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Por que "La La Land" virou o queridinho do público e da crítica?

Longa dirigido por Damien Chazelle conquistou a crítica e se igualou a Titanic (1997) e A Malvada (1950) como filmes com recorde de indicações ao Oscar 2017

La La Land: o musical recebeu 14 indicações ao Oscar 2017 (Reprodução)

La La Land: o musical recebeu 14 indicações ao Oscar 2017 (Reprodução)

Fernando Pivetti

Fernando Pivetti

Publicado em 26 de fevereiro de 2017 às 08h40.

Última atualização em 3 de março de 2017 às 11h13.

São Paulo - Todo mundo já sabe que o musical “La La Land - Cantando Estações” é o grande favorito para as premiações do Oscar 2017, que acontece neste domingo. O longa, dirigido por Damien Chazelle, se igualou a filmes como "Titanic" (1997) e "A Malvada" (1950) e concorre a 14 indicações.

Mas o que faz “La La Land” ser um filme de tamanho sucesso? A maioria da crítica não poupou elogios em seus diversos aspectos, tanto técnicos quanto artísticos. Segundo o Francisco Russo, editor-chefe do portal  Adoro Cinema, site especializado no assunto, o longa conquistou a crítica por ser extremamente bem-feito.

“A história pode até ser simples e clássica. Mas o grande diferencial é o modo como ela foi dirigida. A fotografia do filme é excelente, a trilha sonora é alegre, e o conjunto da história com a trilha tornou-se um elemento positivo pela função narrativa que ele desempenhou”, disse.

O editor do Adoro Cinema afirma que a parte técnica do filme se sobressai em relação à história. “No quesito humano, o filme é inusitado, não apenas por ser um musical, mas pela técnica dentro das cenas, o que ajuda a provocar uma comoção ainda que a história não tenha grandes elementos”.

Russo destaca, por exemplo, a cena de abertura do filme como o grande exemplo do sucesso de produção do longa. “Nessa cena, temos um plano sequência (cena que registra uma série de ações sem cortes) muito intenso, que ressaltou a fotografia e o trabalho de edição da equipe”.

Já para Éfrem Pedroza, professor da Especialização em Cinema do Centro Universitário FIAM-FAAM, o filme ganhou a crítica com um elemento-chave: a história em homenagem à arte e a Hollywood. “É difícil um filme que fala sobre esses assuntos não aparecer como favorito ao Oscar”.

Musical inovador

Além da parte técnica, que para a maioria pode passar batida, o editor-chefe do Adoro Cinema afirma que a história clichê retratada no longa ajuda a aproximar o público da obra.

“Não é um tipo de musical em que as pessoas cantam o tempo inteiro. As canções são pontuadas e o filme é falado, o que evita um afastamento do público”, afirma Russo.

Outro ponto positivo que ele aborda é a seleção dos atores para o filme, cuja participação de Emma Stone e Ryan Gosling contribui para a publicidade do longa.

“A Emma acabou de fazer o filme do Homem-Aranha e está com a popularidade em alta. O Ryan também está muito bem no filme e contribuiu para o astral da história”, disse Russo.

Pedroza também defende a seleção de atores como ponto positivo para o longa. “Chazelle apostou bastante na química entre os protagonistas e foi atrás de atores “queridinhos” do cinema. Vale destacar que Emma e Gosling já trabalharam juntos anteriormente, no filme “Amor a Toda Prova” (2011)”.

Vítima da própria fama

Mesmo com o grande sucesso, há que tenha saído da sala de cinema decepcionado com o filme e com aquela sensação de que “podia ser melhor”. Para Russo, parte desse sentimento é o efeito negativo da própria fama construída ao redor de “La La Land”.

“As críticas estrangeiras foram todas muito boas e o filme ainda não tinha sido lançado no Brasil. Isso contribuiu para que a expectativa do público subisse muito, e tornou o filme uma vítima do próprio sucesso”, afirmou o editor do Adoro Cinema.

Ele ainda ressalta que o filme não é perfeito e, para aqueles que depositaram uma expectativa de excelência absurda, “La La Land” pode desapontar.“Musicais têm suas restrições porque nem todo mundo gosta. E, nesse caso, se formos comparar com filmes ditos “perfeitos”, como “Cantando na Chuva” (1952), “La La Land” tende a ser considerado um filme pior”.

Outro ponto de crítica é o fraco desempenho dos protagonistas no quesito musical. Gosling decepcionou algumas pessoas por não ser aquele cantor excepcional que as pessoas esperam em todo filme musical. Mas, segundo Russo, a proposta do filme era justamente colocar duas pessoas normais, sem grandes talentos para a música, para cantar. “Esse elemento faz parte do personagem, a ideia é exatamente que as músicas não fossem perfeitas”.

Com músicas perfeitas ou não, “La La Land” chegará ao tapete vermelho como a estrela da noite neste domingo. A grande dúvida vai ser se esse sucesso todo vai conseguir vencer a barreira do tempo e torná-lo um grande sucesso da história do cinema mundial, ou se o filme cairá no esquecimento do público como muitas outras produções.

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