São Paulo inicia análise de obras da escola peruana
O governo do estado adquiriu as pinturas nas décadas de 1960 e de 1970 para os palácios oficiais
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2012 às 21h00.
São Paulo - A principal coleção de arte da escola cusquenha (pintura colonial peruana) no Brasil, que pertence ao governo da capital paulista, é objeto de um processo de pesquisa que procura determinar a data e a procedência de cada uma de suas 66 pinturas.
O objetivo desta ''radiografia'' é esclarecer as dúvidas sobre a data e o local de produção das obras, já que nem todas são procedentes da cidade de Cuzco (Peru) e foram realizadas na época colonial, explicou à Agência Efe a curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios de Governo do Estado de São Paulo , Ana Cristina Carvalho.
''Já podemos estabelecer que, apesar das obras terem sido adquiridas como originais e terem essas características, algumas procedem de países vizinhos do Peru e outras foram produzidas para o mercado da arte entre as décadas 30 e 60'', comentou a curadora.
O governo do estado adquiriu as pinturas nas décadas de 1960 e de 1970 para os palácios oficiais em uma época em que a moda em decorações no país se baseava nos móveis e na arte colonial.
Os endinheirados colecionadores, os antiquários e as próprias autoridades fixaram então seu olhar nas pinturas da chamada escola cusquenha colonial, uma das manifestações mais originais da cultura latino-americana.
Original de Cuzco e produto da mestiçagem entre os séculos XVI e XVIII, este estilo é caracterizado pelas representações de passagens bíblicas em território americano e por misturá-las com motivos e rostos do imaginário indígena.
As 66 obras deste estilo que pertencem ao estado de São Paulo estavam em diferentes edifícios, principalmente no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, e no Palácio da Boa Vista, na cidade de Campos do Jordão.
As pinturas também foram agrupadas no Palácio dos Bandeirantes para a exposição ''Cusquenhos nas Coleções de Arte dos Palácios - Reflexões sobre o gosto nos anos 1960 e 1970'', que abriu suas portas no dia 20 de agosto e poderá ser apreciada até o dia 4 de novembro.
Por causa da exposição no Palácio dos Bandeirantes, o processo de pesquisa que envolve a coleção acabou virando notícia.
''Não se trata de estabelecer sua originalidade. Não queremos separar o falso do verdadeiro. Isso é um debate eterno. O que queremos é reclassificar e avaliar a coleção'', explicou Ana Cristina.
''A escola cusquenha teve influência em outras épocas e em outros países. Queremos ver o que foi feito nesses períodos diferentes, não só no colonial, e em diferentes países. Isso não vai desvalorizar as obras e nem a coleção. Ao contrário, quando descobrimos essas informações estaremos agregando'', completou.
A revisão foi iniciada há seis meses com uma visita de especialistas ao Peru para conhecer coleções similares, conversar com conhecedores, colecionadores e marchands de arte, além de buscar mais informações e dados sobre a escola cusquenha.
O processo, que possui um caráter multidisciplinar, conta com o apoio do consulado do Peru em São Paulo, o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e da historiadora Aracy Amaral.
Além da análise documental e histórica, o processo será complementado com modernas técnicas de análise de imagem, incluindo diagnóstico de UV (ultravioleta), infravermelho e radiografia.
Esses exames permitem datar as pinturas a partir da análise dos pigmentos e, principalmente, descobrir imagens escondidas.
A análise das primeiras obras mostrou que se tratava, de fato, de pinturas da época colonial procedentes do Peru. Uma das telas, inclusive, não só tinha essas características originais como também escondia outras figuras pintadas em três períodos diferentes.
''Era uma pintura original que ao longo do tempo acabou sendo retocada e ganhando novas cenas. Esse achado nos dá elementos para orientar o processo de restauração'', declarou a especialista.
O processo de revisão encontra-se no início e ainda não possui uma previsão para terminar, explicou a responsável pelo acervo artístico do estado de São Paulo, que conta com cerca de três mil peças, entre pinturas, esculturas, móveis, tapeçarias e porcelanas.
