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Ninguém quer as Olimpíadas: COI escolhe sede dos jogos de inverno

Cinco das 7 candidatas a sediar as Olimpíadas de Inverno de 2026 retiraram sua candidatura, em problema que acontece também com os jogos de verão

SEDE DO COI, NA SUÍÇA: exigências da entidade fazem cidades não quererem sediar os jogos / Fabrice Coffrini/Pool via REUTERS

SEDE DO COI, NA SUÍÇA: exigências da entidade fazem cidades não quererem sediar os jogos / Fabrice Coffrini/Pool via REUTERS

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2019 às 05h29.

Última atualização em 24 de junho de 2019 às 09h31.

Sediar as Olimpíadas costumava ser uma honra pela qual cidades e países batalhavam com unhas e dentes. Não mais. O Comitê Olímpico Internacional (COI) escolhe nesta segunda-feira, 24, a sede das Olimpíadas de Inverno de 2026 com cinco das sete candidaturas iniciais já tendo desistido ao longo do processo.

As duas candidaturas restantes são ambas uma dobradinha: a dupla italiana Milão e Cortina d’Ampezzo e as suecas Estocolmo e Are. As remanescentes sobreviveram a um processo que, desde que começou, em 2017, teve poucos interessados. O cenário fez com que o COI mudasse as regras para tornar o processo mais curto, oferecer maior apoio técnico às candidatas e quase 1 bilhão de dólares de auxílio para a sede escolhida.

A “ajuda” não adiantou. A última candidata a desistir da disputa para 2026, Calgary, no Canadá, fez em novembro um plebiscito em que a população rejeitou sediar o evento, assim como já havia feito a Suíça meses antes. Na Áustria, o governo central afirmou à prefeitura da candidata Graz (entusiasta em participar) que não havia dinheiro para os jogos. Na Turquia, apesar do desejo do presidente Recep Erdogan, o país decidiu retirar candidatura por não possuir a infraestrutura necessária.

Os custos e exigências do COI assustam os interessados: os últimos jogos de inverno, em 2018, na cidade sul-coreana de PyeongChang, custaram quase 13 bilhões de dólares, enquanto os de verão, no Rio de Janeiro, em 2016, custaram mais de 20 bilhões de dólares. Para os jogos de verão de Tóquio 2020, os gastos de 25 bilhões de dólares já são quatro vezes maiores que o previsto. Na lista do ônus de uma cidade-sede, há ainda uma herança de equipamentos e obras de infraestrutura subutilizados e frequentemente mal planejados.

Assim, nos ciclos entre 2008 e 2017, cidade atrás de cidade rejeitaram o concurso do COI em referendo — incluindo para os jogos de verão –, como Budapeste (Hungria), Davos (Suíça), Hamburgo e Munique (Alemanha) e Cracóvia (Polônia). Mesmo quando a candidatura olímpica venceu no voto popular, em Oslo, na Noruega, o governo local desistiu de ir em frente (neste caso, depois que um documento vazado mostrou esdrúxulas exigências do COI que incluíam encontros com a família real e tratamento especial em aeroportos e estradas). A saída de Oslo daquela disputa, inclusive, fez a sede escolhida para 2022 ser Pequim, na China, onde neva menos de uma semana por ano (e será usada neve artificial).

Para alívio do COI, nos jogos de verão, os próximos já estão escolhidos: Paris, na França, em 2024 e Los Angeles, nos Estados Unidos, em 2028. Ambas concorriam para a sede de 2024, mas o COI decidiu já conceder 2028 a Los Angeles sem abrir outro concurso. Era melhor garantir.

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