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Parte de obra chinesa desaparece na Bienal de Curitiba

A escultura, um livro aberto de quase 3 metros de comprimento com um macaco no centro, estava exposta na parte externa do Museu Oscar Niemeyer

MON: na manhã do dia 13 de fevereiro, a produção foi informada pelo museu de que o macaco havia desaparecido (Morio/Wikimedia Commons)

MON: na manhã do dia 13 de fevereiro, a produção foi informada pelo museu de que o macaco havia desaparecido (Morio/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 15h54.

Parte de uma obra do artista chinês Liu Ruowang exposta na Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba, montada na área externa do Museu Oscar Niemeyer (MON), desapareceu.

O caso só foi divulgado na tarde deste domingo, 18, porque, segundo o museu, foi necessário antes realizar um boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial de Curitiba, registrado pelo presidente da Bienal, Luiz Ernesto Meyer Pereira.

A escultura, um livro aberto de quase três metros de comprimento com um macaco no centro, estava exposta na parte externa do MON desde a abertura da Bienal, no dia 30 de setembro de 2017. Na manhã do dia 13 de fevereiro, a produção foi informada pelo museu de que o macaco havia desaparecido.

Poucos dias antes da notificação do desaparecimento, no dia 5 de fevereiro, o deputado estadual do Paraná Ricardo Arruda (PEN) publicou em sua página no Facebook um vídeo criticando a obra. Ele se mostra bastante incomodado e levanta questões:

"Não será uma inversão de valores, contrariando a teoria de que quem criou o mundo e nos deu a vida foi Deus? Colocando um macaco em cima da Bíblia não seria um desrespeito a quem é cristão?". Ele pede a opinião de seus seguidores e divulga um número de WhatsApp. O museu afirma que todas as medidas de investigação estão sendo tomadas para descobrir quem retirou o macaco da obra.

Ao jornal O Estado de São Paulo, o presidente da Bienal, Luiz Ernesto Meyer Pereira, respondeu sobre o caso: O senhor acredita que o desaparecimento de parte da obra pode ter envolvimento de alguma forma com as manifestações do deputado Ricardo Arruda? "É a primeira vez nos 25 anos de história da Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba que ocorre algo semelhante. Este acontecimento causou muita tristeza entre todos os organizadores... Não descarto a possibilidade de que um fanático religioso tenha praticado este ato criminoso. Seguramente não foi a intenção do deputado, que tem mais de 70 mil seguidores nas redes sociais. Neste momento, a Bienal não pode fazer nenhuma acusação."

Ele diz que nesta semana conseguirá junto ao museu as imagens do sistema de segurança. "Por recomendação da segurança do museu, o local inicial escolhido pelo curador da obra foi alterado para que estivesse dentro um raio de abrangência das câmeras.

A Bienal já solicitou cópia das imagens registradas nas câmeras de segurança e teremos acesso a este material na próxima semana."

O deputado respondeu em sua página do Facebook sobre o caso: "Afirmo categoricamente que não acredito em uma relação entre os fatos (seu discurso e o sumiço da peça), que trata-se apenas de uma coincidência e que não apoio ou incentivo nenhum tipo de vandalismo." E conclui: "Meu trabalho prima pelo resgate e proteção aos valores do povo cristão".

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