São Paulo - A principal coleção de arte da escola cusquenha (pintura colonial peruana) no Brasil, que pertence ao governo da capital paulista, é objeto de um processo de pesquisa que procura determinar a data e a procedência de cada uma de suas 66 pinturas.
O objetivo desta ''radiografia'' é esclarecer as dúvidas sobre a data e o local de produção das obras, já que nem todas são procedentes da cidade de Cuzco (Peru) e foram realizadas na época colonial, explicou à Agência Efe a curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios de Governo do Estado de São Paulo , Ana Cristina Carvalho.
''Já podemos estabelecer que, apesar das obras terem sido adquiridas como originais e terem essas características, algumas procedem de países vizinhos do Peru e outras foram produzidas para o mercado da arte entre as décadas 30 e 60'', comentou a curadora.
O governo do estado adquiriu as pinturas nas décadas de 1960 e de 1970 para os palácios oficiais em uma época em que a moda em decorações no país se baseava nos móveis e na arte colonial.
Os endinheirados colecionadores, os antiquários e as próprias autoridades fixaram então seu olhar nas pinturas da chamada escola cusquenha colonial, uma das manifestações mais originais da cultura latino-americana.
Original de Cuzco e produto da mestiçagem entre os séculos XVI e XVIII, este estilo é caracterizado pelas representações de passagens bíblicas em território americano e por misturá-las com motivos e rostos do imaginário indígena.
As 66 obras deste estilo que pertencem ao estado de São Paulo estavam em diferentes edifícios, principalmente no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, e no Palácio da Boa Vista, na cidade de Campos do Jordão.
As pinturas também foram agrupadas no Palácio dos Bandeirantes para a exposição ''Cusquenhos nas Coleções de Arte dos Palácios - Reflexões sobre o gosto nos anos 1960 e 1970'', que abriu suas portas no dia 20 de agosto e poderá ser apreciada até o dia 4 de novembro.
Por causa da exposição no Palácio dos Bandeirantes, o processo de pesquisa que envolve a coleção acabou virando notícia.
''Não se trata de estabelecer sua originalidade. Não queremos separar o falso do verdadeiro. Isso é um debate eterno. O que queremos é reclassificar e avaliar a coleção'', explicou Ana Cristina.
''A escola cusquenha teve influência em outras épocas e em outros países. Queremos ver o que foi feito nesses períodos diferentes, não só no colonial, e em diferentes países. Isso não vai desvalorizar as obras e nem a coleção. Ao contrário, quando descobrimos essas informações estaremos agregando'', completou.
A revisão foi iniciada há seis meses com uma visita de especialistas ao Peru para conhecer coleções similares, conversar com conhecedores, colecionadores e marchands de arte, além de buscar mais informações e dados sobre a escola cusquenha.
O processo, que possui um caráter multidisciplinar, conta com o apoio do consulado do Peru em São Paulo, o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e da historiadora Aracy Amaral.
Além da análise documental e histórica, o processo será complementado com modernas técnicas de análise de imagem, incluindo diagnóstico de UV (ultravioleta), infravermelho e radiografia.
Esses exames permitem datar as pinturas a partir da análise dos pigmentos e, principalmente, descobrir imagens escondidas.
A análise das primeiras obras mostrou que se tratava, de fato, de pinturas da época colonial procedentes do Peru. Uma das telas, inclusive, não só tinha essas características originais como também escondia outras figuras pintadas em três períodos diferentes.
''Era uma pintura original que ao longo do tempo acabou sendo retocada e ganhando novas cenas. Esse achado nos dá elementos para orientar o processo de restauração'', declarou a especialista.
O processo de revisão encontra-se no início e ainda não possui uma previsão para terminar, explicou a responsável pelo acervo artístico do estado de São Paulo, que conta com cerca de três mil peças, entre pinturas, esculturas, móveis, tapeçarias e porcelanas.