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Ricardo Almeida: “a moda reflete o comportamento”

O alfaiate mais incensado do Brasil conta por que trocou a silhueta slim por peças mais amplas e prega o equilíbrio na hora de se vestir

Ricardo Almeida: nem slim, nem oversized (Ricardo Almeida/Divulgação)

Ivan Padilla

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 07h00.

Não tem como dissociar a alfaiataria brasileira de Ricardo Almeida. Na profissão desde 1974, o estilista sempre esteve na vanguarda da moda nacional , vestindo publicitários e arquitetos com peças arrojadas com informação. Mas foi nas últimas duas décadas que ele ganhou projeção, ao tornar-se referência para políticos e empresários.

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Nesses últimos anos, o estilo de Ricardo Almeida era bastante claro: paletós mais curtos ajustados na cintura, alguns com apenas um botão, lapela fina, calças com a barra curta, cintura baixa e ajustadas na perna. Costume não é para estiloso, não para ficar confortável, costuma dizer.

Por isso a surpresa para quem esteve encomendando seu costume em algumas das 20 lojas da marca. A recomendação agora é a de soltar as peças, com calças mais largas e paletós soltos, seguindo tendência vista nas últimas semanas internacionais de moda masculina. Na linha casual, ganhou destaque a linha Homemeeting, um casual chique com peças de malha desconstruídas, elegantes o bastante para uma reunião confortáveis o suficiente para o home office.

Almeida conta a seguir os novos caminhos da sua marca, mas faz o alerta: apesar do caminho que ele e outros estilistas apontam, não existem mais regras para o guarda-roupa masculino.

 

Por que diversos estilistas e alfaiates, entre eles você, estão optando por peças mais largas? Moda é comportamento. Com a pandemia, as pessoas estão mais em casa e preferem mais conforto, não querem mais uma roupa tão justa. Até um tempo atrás os homens estavam mais na academia, malhando, querendo um corpo mais forte, mais sarado, e por isso preferiam roupas mais justas, que refletissem esse estilo de vida. Hoje já não há tanto essa ditadura do físico.

Qual será o limite para as roupas mais largas? Você vê o desfile da Zegna, por exemplo. É tudo muito correto, peças muito bonitas, mas largas demais, isso não condiz com o que as pessoas encontram na loja. Ao mesmo tempo você vê esses conjuntos de jovens coreanos, uma molecada usando roupas justas. Então não dá pra fechar portas, o negócio é não radicalizar, abrir caminhos, sempre com cuidado, sem excluir ninguém. Regras são feitas para serem quebradas. É preciso ser flexível, enxergar as coisas de outras maneiras, estar aberto para um diálogo. As pessoas têm de se vestir como se sentirem melhor, sem bullying.

Para a Ricardo Almeida, qual será o limite no tamanho das roupas? É bom reforçar que não estamos no oversized, aqueles tamanhos exagerados, quem sabe a gente nem chegue lá. Estamos com modelagens mais amplas mas sem exagero. Para quem quer algo muito largo, a nossa recomendação é que compre uma peça um, dois ou três tamanhos maiores. Não adianta adotarmos uma modelagem muito grande e perdermos a venda para quem gosta de algo mais dentro do padrão. Em termos de mercado precisamos pensar nesse equilíbrio.

Você vê outras tendências na moda? As grifes já vinham se arriscando mais em peças mais largas, e a pandemia acelerou isso. Isso deve ficar por um tempo. Para nós, marcas, uma tendência é a procura por espaços mais abertos, lojas de rua, e estamos indo nessa direção, não ficando presos só a shopping centers.

Como seus clientes estão vendo essa mudança da Ricardo Almeida? Estamos tendo boa aceitação. As pessoas estão gostando dessa nova estética, quem usava justo está experimentando, quem gostava de uma camiseta mais sequinha, mais justinha, agora está mais relax. A linha Homemeeting é um sucesso, não estamos conseguindo abastecer as lojas, as vendas surpreenderam.

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