer diretamente o consumidor, ter um comentário diferente", disse.
"No começo dos anos 2000, a moda era realmente isolada e, de certa forma, exclusiva, mas o mundo mudou", estimou Aksu, feliz em ver "a construção de vínculos entre a moda e o público".
Mas nem todos ficaram satisfeitos com a iniciativa do BFC. Kathy Fawcett, 56, moradora de Bristol, pensou em ir à exposição sobre "moda positiva", já que está "mais interessada na indústria da moda e em seu impacto no clima do que na própria moda". Mas já na entrada do evento, desistiu, por causa do preço: "Pelo menos 150 euros! Se querem mudar sua imagem elitista, têm que tornar o ingresso mais acessível", queixou-se.