Casual

Por que alguém gastaria US$ 558.000 em uma garrafa de vinho?

Um colecionador particular asiático ofereceu US$ 558.000 por uma única garrafa de Romanée-Conti de 1945 em um leilão da Sotheby’s no sábado passado em NY

Garrafa de Romanée-Conti de 1945 (Sotheby's/Divulgação)

Garrafa de Romanée-Conti de 1945 (Sotheby's/Divulgação)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 05h00.

Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 05h00.

Quando um colecionador particular asiático ofereceu US$ 558.000 por uma única garrafa de Romanée-Conti de 1945 em um leilão da Sotheby’s no sábado passado em Nova York, um recorde mundial foi quebrado. Não foi apenas o preço mais alto já alcançado por uma garrafa de 750 ml de vinho da Borgonha, mas também o mais alto alcançado por uma garrafa de vinho em qualquer leilão.

Momentos depois, um segundo colecionador particular, dos EUA, pagou US$ 496.000 por outra garrafa do mesmo vinho, e isso também bateu todos os recordes anteriores, exceto o que acabara de ser batido.

O que levanta a questão: por que alguém pagaria meio milhão de dólares por uma garrafa de vinho?

Afinal, dá para comprar muitas caixas de vinhos excelentes - inclusive da Borgonha - pelo mesmo preço, que equivale a cerca de US$ 100.000 por taça. (O mercado de vinhos on-line Liv-ex aponta que 133 garrafas de Château Pétrus de 2010, um apartamento de um quarto em Londres ou 400 onças de ouro custariam a mesma quantia.)

Bem, o Romanée-Conti de 1945 é uma garrafa muito, muito especial, a mais rara das raras. Aqui está o porquê.

Vinhedo lendário

Todos os vinhos do Domaine de la Romanée-Conti, na encantadora e tranquila cidade de Vosne-Romanée, são famosos e requisitados. Uma mística envolve o domaine, que é conhecido pelo apelido DRC. Cultivadas de modo biodinâmico, seus vinhedos de grand cru são meticulosamente cuidados, e as uvas são tratadas individualmente.

Mas, de seus lendários vinhos, sete tintos e um branco, aqueles do pequeno vinhedo Romanée-Conti de 1,8 hectare são absolutamente emblemáticos, o epítome do vinho da Borgonha de alta qualidade. O falecido crítico de alimentos Richard Olney certa vez chamou esse terreno de "perfeição atemporal". Há vários anos, um extorsionário ameaçou envenenar as videiras, a menos que o domaine lhe pagasse um resgate de 1 milhão de euros. (Ele foi pego.) O vinho de 2015, que provei no começo deste ano, tem aromas incrivelmente complexos, camadas apetitosas de sabores de terra e especiarias e uma textura sedosa que cativa o paladar.

Safra ‘unicórnio’

A safra de 1945 é lendária, praticamente um "vinho unicórnio" inatingível. O ano foi quente em geral, os vinhos ficaram superconcentrados e, por causa do granizo e da geada, a produção foi pequena. Apenas 600 garrafas de Romanée-Conti foram feitas e, atualmente, poucas restam. Não existe uma oportunidade normal para obtê-lo.

Jamie Ritchie, diretor mundial de vinhos da Sotheby’s, disse em uma entrevista por telefone: "Se você quiser beber a garrafa de vinho mais especial do mundo, é esta." Embora tenha experimentado a maioria dos melhores vinhos do mundo, Ritchie admite que nunca provou o 1945. (Nem eu, mas ficaria contente se fosse convidada para um gole em qualquer lugar.)

Potencial de lucro

Ritchie supõe que os dois compradores, que ele descreve como amantes fervorosos dos vinhos da Borgonha, vão consumir os vinhos, em vez de revendê-los para obter lucro.

A escassez extrema e a atual sede mundial de vinhos da Borgonha, especialmente do DRC, fazem com que eles sejam investimentos bastante sólidos, embora não haja garantia de que outros colecionadores estariam dispostos a pagar tanto por eles.

Acompanhe tudo sobre:BebidasDinheiroVinhos

Mais de Casual

Sexy repaginado: Calendário Pirelli traz nudez de volta às páginas — e dessa vez, não só a feminina

12 restaurantes que inauguraram em 2024 em São Paulo

João Fonseca bate Van Assche e vai à final do Next Gen Finals

Guia de verão no Rio: dicas de passeios, praias, bares e novidades da estação