Não sei do que me desculpar, diz Anderson Silva
O lutador brasileiro do UFC negou que seja "trapaceiro" e que tenha feito uso de substâncias proibidas
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2015 às 08h41.
São Paulo - Depois de um longo período de silêncio, Anderson Silva se pronunciou sobre o caso de doping em texto publicado no Instagram, rede social de compartilhamento de fotos, nesta sexta-feira.
Em português e em inglês, o lutador brasileiro do UFC negou que seja "trapaceiro" e que tenha feito uso de substâncias proibidas para melhorar sua performance nas lutas.
"Não sei do que me desculpar, pois ainda aguardo o resultado dos exames e a análise dos médicos e especialistas que trabalham para revelar a verdade", escreveu o Spider.
O brasileiro ainda destacou que aguarda a análise dos médicos e especialistas para provar a sua inocência. "Busco a verdade tanto quanto todos que se surpreenderam com os resultados divulgados."
Anderson Silva foi flagrado no exame antidoping pelo uso de dois esteroides anabolizantes (drostanolona e androsterona) em exame surpresa realizado dia 9 de janeiro.
A sua situação ficou ainda mais complicada quando foi anunciado que o teste no dia da luta com Nick Diaz ele também deu positivo para uma terceira substância, a benzodiazepina, que inibe a ansiedade.
Na última terça-feira, Anderson Silva não compareceu à audiência da Comissão Atlética de Nevada, nos Estados Unidos, mandou o seu advogado Michael Allonso como representante e desperdiçou a chance de se defender sobre a polêmica.
A entidade decidiu suspendê-lo temporariamente até o seu julgamento, que deverá ser realizado em março, em data ainda a ser definida.
O brasileiro, de 39 anos, pode ser afastado dos octógonos de nove meses a dois anos pelo caso de doping, o que pode ser decisivo para selar o fim da carreira do lutador.
Confira o texto publicado por Anderson Silva:
Não falarei nada sobre quem sou ou que fiz e passei até chegar aqui.
O que me importa agora é o respeito dos que me acompanharam até este momento da minha carreira.
Sangrei, sofri e lutei porque amo e porque sempre quis honrar e defender a bandeira do país que tanto amo.
Não sei do que me desculpar, pois ainda aguardo o resultado dos exames e a análise dos médicos e especialistas que trabalham para revelar a verdade.
Todos os remédios que tomei desde a minha fratura estão sendo analisados. Busco a verdade tanto quanto todos que se surpreenderam com os resultados divulgados.
Em dezoito anos de carreira, nunca tive problemas com exames. Sempre joguei limpo. Nunca fui trapaceiro.
Dentro e fora do octógono jamais vacilei no respeito aos princípios que sempre me pautaram. Com muita honra e dignidade defendi meu País onde quer que lutei.
Nunca usei qualquer substância para aumentar minha performance nas lutas.
Amo o que faço e jamais poria em risco o que levei tanto tempo para construir.
Acho injusta a pressa que alguns têm em me condenar.
O tempo que se leva para destruir uma reputação é infinitamente menor do que aquele empenhado em construí-la.
Sou o maior interessado no esclarecimento desse episódio. Quero que os que sempre me prestigiaram saibam que continuo lutando para que todas as sombras sobre esse triste episódio sejam dissipadas.
Há uma semana, no entanto, acusações do membro de sua ex-equipe voltaram a colocar o brilho dessa trajetória em xeque.
De acordo com o ciclista Tyler Hamilton, Armstrong teria injetado eritropoietina recombinante (EPO) durante a Volta da França de 1999. O principal efeito dessa hormônio sintético é a elevação das taxas de hemoglobina no sangue, e consequente elevação do transporte de oxigênio. O próprio Hamilton admitiu ter feito doping. Por conta disso, no último dia 20, ele devolveu a medalha de ouro que ganhou nos últimos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
Mas ele não está sozinho nessas acusações. Na semana em que Armstrong colocou um ponto final em sua carreira, em janeiro deste ano, a revista Sport Illustrated (EUA) publicou uma série de entrevistas que o acusavam de instigar o doping em sua equipe durante os anos 90 – entre outros.
Dois dias depois da publicação, a Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA) abriu investigações contra o atleta.
