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Oscar tenta revolucionar em busca de uma nova audiência

Academia já recebe fortes críticas com redução do tempo da premiação e a não transmissão da entrega para 4 categorias

Oscar: Pela primeira vez em 30 anos, premiação não terá um apresentador (Mario Anzuoni/Reuters)
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AFP

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 17h35.

De dispensar um anfitrião a entregar as estatuetas de categorias importantes durante os comerciais, passando por uma ideia abortada de premiar o "filme mais popular": os organizadores do Oscar lutam para manter a importância e a audiência do prêmio mais famoso do cinema em meio a controvérsias intermináveis.

A pouco mais de uma semana da cerimônia, em 24 de fevereiro, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos combate a última polêmica: a entrega de quatro prêmios - fotografia, edição, curta-metragem e maquiagem - fora do ar. A decisão já foi classificada por membros da indústria como "estúpida" e "desrespeitosa".

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O presidente da Academia, John Bailey, informou aos membros sobre o plano nesta semana, a fim de cumprir a promessa de fazer um programa de três horas, uma a menos que nas edições anteriores.

Mais de 40 reconhecidos diretores e diretores de fotografia, inclusive Quentin Tarantino e Spike Lee, assinaram uma carta de protesto.

"Relegar essas funções cinematográficas essenciais a um status menor para esta 91ª edição dos prêmios da Academia não é nada menos que um insulto aqueles que dedicamos nossas vidas e paixão a estas profissões", indicou a carta aberta.

Alfonso Cuarón, cujo filme "Roma" tem 10 indicações, inclusive de melhor fotografia, que ele assina, disse que a medida marginaliza agentes fundamentais da sétima arte.

"Na história do CINEMA foram feitas obras-primas sem som, sem cor, sem história, sem atores e sem música. Não existe nenhum filme sem CINEMAtografia [fotografia, em espanhol] e sem edição", escreveu Cuarón no Twitter.

Lee, cujo filme "Infiltrado na Klan" concorre em seis categorias, inclusive melhor direção, também expressou suas críticas.

"Como diretor, sem meu diretor de fotografia, editor, maquiador e estilista, não há película", disse, sugerindo que a produção da cerimônia deveria "se desfazer de números musicais" para cumprir a meta das três horas.

Em uma carta enviada a seus membros, a Academia esclareceu sua decisão nesta quarta, garantindo que embora os quatro prêmios não sejam entregues na transmissão de televisão, poderiam ser vistos ao vivo pela internet e que os discursos dos vencedores seriam apresentados logo após o programa.

Bailey também disse que as mudanças foram aprovados pela Junta de Governadores da Academia.

Único culpado

Esta nova crise acontece após a cerimônia ficar sem apresentador pela primeira vez em 30 anos.

O comediante Kevin Hart decidiu abandonar o papel de mestre de cerimônias, após ser alvo de críticas por tuítes homofóbicos de alguns anos atrás.

Pouco antes, a Academia tinha causado revolta com a criação de uma nova categoria de Oscar para premiar filmes "populares", uma decisão que foi vista como uma isca para aumentar as audiências.

A medida foi abortada após as duras críticas.

Especialistas da indústria concordam que a Academia é a única culpada por sua gestão ruim de escândalos recentes, justamente quando a organização pensou que tinha superado a tormenta dos #OscarSoWhite (#OscarTãoBranco).

"Eles não transmitem a mensagem dessas mudanças que estão tentando fazer de forma apropriada", disse à AFP Anne Thompson, editora do blog de cinema IndieWire.

"Na realidade, não parecem entender como funcionam as relações públicas atualmente, são uma grande corporação que deveria saber como lidar com essas coisas".

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