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Nada de cotação máxima no horizonte

Por que os novos restaurantes contemplados pelo Guia Michelin brasileiro merecem o prêmio e por que outros saíram do ranking

Tapioca, pescado, mate e citricos, do Oro (Tomas Rangel/Divulgação)

Tapioca, pescado, mate e citricos, do Oro (Tomas Rangel/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 14 de maio de 2019 às 15h32.

Última atualização em 15 de maio de 2019 às 17h46.

São Paulo - Lançada no dia 6 de maio no hotel Unique, em São Paulo, a 5ª edição do Guia Michelin brasileiro, restrito a São Paulo e Rio de Janeiro, frustrou quem esperava o anúncio de um restaurante com a cotação máxima entre nós. No topo do ranking, com duas estrelas, continuam a figurar o carioca Oro e os paulistanos Tuju e D.O.M.

Havia quem apostasse que o último, do chef Alex Atala, que ostenta a mesma cotação desde a publicação número um, seria enfim promovido. Os outros dois, comandados, respectivamente, pelos chefs Ivan Ralston e Felipe Bronze, estão no mesmo degrau que Atala desde o ano passado. “O D.O.M. mantém as duas estrelas por sua cozinha que exibe sabores brasileiros autênticos”, limitou-se a dizer o Michelin no informativo divulgado depois da premiação.

Ao todo, o novo Michelin distribuiu estrelas para dezoito restaurantes e incluiu 32 endereços na sua lista de Big Gourmands, que oferecem boa relação custo-benefício. Conheça a seguir quem tem motivos para comemorar e por que alguns restaurantes certamente estão com a premiação entalada na garganta.

Novatos com uma estrela

Oteque
Endereço: Rua Conde de Irajá, 581, Botafogo

A guinada carioca de Alberto Landgraf foi acertada. Em São Paulo, ele teve o talento reconhecido à frente do contemporâneo Epice, que, no entanto, não conseguiu se firmar. Radicado no Rio de Janeiro desde 2016 em razão da namorada, a chef Nathalie Passos, dona do Naturalie Bistrô, o cozinheiro apostou alto ao abrir um restaurante refinado, o Oteque.

Projetado pela arquiteta Bel Lobo, o endereço não tem divisão alguma entre a cozinha e o salão - as mesas fazem as vezes de camarotes voltados para o que pode ser considerado o palco de Landgraf. Lagostim com maionese de peixe e cebola com ouriço e espuma de mexilhão são alguns dos pratos que se revezam no menu-degustação, que custa por volta de R$ 200.

Chef Alberto Landgraf

Chef Alberto Landgraf, do Oteque (Divulgação/Divulgação)

Cipriani
Endereço: Copacabana Palace, Av. Atlântica, 1702, Copacabana, Rio de Janeiro

Liderado pelo chef italiano Aniello Cassese, o restaurante surgido em 1994 é o segundo dentro do hotel mais conhecido da cidade a ostentar uma estrela Michelin - o asiático MEE faturou o prêmio pelo quinto ano seguido.

Ex-funcionário do chef inglês Gordon Ramsay, com quem trabalhou desde 2008 em diversos restaurantes, Cassese aposta em pratos da culinária do sul da Itália, lugar onde nasceu.

Servem de exemplo a barriga de porco acrescida de polvo, maçã e pimentão verde (R$ 118) e o tagliolini com limão siciliano, camarões, burrata e abobrinha (R$ 98). Um passeio completo é oferecido pelo menu-degustação com dez etapas, a R$ 420.

Prato do restaurante Cipriani

Prato do restaurante Cipriani (Tomas Rangel/Divulgação)

Evvai
Endereço: Rua Joaquim Antunes, 108, Pinheiros, São Paulo

Campeão da etapa brasileira do concurso Bocuse d'Or, uma espécie de Copa da gastronomia, Luiz Filipe Souza teve o talento lapidado pelo chef Salvatore Loi, de quem foi braço-direito por oito anos. Trabalhou com ele primeiro no Fasano, depois no Loi Ristorantino, hoje só Ristorantino, e, por fim, no Salvatore Loi, transformado há dois anos no Evvai, cujo comando assumiu.

O menu-degustação atual, batizado de Oriundo, se baseia nos ingredientes disponibilizados por pequenos produtores nacionais, respeitando a sazonalidade. A R$ 281, é composto por nove etapas, que podem ser harmonizadas por mais R$ 211.

O mexilhão com creme de vôngole e cúrcuma, óleo de coentro e limão caviar é uma das entradas previstas. O lagostim à milanesa com emulsão de ostra e açafrão, entre outros ingredientes, é um dos pratos principais.

Duas quedas explosivas

A 5ª edição do Michelin teve sabor amargo para dois restaurantes, que perderam suas estrelas. Um deles é o Fasano (Hotel Fasano, Rua Vitório Fasano, 88, Jardim Paulista), por décadas um dos maiores símbolos da alta-gastronomia no país e o melhor italiano de São Paulo segundo a publicação Comer & Beber, da revista Veja São Paulo.

“Impecável combinação entre ambiente e boa mesa”, diz a resenha do Fasano no Michelin, que não explicou as razões da queda. Ironicamente, a notícia coincide com uma época na qual o restaurateur Rogério Fasano, defensor fervoroso da cozinha italiana clássica, permitiu que o chef Luca Gozzani fizesse mais uso de sua criatividade. Voltará atrás em razão da queda?

O segundo restaurante que perdeu o brilho de uma estrela foi o Dalva e Dito (Rua Padre João Manuel, 1115, Jardins), a casa mais informal do Alex Atala. Mas ele ao menos tem as duas estrelas do D.O.M para se consolar.

Estreantes entre os Big Gourmands

Sete restaurantes entraram para a lista de casas que oferecem ótima relação custo-benefício, hoje composta por 32 endereços. No Rio de Janeiro, ganharam a distinção o contemporâneo Lilia (Rua do Senado, 45, Lapa), que encanta por criações a preços camaradas como atum selado com batata orgânica e vinagrete de hortelã, e a Pici Trattoria (Rua Barão da Torre, 348, Ipanema), italiano descontraído sob a tutela do chef Elia Schramm.

Um dos novos Big Gourmands paulistanos é o Corrutela (Rua Medeiros de Albuquerque, 256, Vila Madalena), conhecido por se valer de vegetais não muito populares para criar pratos elogiados - a couve-flor, por exemplo, ganha aroma tostado é e servida sobre creme de sementes de girassol com avelã.

Na Barra Funda ficam dois dos novos representantes da lista, o Komah (Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 378) e A Baianeira (Rua Dona Elisa, 117). O primeiro é o coreano do chef Paulo Shin, que serve aperitivos como o kimchi, aquela acelga fermentada, e principais como barriga de porco tostada.

Aberto por Manuelle Ferraz, o segundo endereço se notabilizou por servir pão de queijo, simples ou com recheio de carne de panela e ovo, e pratos como picadinho de carne de panela com banana-da-terra frita.

Da lista fazem parte ainda o Balaio IMS (Instituto Moreira Salles, Avenida Paulista, 2424), o brasileiro com preços acessíveis do chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó, e a Barú Marisquería (Villa San Pietro, Rua Augusta, 2542, Jardim Paulista), a nova casa do chef colombiano Dagoberto Torres. O ceviche com peixe branco, couve, lula e mandioca frita é uma de suas especialidades (R$ 42).

Moqueca de caju, palmito e banana da terra, arroz vermelho, farofinha de coco, do Balaio IMS

Moqueca de caju, palmito e banana da terra, arroz vermelho, farofinha de coco, do Balaio IMS (Carol Gherardi/Divulgação)

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