Indonésia: artesãs rurais são capacitadas sobre empreendedorismo e gestão ambiental para conseguir aumentar a renda. (Sébastien Agnetti/Rolex/Divulgação)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 15h20.
Quando deixou a Indonésia para estudar economia do desenvolvimento na Holanda, Denica Riadini-Flesch sentiu-se culpada, pois sabia que essa não era uma oportunidade para a maioria das mulheres de seu país. Pouco tempo depois, ela voltou para sua terra natal com uma missão: transformar a indústria têxtil de forma a beneficiar todas as partes envolvidas.
A Indonésia é um dos maiores fabricantes de vestuário do mundo, mas menos de 2% dos trabalhadores (a maioria mulheres) ganham um salário que permite comprar itens básicos para o dia a dia, segundo dados oficiais.
Foi com essa realidade e esse sonho que ela criou, em 2016, a SukkhaCitta, uma empresa social de abordagem regenerativa (farm-to-closet) que vende roupas de confecção tradicional e de alta qualidade tanto em seu site quanto por meio de diversos varejistas. Desse modo, as artesãs prosperam e ficam conectadas ao mercado global. Essa iniciativa agora deve crescer ainda mais com os 200.000 francos suíços (algo em torno de 1,14 milhão de reais) que Denica receberá por estar entre os cinco laureados dos Prêmios Rolex de Empreendedorismo 2023.
Além do dinheiro, a Rolex garante acesso a uma rede de ex-laureados, campanha internacional para a divulgação do projeto e um relógio da marca. “O prêmio vai nos permitir ampliar nosso modelo pelas escolas, e digitalizar nosso programa para alcançar mais mulheres em toda a Indonésia”, comemora.
Os Prêmios Rolex de Empreendedorismo foram criados em 1976 para marcar o 50o aniversário do primeiro relógio de pulso impermeável do mundo, o Oyster. Por meio do programa, a empresa apoia empreendedores com projetos inovadores que aprimoram conhecimentos sobre o mundo, protegem o meio ambiente, ajudam a preservar hábitats e espécies e melhoram o bem-estar das pessoas. Para a seleção, contam com um júri formado por dez dos mais respeitados profissionais em suas respectivas áreas. Todas as inscrições são analisadas por pesquisadores, e as melhores chegam a esse júri seleto.
Os 160 homens e mulheres que já foram selecionados como laureados dos Prêmios Rolex representam uma ampla gama de pioneiros em todo o mundo. Esse grupo inclui arqueólogos, arquitetos, educadores, engenheiros, empresários, exploradores, cineastas, geólogos, médicos, microbiologistas, montanhistas, físicos, primatologistas, sociólogos, veterinários e biólogos da vida selvagem.
Entre os premiados deste ano está o biólogo peruano Constantino Aucca Chutas. Em 2000, ele fundou a Asociación Ecosistemas Andinos (Ecoan) para proteger os ameaçados ecossistemas andinos do Peru em parceria com as comunidades e autoridades locais.
Em 22 anos, a organização plantou 4,5 milhões de árvores nativas, mobilizou mais de 60 comunidades e criou 16 áreas protegidas nos Andes peruanos. Chutas espera com o prêmio dar voz a seu esforço em proteger o meio ambiente. “Poderemos continuar compartilhando nosso trabalho com pessoas em todo o mundo, inspirando-as a agir também”, diz.
Conheça os vencedores desta edição
Constantino Aucca Chutas
Fundou a Asociación Ecosistemas Andinos (Ecoan) em 2000 e foi cofundador da Acción Andina em 2018; plantou 4,5 milhões de árvores, mobilizou mais de 60 comunidades locais e criou 16 áreas protegidas nas montanhas do Peru e de outros países dos Altos Andes.
Beth Koigi
A jovem empreendedora social queniana fornecerá geradores movidos a energia solar que captam a água presente no ar. Esses aparelhos vão beneficiar 3.000 pessoas em dez comunidades que necessitam de recursos de água potável. Desde que cofundou sua startup, em 2017, os geradores de água atmosférica criados por Koigi produziram mais de 200.000 litros de água potável por mês para mais de 1.900 pessoas.
Inza Koné
O primatologista protegerá uma floresta com biodiversidade abundante na Costa do Marfim, bem como sua fauna ameaçada, ao mesmo tempo que reduzirá a pobreza na região. Após anos trabalhando com os habitantes da área, a dedicação de Koné obteve excelentes resultados: em 2021, a Floresta Tanoé-Ehy foi transformada em uma reserva natural administrada pela comunidade local.
Denica Riadini-Flesch
Após uma carreira acadêmica de sucesso como economista, Riadini-Flesch fundou a SukkhaCitta, que trabalha com artesãs rurais na Indonésia para capacitá-las com habilidades empresariais, fornecer educação em gestão ambiental e ampliar sua clientela em 32 países.
Liu Shaochuang
Com base em sua experiência científica, e tendo desempenhado papel fundamental no desenvolvimento dos rovers chineses enviados para a Lua e para Marte, Liu Shaochuang rastreará camelos selvagens por satélite nas regiões do Deserto de Gobi, na China e na Mongólia, a fim de contribuir para a proteção futura dessa espécie.