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Moda deve trocar de pele para não morrer, diz Stella McCartney na COP26

Sustentabilidade é principal atributo da grife da filha do ex-Beatle, que compareceu como representante do setor na COP26; a moda é o 3ª maior manufatureiro do planeta, respondendo por entre 2% e 8% das emissões

O príncipe Charles e a estilista britânica Stella McCartney enquanto em uma exposição de moda na Kelvingrove Art Gallery em Glasgow, Escócia, em 3 de novembro de 2021, durante a Conferência do Clima COP26 (Reprodução/AFP)
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GabrielJusto

Publicado em 4 de novembro de 2021 às 07h30.

A indústria da moda deve se preparar para mudanças profundas como abandonar o uso do couro animal e evitar desperdícios, afirma a estilista britânica Stella McCartney, que compareceu como representante do setor na COP26.

"Acho que sou uma das poucas estilistas aqui. E, infelizmente, somos uma das indústrias mais nocivas para o meio ambiente", explicou ela em entrevista à AFP nesta quarta-feira (3) em Glasgow. Filha do ex-Beatle Paul McCartney, Stella começou há trinta anos na indústria da moda. Vegetariana, chegou disposta a não trabalhar com artigos de couro e conseguiu, apesar do ceticismo inicial de seus colegas.

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O Kelvingrove Museum and Art Gallery na cidade escocesa está homenageando a designer com uma exposição dos materiais com os quais sua empresa trabalha há anos. Entre eles, o micélio, extraído diretamente de fungos para substituir a pele, com o qual podem ser confeccionados sapatos ou bolsas. Já o NuCycl é uma tecnologia capaz, segundo seus criadores, de reciclar infinitamente qualquer tipo de resíduo têxtil, seja natural, como o algodão, ou artificial, como o poliéster.

"Vim aqui para mostrar o futuro da moda e para mostrar a todos simplesmente que existe uma outra maneira de fazer as coisas, usando tecnologia e jovens startups", disse Stella McCartney à AFP.

Quem quer trabalhar em um matadouro?

A moda é o terceiro maior setor manufatureiro do planeta, respondendo por entre 2% e 8% das emissões de carbono, segundo cálculos do World Resources Institute (WRI).

Já em relação aos materiais, o grande desafio é vestir bilhões de pessoas, sem ter que gastar centenas de dólares em um produto, como acontece com coleções como a da estilista britânica.

"É isso que espero. De qualquer forma, essa é a intenção. Definitivamente acreditamos que essas são soluções viáveis e que só precisamos atrair a atenção global", explica. "As pessoas vestem roupas da moda no máximo três vezes antes de jogá-las fora. E isso significa mais de 500 bilhões de dólares em desperdício. Para mim, essa é uma oportunidade de negócio. Traga-me essas roupas desprezadas e mostrarei aqui", diz ela, apontando para sua exposição, "como posso fazer um suéter inteiramente com lixo."

Quando começou, Stella McCartney causou sensação e desconforto com um vídeo denunciando o tratamento aos animais pela indústria do couro. Nesta quarta-feira, ela reapresentou trechos do vídeo no museu de Glasgow, silenciando o público. "Vinte e cinco anos depois, as coisas não mudaram muito", explicou.

"Temos que fazer as pessoas entenderem que centenas de milhões de animais são mortos todos os anos para a indústria da moda", denuncia. "Quem quer trabalhar em um matadouro?", questiona.

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