Chevrolet Cruze: segunda geração do Cruze tenta nova investida para desbancar concorrência (Marco de Bari/Quatro Rodas)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2016 às 17h39.
O consumidor de sedã médio é mais maduro, tem família constituída e faz a escolha do seu carro de maneira mais racional, valorizando muito a confiabilidade e o pós-venda do produto. Pronto, está explicado o porquê da liderança inabalável de Corolla e Civic entre os sedãs médios.
Em setembro de 2011, a primeira geração do Cruze até que chegou bem: à frente dos rivais, tinha mais conteúdo e um design atual, além de um conjunto mecânico equivalente.
Mas isso foi pouco. Aliás, pouco não (até que vendeu bem, ao todo, 170.000 unidades, segundo a Chevrolet), mas nunca chegou a ameaçar a hegemonia japonesa.
Diferentemente do Cruze anterior, produzido em São Caetano do Sul (SP), o modelo 2017 virá da Argentina, da fábrica de Rosário. No design, absolutamente tudo novo, inclusive as proporções da carroceria.
Agora, o estilo sedã-cupê de quatro portas imprime no perfil uma queda alongada da coluna traseira, o que acabou deixando a tampa do porta-malas bem curta — o volume interno também mudou, passando de 450 para 440 litros.
De acordo com a fábrica, o comprimento aumentou em 6,2 cm, o entre-eixos em 1,5 cm e a altura, 0,1 cm. No entanto, a nova tendência de alargar o desenho do veículo com a aplicação de recursos horizontais na parte baixa da carroceria acaba disfarçando até o maior comprimento do modelo 2017.
Na traseira, há um toque que só o Cruze produzido em Rosário terá: a régua cromada que conecta as lanternas, na tampa do porta-malas. “Foi uma ideia da equipe brasileira”, destaca Wagner Dias, diretor de design da marca no Brasil.
Dentro, o Cruze está evidentemente mais atencioso com os consumidores, que, como já dito, são cautelosos na compra, mas estão longe de ser conservadores.
“São pessoas extremamente antenadas e que fazem questão de ter a bordo tudo o que há de mais recente em tecnologia”, destaca Marcos Munhoz, vice-presidente da GM do Brasil. A linha 2017 oferece MyLink (também em nova geração) com tela de 7 polegadas na versão LT e 8 polegadas na LTZ, ambas com Android Auto e Apple CarPlay.
Na apresentação do Cruze, a marca só disponibilizou a versão top de linha, LTZ, com todos os opcionais, internamente chamada de LTZ Plus - no site da Chevrolet, trata-se do pacote R7F, selecionado pelo valor de R$ 10.460.
O sistema OnStar, uma espécie de central de ajuda multitarefas da própria fábrica, também é item de série desde a versão LT. Completo, o Cruze está repleto de equipamentos inéditos.
O sistema de alerta de colisão frontal, por exemplo, monitora o tráfego adiante. Com base na velocidade de aproximação, uma intensa luz vermelha é projetada no para-brisa, bem à frente do motorista.
Utilizando os mesmos sensores, o painel pode exibir o tempo restante até chegar no carro à frente. Sistema de detecção de veículos em ponto cego, e até de mudança não intencional de faixa de rodagem são outras boas novidades da nova geração.
No acabamento, poucos deslizes. No assento do banco traseiro, o tecido dos espaços criados para acomodar a caixa de engate dos cintos é franzido, dando uma impressão de excesso.
Junto ao volante, as duas alavancas laterais (de acionamento de setas e limpador de para-brisa) têm aspecto mais simples do que as da geração anterior, assim como o botão de controle das luzes externas. São detalhes, é verdade, mas como pontos de contato direto do motorista com o carro, são importantes.
Externamente, as partes móveis (portas, capô e tampa traseira) se unem à carroceria com vãos menores e mais regulares do que os encontrados no Corolla e no Civic. Dentro, a montagem também faz bonito, com plásticos de baixo brilho e isentos de rebarbas.
Na traseira, o Cruze 2017 tem 2 cm a menos de espaço na altura dos ombros e 1 cm a menos do assento ao teto. À frente, no entanto, a cabine está ligeiramente mais espaçosa.O porta-malas está menor: 440 litros, ante 450 litros do velho Cruze.
Geração turbo
Mecanicamente, é mais do que uma evolução. Se o antigo 1.8 aspirado já conseguia fazer com que o Cruze enfrentasse até os atuais 2.0 de Civic e Corolla, prepare-se para o novo quatro cilindros 1.4 turbo. Com 153/150 cv e 24,5/24 mkgf de torque, ele tem cerca de 6% de potência a mais e 30% a mais de torque. E, mesmo assim, é muito mais econômico.
Em nossos testes, o modelo antigo registrou média de consumo urbano de 10 km/l e rodoviário de 13,3 km/l. O novo roda muito mais com 1 litro de gasolina: respectivamente, 11,8 e 15,9 km/l.
E a performance, então? Superioridade total da nova geração. Enquanto o antigo acelerava de 0 a 100 km/h em 11,7 s, o novo cumprea prova em apenas 9 s.
O câmbio segue o mesmo, uma caixa automática com conversor de torque e seis marchas, logicamente, atualizado para trabalhar em conjunto com o novo motor. Mas nem mesmo as respostas sempre prontas dessa dupla fazem frente à suspensão do novo Cruze.
