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O cupido tem uma loja em Nova York

Na era do Tinder, ainda tem gente unindo casais com fichas, “feeling” e sem algoritmos

Modern Love Club: o clube começou quando Amy percebeu que até seus amigos mais atraentes, descolados e interessantes tinham dificuldades na hora de ter encontros (Getty Images/Getty Images)

Modern Love Club: o clube começou quando Amy percebeu que até seus amigos mais atraentes, descolados e interessantes tinham dificuldades na hora de ter encontros (Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2017 às 18h06.

Se na Itália, o deus romano do amor era chamado de Cupido, tinha jeitos de anjo e andava sempre com um arco para acertar os corações de homens, mulheres e deuses, em Nova York, o cupido pós-moderno usa óculos gigantescos, minivestidos psicodélicos, cabelo laranja e se chama Amy Van Doran.

Ao contrário do ser mitológico, Amy não dá flechadas ao acaso. Dona do Modern Love Club, no descolado bairro de East Village, ela e sua equipe de recrutadoras já uniram mais de 7 mil casais em uma década de trabalho e se orgulham de arranjar relacionamentos sem algoritmos, curtidas ou tecnologias de geolocalização.

O clube começou quando Amy percebeu que até seus amigos mais atraentes, descolados e interessantes tinham dificuldades na hora de ter encontros.

Então ela iniciou um trabalho de curadoria de parceiros: montou um estante em um parque convidando as pessoas a conversarem com ela e, em seguida, fazia “matches analógicos” entre elas.

O método de paquera arranjada de Amy deu tão certo que, em seguida, nasceu o Modern Love Club.

Apesar de rococó, esse modelo de promoção de encontros nada tem a ver com a defasada fórmula dos escritórios de porta fechada e endereços duvidosos onde homens mais velhos e ricos buscavam noivas mais jovens.

O excêntrico e artsy clube de Amy subverte essa lógica – metade da clientela é feminina e o restante é masculina. E para quem passa em frente à vitrine colorida do Modern Love Club, é difícil saber se o estabelecimento é uma loja de doces ou uma galeria caleidoscópica de decoração.

Nesta sede do amor, nenhum objeto está à venda.

O foco de Amy é em empoderar pessoas solteiras das mais variadas orientações sexuais e idades a encontrarem parceiros sem julgamentos – desde que elas sejam criativas, divertidas e descoladas.

Ou seja, não basta estar solteiro, você tem que ser “legalzão” para ser flechado.

Match analógico

Pergunte para os seus avós como era se envolver com pessoas, até então, desconhecidas – ou seja, na era pré-tinder, chats online ou por telefone.

Provavelmente a resposta será parecida com o método de Amy: conversa, bate papo off-line.

Para se tornar parte do clube, Amy entrevista o cliente por aproximadamente uma hora sobre suas preferências, história de vida, relações passadas e faz desde perguntas bastante práticas como altura, renda anual e posição política até questões bastante subjetivas como “Como é/foi o relacionamento dos seus pais?”ou “Como foi crescer na sua casa?”.

Assim, o cliente entra para mais umas das fichas de pretendentes disponíveis no arquivo (um ficheiro mesmo!) do Modern Love Club. Amy conta que costuma pensar em seus clientes como personagens e imaginar histórias românticas entre eles.

Para manter o negócio afiado, Amy só trabalha com 16 clientes por vez.

Mas nem só de encontrar o amor vive o clube do amor, por isso ela também oferece outros serviços.

Há basicamente quatro atividades principais: o tradicional arranjo personalizado de casais, os eventos de encontros, sessões de conselhos sobre relacionamentos (o que você está fazendo certo ou errado nos seus relacionamentos) e sessões de conselhos sobre a paquera (os erros e acertos na hora da conquista).

Só que, além de ser difícil de encontrar, o amor também é salgado. Um contrato de seis meses pode chegar a 20 mil dólares.

O preço é o mesmo se você se apaixonar no primeiro ou no centésimo encontro.

Neste clube não há promessas de amor eterno ou de relacionamentos de sucesso, mas há garantias de autoconhecimento e conexão com outros seres humanos – sem necessidade de Wi-Fi.

Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Superinteressante.

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