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O relógio fabricado em Hong Kong por um brasileiro. Conheça a marca Roue

Marca independente produz cronógrafos com inspiração no mundo das corridas de carros e já está em mais de 60 países

Relógio Roue: cronógrafos vendidos a R$ 3.000 (Roue/Divulgação)
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 2 de novembro de 2023 às 07h00.

Quem acompanha o mundo da relojoaria provavelmente tem sido impactado de uns tempos para cá por uma marca chamada Roue, roda em francês. São relógios com inspiração no universo automobilístico, muitos deles cronógrafos, com um design que remete aos modelos dos anos 1960. São fabricados em Hong Kong. E por um brasileiro.

A coleção mais recente, chamada TPS, é uma homenagem ao Porsche 910, vencedor da prova de 1.000 quilômetros de Nürburgring em 1967, com símbolo estampado no caseback. São oito versões, limitadas a 1.000 peças numeradas individualmente.

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Os cronógrafos vêm em cores variadas de mostrador e ponteiros, com pulseiras de silicone e de couro com furos, um clássico dos relógios feitos para as corridas, em homenagem ao volante dos carros. Com tamanho mediano, tem caixa com 40 milímetros. O movimento é a quartzo, da Seiko.

Do mercado financeiro para o mundo dos relógios

“Todo mundo pergunta por que não fazemos movimento mecânico. A resposta simples é que sairia muito caro”, explica Alexandre Iervolino, o criador da marca “Para um relógio que não é cronógrafo não seria tão difícil. Mas um crono mecânico é mais complexo.” O preço do TPS é 3.000 reais.

Alexandre Iervolino vem do mercado financeiro. Ele trabalhou por mais de 20 anos na Cargill, até que o setor em que atuava foi fechado, em 2015. O executivo então se viu obrigado a tomar um novo rumo. De preferência algo que tivesse uma paixão envolvida.

“Nunca fui colecionador, mas sempre gostei muito de relógios”, diz Alexandre. Seu pai era um apaixonado por carros antigos. Quando morou em Nova York, por seis anos, Alexandre conheceu o dono da marca de relojoaria Braun, de estilo minimalista. Para a nova empreitada, resolveu então juntar seus gostos e habilidades: experiência internacional, relógios, automóveis vintage.

Cronógrafo da marca: movimento a quartzo da Seiko (Roue/Divulgação)

Fábrica em Hong Kong

Em 2015, quando Alexandre ficou desempregado, muitas marcas independentes de relógio estavam surgindo. Ele foi então visitar a antiga feira de Basel, na Suíça, para conhecer o pavilhão das pequenas manufaturas chinesas. “Fiz contatos por lá e acabei indo para Hong Kong, onde muitos escritórios estavam sediados”, conta.

Alexandre constituiu lá a empresa e lançou a marca em 2017, com uma primeira coleção. A maior parte dos componentes vem da China e as pulseiras são italianas. “O legal é que, com e-commerce, você consegue tornar global mesmo uma pequena marca”, diz. Hoje ele vende no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Austrália. No total são mais de 60 países.

As campanhas de venda são todas online, principalmente Instagram, Facebook e Google. Em 2019 ele lançou a nova coleção de cronógrafos. Segundo ele, tem sido um sucesso. “O carro antigo, dos anos 1960, tem sido cultuado como objeto de design. Gosto de juntar essas referências com o modernismo.”

A marca no Brasil

A presença no Brasil cresceu com a parceria de Henrique Mendonça, que também veio do mercado financeiro. Hoje ele tem uma loja de carros clássicos chamada O Acervo, no bairro dos Jardins em São Paulo. Alexandre abriu uma importadora e, no ano passado, montou um espaço da Roue na loja, onde os clientes podem ver as peças antes de comprar.

“As pessoas ficam curiosas com uma marca brasileira, que no fim nem é, porque foi lançada em Hong Kong”, diz Alexandre. Com o suporte de Mendonça, ele conta aqui com uma estrutura maior do que na operação internacional, em que cuida de tudo sozinho, do design das peças ao contato com fornecedores, marketing e distribuição, com equipes terceirizadas.

Por ano, são vendidos entre 2.000 e 3.000 relógios. O plano é crescer, claro, mas manter a Roue como uma micro brand, uma marca independente com tiram limitada. “É uma tendência de mercado e uma opção a mais para quem gosta de relojoaria, com um design único”, diz Alexandre.

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