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Mostra em SP apresenta filmes restaurados sobre a ditadura

Quatro obras que refletem o Brasil das décadas de 60 e 70 e retratam a ditadura foram restauradas pela Cinemateca Brasileira e serão exibidas até domingo


	Sala com os arquivos do antigo Departamento de Ordem Pública e Social do Estado (Dops): quatro películas foram restauradas
 (Marcelo Camargo/ABr)

Sala com os arquivos do antigo Departamento de Ordem Pública e Social do Estado (Dops): quatro películas foram restauradas (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2013 às 08h49.

São Paulo – Quatro obras de cineastas que refletem o Brasil das décadas de 60 e 70 e retratam a ditadura militar foram restauradas pela Cinemateca Brasileira e serão exibidas até domingo (27). Elas fazem parte da Mostra Marcas da Memória, uma dos eventos da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. As quatro películas foram restauradas por meio do projeto Memória Cinematográfica para um Tempo sem Memória, selecionado pela Comissão de Anistia.

“O foco da comissão é fazer a reparação [às vítimas] diante de um erro do Estado brasileiro para com o cidadão. Mas além da reparação, a Comissão de Anistia busca preservar a memória desse período”, explicou Adilson Mendes, pesquisador da cinemateca.

Além da preservação da memória, Mendes defende que esse trabalho da cinemateca de recuperação de filmes brasileiros – ameaçados de serem deteriorados até mesmo pela ação do tempo – é fundamental também para “preservar a memória audiovisual nacional”.

Entre as obras que foram restauradas e serão exibidas está Os Fuzis, de Ruy Guerra, filme de 1964, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim. “O filme teve problemas com a censura. Ele trata de um tema muito candente que é a seca do Nordeste”, disse Mendes.

Além de Os Fuzis, também foram restaurados os filmes Manhã Cinzenta, de Olney São Paulo, de 1969, exibido em Cannes, apesar de ter sido censurado no Brasil; o curta-metragem Os Anos Passaram, de Peter Overbeck, que retrata a mobilização estudantil brasileira entre os anos de 1967 e 1968; e o documentário Libertários, de Lauro Escorel, de 1976, que trata sobre o papel do anarquismo no movimento operário em São Paulo. “A mostra traz filmes significativos que tratam dessa memória do país em um momento de regime de exceção”, falou Mendes.

A cinemateca selecionou mais seis filmes sobre a mesma temática para completar a Mostra Marcas da Memória: Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, vencedor do Festival de Berlim de 1985 e O Fio da Memória, do mesmo diretor, que discute a experiência negra no Brasil; Imagens do Inconsciente, de Leon Hirszman, obra dividida em três partes que retratam três casos tratados pela médica Nise da Silveira no Centro Psiquiátrico Pedro 2, e O caso dos Irmãos Naves, de Luiz Sérgio Person, longa-metragem que conta a história real dos irmãos que foram presos e torturados injustamente.

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