Joe Rogan: entrevistador vem usando seu podcast para dar espaço aos antivacinas. (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 15h38.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2022 às 16h23.
O apresentador americano Joe Rogan, cujos populares podcasts no Spotify causaram críticas e deserções da plataforma, sob acusações de espalhar desinformação, fascina tanto quanto perturba com seu estilo combativo e provocativo.
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Rogan, de 54 anos, tem milhões de fãs que apreciam sua franqueza, suas ideias iconoclastas e os convidados heterogêneos de seus programas.
Mas seus detratores são numerosos, começando com a lenda do folk-rock Neil Young e a cantora Joni Mitchell, que tiraram suas músicas do Spotify para expressar seu desacordo com o podcast de Rogan.
Ambos os artistas o acusaram de divulgar informações falsas sobre a covid-19. Por sua vez, a cantora India Arie enfatizou as declarações "problemáticas" do apresentador sobre "a questão racial".
Seu programa The Joe Rogan Experience, transmitido exclusivamente no Spotify desde 2020 após um acordo de US$ 100 milhões, atrai uma média de 11 milhões de ouvintes por episódio.
Nele, o animador, muitas vezes com um copo de uísque na mão, conversa informalmente por 2 ou 3 horas com um convidado sobre temas tão variados quanto discos voadores, drogas psicodélicas, carne vermelha ou fitness, escorregando em palavrões aqui e ali, como durante uma conversa entre amigos.
Rogan já era conhecido quando iniciou seu programa em 2009, por sua carreira como comediante, protagonista de séries de televisão, apresentador do reality show Fear Factor e comentarista de combate de artes marciais.
Personalidades de todas as esferas da vida pública se apresentaram na frente de seu microfone. Em 12 anos, recebeu quase mil convidados — 88% homens, segundo o site JRELibrary —, entre eles o fundador da Tesla, Elon Musk, que fumava um baseado no set; Edward Snowden, o ex-analista da NSA que divulgou documentos secretos sobre os programas de espionagem dos EUA; ou o cineasta Oliver Stone.
Rogan também deu voz aos céticos das mudanças climáticas, ao teórico da conspiração Alex Jones e, desde o início da pandemia, a figuras do movimento antivacina. O último lhe rendeu o título de "megafone de mentiras de extrema direita" no site progressista Media Matters for America
Ele nega ser um ideólogo ou mesmo votar pela direita. Politicamente, esse ateu e defensor do casamento gay, da descriminalização das drogas leves e das armas de fogo, se identifica como um libertário e considerou apoiar o senador Bernie Sanders durante a última primária democrata.
"Estou apenas querendo discutir com pessoas que têm opiniões diferentes. Não estou interessado em conversar com pessoas que têm a mesma perspectiva", disse ele em um vídeo postado no Instagram após as críticas de Neil Young.
Ainda assim, talvez reconhecendo algumas das críticas que recebe, ele prometeu tentar "equilibrar melhor as opiniões controversas" em seu programa e disse que concorda com o anúncio do Spotify de adicionar links, nos podcasts sobre covid, para informações factuais e com base científicas.