Riachuelo LAB: plataforma dedicada à curadoria e ao incentivo de talentos em moda, arte e cultura (Riachuelo/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 16h03.
Última atualização em 10 de dezembro de 2025 às 16h09.
Para além de novos pontos de venda pelo país, a Riachuelo pretende investir em saberes manuais como renda de bilro, bordado em crivo rústico, ponto-cruz e labirinto, com o lançamento do Riachuelo LAB, plataforma dedicada à curadoria e ao incentivo de talentos em moda, arte e cultura.
Com quase 80 anos de história, a Riachuelo tem se consolidado como a maior empregadora do setor no país e abriga o maior polo fabril da América Latina. Cathyelle Schroeder, CMO da Riachuelo, explica que o LAB busca ser um ponto de encontro entre a arte, a moda e a cultura, promovendo uma reflexão mais profunda sobre a criatividade como motor de transformação. Para ela, investir em diversidade e inovação não é apenas um diferencial competitivo, mas também uma forma de manter a relevância cultural da marca.
"O Riachuelo LAB funciona também como uma incubadora de inovação. O nosso objetivo final como marca é democratizar a moda, e isso inclui democratizar o acesso ao "feito à mão" e ao design autoral. Sabemos que o desafio de escalar o artesanato dentro de uma cadeia de grande varejo é imenso, pois precisamos respeitar o tempo do fazer manual e a capacidade produtiva dos artesãos", diz Schroeder.
O primeiro projeto do Riachuelo LAB, batizado de "Mãos da Moda", exemplifica essa proposta. Criado em parceria com a marca Nordestesse, o Mãos da Moda pretende fortalecer e preservar os saberes manuais tradicionais do Brasil. O projeto promove um intercâmbio entre estilistas e grupos artesanais, com a intenção de expandir o valor agregado dos produtos e preservar os conhecimentos ancestrais. Inicialmente focado em dois estados, Bahia e Paraíba, o Mãos da Moda vai se expandir para o Rio Grande do Norte em 2026, com planos de envolver gradualmente outros estados.
Daniela Falcão, fundadora da Nordestesse, destaca que o projeto surgiu para preencher a lacuna existente entre as marcas de moda autoral e os grupos artesanais, muitas vezes desconectados pela falta de acesso e suporte.
Riachuelo Lab: valorização dos saberes manuais brasileiros (Riachuelo/Divulgação)
"Tanto a Bahia quanto a Paraíba têm um grande número de marcas de moda autoral e uma carência de políticas públicas para o setor — são marcas que trabalham muito bem com alfaiataria, mas que talvez justamente por essa carência de programas de fomento não se conecte com a riqueza do artesanato local. Então o Mãos da Moda entra como uma luva porque além de apoiar as marcas financeiramente e com programas de treinamento em branding, comunicação digital e estratégias comerciais, vai conectá-las com grupos artesanais das áreas têxteis para tornar aumentar o valor do produto agregado final", diz.
O Mãos da Moda visa oferecer recursos financeiro e mentorias nas áreas de branding, comunicação digital e estratégias comerciais, permitindo que as marcas se conectem com os artesãos locais e valorizem seus produtos.
A metodologia de seleção para o projeto incluiu uma chamada pública para marcas de moda autoral, resultando em mais de 40 inscrições de projetos nas duas regiões. Seis marcas da Bahia e duas da Paraíba foram selecionadas para participar da iniciativa, recebendo um aporte financeiro de R$ 18.000 para a marca e R$ 12.000 para o grupo artesanal associado, além de mentorias especializadas. Os produtos criados serão apresentados no Dragão Fashion Brasil, a maior semana de moda do Nordeste, em junho de 2026, após um período de seis meses de desenvolvimento das coleções.
A conexão entre o Riachuelo LAB e os artesãos vai além do apoio financeiro. Para a marca, o grande diferencial está na construção de pontes, permitindo que grupos artesanais se conectem a um ecossistema mais amplo da indústria têxtil, com acesso a fornecedores e novos mercados. "Não queremos absorver as narrativas dessas marcas, mas amplificá-las", afirma Falcão. A Riachuelo, como patrocinadora do projeto, se coloca como facilitadora, ajudando os artesãos a ganharem visibilidade e a expandirem suas oportunidades no mercado.
"Aprendemos que o nosso papel como grande varejista é ser esse facilitador que oferece a estrutura, a mentoria de gestão e a visibilidade para que essas conexões prosperem. Isso já está moldando os próximos passos do LAB para 2026: expandir o projeto para outros estados, como o Rio Grande do Norte, e fortalecer ainda mais o pilar educacional. Entendemos que para gerar impacto perene, precisamos investir na capacitação e na preservação da técnica, garantindo que o artesanato seja visto não como um detalhe, mas como um ativo de valor agregado e diferenciação competitiva no mercado", diz Schroeder.
O LAB também reflete a nova fase da Riachuelo, que passa a incorporar de forma mais sólida sua identidade brasileira. A marca quer ser vista como um agente ativo na valorização da cultura local, não apenas por meio de suas coleções, mas também por meio de suas ações e parcerias.
"O consumidor verá, em 2026, uma Riachuelo mais conectada à sua identidade brasileira", diz Schroeder. Um exemplo dessa mudança é a inauguração de uma loja pop-up na Rua dos Pinheiros, em São Paulo. O ponto de venda terá elementos do novo conceito da marca, com projeto arquitetônico com uso de plantas nativas,novas tecnologias, como provadores inteligentes e um sistema de self-checkout.
"Acreditamos muito na potência criativa dos talentos nacionais, e temos total convicção que o Riachuelo Lab fará a diferença para o cenário da moda brasileira", diz Schroeder.