Mesmo sem multilink na traseira, o sedã tem um comportamento dinâmico muito acima da média. Você se prepara para contornar uma curva com emoção e ele simplesmente a engole, sem sustos e com interferência do sistema de controle de estabilidade apenas em situações extremas.
Em trechos esburacados, outra boa surpresa: as batidas de fim de curso dos amortecedores, além de raras, são suaves. Colabora para essa característica a feliz decisão da GM de abandonar a calibragem fixa adotada no velho Cruze, com uma pressão única para os quatro pneus, independentemente da carga levada a bordo.
Quanto custa
A faixa de preço entre R$ 89.990 e R$ 107.450 para as três versões (veja abaixo) representa um aumento considerável sobre os R$ 81.190 a R$ 90.290 praticados anteriormente.
Frente à concorrência, porém, os valores já não parecem tão absurdos. O Toyota Corolla hoje é tabelado em R$ 91.450 na sua versão mais vendida (2.0 XEi), e chega a R$ 104.650 na topo de linha Altis.
O Honda Civic, por sua vez, começa em R$ 75.700 e chega a R$ 94.100 na versão 2.0 EXR. Mas já é sabido que a nova geração do Civic, que chega ao Brasil nos próximos meses, será mais cara, provavelmente alcançando a mesma faixa de preço do Cruze.
De série, desde a LT de entrada (R$ 89.990), o sedã traz faróis com luz diurna, faróis de neblina, piloto automático, direção elétrica, volante multifuncional, ar-condicionado digital, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, central multimídia MyLink com tela de 7 polegadas, sistema OnStar (que incorpora o aviso para o possível afastamento do carro em valets), modo ECO, start/stop, assistente de partida em aclives, câmera de ré, sensores de estacionamento traseiros, bancos em couro, ISOFIX, airbags frontais e laterais, freios ABS com frenagem de emergência, controle de estabilidade e tração e rodas de 17 polegadas.
Em seguida, a LTZ (R$ 96.990) acrescenta airbags de cortina, faróis automáticos, sensor de chuva, sensores de estacionamento dianteiros, luzes diurnas em led, regulagem de altura dos faróis, rodas escurecidas, computador de bordo com tela colorida, MyLink 2 com tela de 8 polegadas e navegador 3D, retrovisores elétricos com aquecimento, além da chave presencial, que permite a partida do motor por botão.
O pacote extra da versão LTZ (chamado de Plus ou LTZ 2) eleva o preço para R$ 107.450 e inclui ainda alertas de colisão frontal (com indicação da distância do veículo à frente) e ponto cego, banco do motorista com regulagens elétricas, assistente de permanência em faixa, assistente de estacionamento automático, carregador sem fio para smartphones e farol alto adaptativo.
Avaliação do Diretor
Motor e Câmbio - O conjunto convive bem: é silencioso e suave mesmo sob tocada mais esportiva.
Dirigibilidade - Equilibrada, precisa e silenciosa, a suspensão é ponto alto do novo Cruze.
Segurança - O Cruze ganhou muitos itens de segurança. Pena que a maioria está restrita à versão mais cara.
Seu bolso - Se confirmados os preços estimados por nossas fontes, o Cruze deverá, no mínimo, atrair a atenção de Honda e Toyota.
Conteúdo - Mesmo a versão de entrada LT tem um bom pacote de equipamentos. Felizmente, uma característica herdada da antiga geração.
Vida a bordo - Mais tecnológica, a cabine também ficou mais agradável.
Qualidade - Bem montado por dentro e por fora. Alguns detalhes, no entanto, denotam certa queda na dose de requinte.
Veredicto Quatro Rodas
O Cruze acaba de dar um enorme salto. Está mais atual, eficiente e conectado. Armas para encarar os japoneses ele tem, só lhe falta a mesma boa fama de inquebrável.
TESTE DE PISTA (COM GASOLINA) | |
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Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,0 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 30,1 s - 178,1 km/h |
Velocidade máxima | 214 km/h (dado de fábrica) |
Retomada de 40 a 80 km/h | 3,8 s |
Retomada de 60 a 100 km/h | 4,9 s |
Retomada de 80 a 120 km/h | 6 s |
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 14,7 / 26,8 / 64,1 m |
Consumo urbano | 11,8 km/l |
Consumo rodoviário | 15,9 km/l |
Ruído interno neutro / RPM máximo | 41,2 / 73,7 dBA |
Ruído interno a 80 / 120 km/h | 62,3 / 67,7 dBA |
Aferição do velocímetro a 100 km/h | 95,3 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 6ª marcha | 1.900 rpm |
Aferição do volante | 3 voltas |
FICHA TÉCNICA - CHEVROLET CRUZE 1.4 TURBO LTZ | |
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Motor | gasolina, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16V, injeção direta, turbocompressor, 1.399 cm3, 74 x 81,3 mm, 153/150 cv a 5.200/5.600 rpm, 24,5/24 mkgf de 2.000/2.100 rpm |
Câmbio | automático sequencial, 6 marchas, tração dianteira |
Direção | elétrica |
Suspensão | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios | discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.) |
Pneus | 215/50 R17 |
Peso | 1.321 kg |
Peso/potência | 8,63/8,81 kg/cv |
Peso/torque | 53,92/55,04 kg/mkgf |
Dimensões | comprimento, 466,5 cm; largura, 180,7 cm; altura, 148,4 cm; entre-eixos, 270 cm; porta-malas, 440 litros; tanque de combustível, 52 litros |