Até agora, caso sejam comprovadas, ainda não se sabe quais os reflexos dessas acusações para a vidade Armstrong.
Bruno Lins, Jorge Célio, Josiane da Silva, Luciana França, Lucimara Silvestre e Lucimar Teodoro apresentaram altos níveis da substância eritropoietina, que eleva o número de glóbulos vermelhos no sangue.
O técnico Jayme Netto e o fisiologista Pedro Balikian ministraram as injeções. Jayme Netto ganhou suspensão de dois anos e abandonou o esporte.
A recorrência – o exame antidoping do ano anterior acusara o mesmo resultado – levou Rebeca a ser banida do esporte pela Federação Internacional de Natação em 2008.
No ano passado, a ex-nadadora tentou seguir carreira política. Concorreu ao cargo de deputada distrital de Brasília pelo PC do B. Conquistou 437 votos nas urnas – número insuficiente para se eleger.
Retornou às pistas em 2006. Um ano depois, levou o ouro nos Jogos Pan-Americanos. E, em 2008, alcançou a marca de 7,04 metros no salto olímpico e conquistou a primeira posição nos Jogos Olímpicos de Pequim.
As investigações contra a atleta começaram em 2004. Até 2007, ela negava o uso de esteroides ou outras drogas. Na confissão, no entanto, Marion acusou seu ex-treinador, Trevor Graham, de oferecer a substância anabolizante a ela alegando ser um suplemento nutricional.
Em 2008, Marion cumpriu pena de seis meses em prisão federal por mentir durante o julgamento do caso de esteroides. Em maio passado, a ex-velocista retornou para a carreira de atleta – agora, como jogadora de basquete.
Até 1997, Agassi era apenas uma sucessão de vitórias: Wimbledon em 1992, Aberta dos EUA, em 1994 e Aberto da Austrália, em 1995. O desempenho baixo nas quadras devido a uma lesão nos pulsos o levou a valer-se da metanfetamina Crystal Merth, que apesar de mais barata é dez vezes mais potente do que a cocaína. O exame antidoping da ATP revelou o consumo dessa substância. No entanto, para safar-se da punição, Agassi escreveu uma carta repleta de mentiras à ATP – que acreditou em cada palavra e deixou o tenista sair ileso. Até se aposentar das quadras, Agassi contabilizou várias outras vitórias e voltou ao topo do ranking mundial. Toda essa história veio a público apenas em 2009, quando o próprio Agassi relatou o caso em sua autobiografia Open. A ATP, no entanto, decidiu encerrar o inquérito contra o ex-tenista.
A via crucis começou em 4 de abril de 1991, quando jogava pelo Napoli da Itália. O exame antidoping apontou consumo de cocaína. O craque foi suspenso da Federação Italiana por 15 meses.
Um mês depois, foi preso em Buenos Aires por porte de drogas. Após pagar fiança e ser liberado, deu tiros com uma espinguarda de ar comprimido contra os jornalistas que estavam em frente a sua casa. Foi obrigado, pela justiça argentina, a fazer um tratamento de desintoxicação em 1992.
Na primeira fase da Copa do Mundo de 1994, o exame antidoping após a partida contra a Nigéria acusou uso de efedrina, substância anabolizante. A Fifa suspendeu Maradona por 15 meses.
Apesar de se internar em uma clinica de reabilitação em 1996, ele novamente foi pego pelo exame antidoping em uma partida do Boca Juniors contra o Argentinos Juniors. Dois meses depois, Maradona se despediu dos gramados como jogador.
Na Copa do Mundo de 2010, voltou para o campo agora como técnico da seleção argentina.
Três dias depois, no entanto, ele teve que devolver a medalha de ouro. Motivo? Um teste realizado após a prova acusou uso da substancia estanozolol, um esteroide anabolizante.
Ele recorreu da punição. Um ano depois, porém, o técnico Charles Francis confessou que injetava substâncias proibidas no velocista desde 1981. Ambos ficaram suspensos dois anos dos esportes.
Em 1992, Johnson voltou para as pistas. Mas foi flagrado com o uso de esteroides um ano depois em uma prova no Canadá. A reincidência na prática ilegal rendeu o fim de sua carreira. Ele foi banido do esporte pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf).