Meta de vendas: parceria de Cauã Reymond com Aramis vai além das campanhas
Colaboração mais recente é de linha de jeans, com macacão e calça oversized; confira entrevistas com o ator e o CEO da marca Richard Stad
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 26 de abril de 2023 às 06h40.
A carreira de trendhunter de Cauã Reymond vai bem, thank you. Há quase dois anos o ator vem trazendo seu olhar treinado nas passarelas de moda para a Aramis. A mais recente colaboração é em uma linha do mais versátil e democrático dos tecidos, o jeans.
A cápsula Jeans For Action dá nova cara a peças atemporais, com modelos que se adequam a cada período e estilo, com referências no streetwear e no all jeans, com muitas peças oversized, fora da zona de conforto da marca de moda.
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Para além dos aspectos de estilo, a collab traz atributos sustentáveis em suas peças. No conjunto Over All, os tecidos foram produzidos com uma economia de 95% de água em seus processos de acabamento. Outro destaque está no macacão Raw, produzido com cânhamo, uma fibra sustentável de baixo impacto ambiental.
Conversamos com Cauã Reymond e com o CEO da Aramis, Richard Stad, sobre a coleção e o trabalho em parceria.
Cauã Reymond
Porque uma collab em jeans, já que a moda como um todo está buscando cada vez mais conforto? O jeans é uma peça icônica e que não sai de moda. Até hoje, ele aparece nos principais desfiles e segue se reinventando. Em Jeans For Action, eu e a Aramis buscamos mostrar que sim, é possível um jeans ser confortável, além de tecnológico e muito bonito. É um material que permite muitas possibilidades, por isso trouxemos referências do streetwear para deixá-lo mais moderno e despojado.
Qual peça você mais gostou? Sou bem suspeito para falar, a collab está incrível. Mas, sem dúvidas, meu preferido é o macacão Jacquard. É uma peça muito única e marcante, com informação de moda e ainda assim, muito confortável. Buscamos com essa coleção trazer as peças atemporais, mas também complementar com peças mais fashionistas, como a jaqueta oversized e o macacão.
Quais foram suas principais contribuições na parte criativa dessa coleção? Eu vivo buscando referências, seja nos lugares que eu visito, nos filmes que eu assisto, nos livros que eu leio, enfim…tudo acaba virando inspiração. Nessa collab, eu trouxe bastantes referências do streetwear, que é um estilo que eu curto bastante, e também do overall jeans, que voltou com tudo ultimamente. E, claro, vou alinhando e discutindo com o time de estilo da Aramis, que é quem torna tudo isso possível.
O que tem achado do chamado quiet luxury, que está sendo tão falado? Esse é seu estilo pessoal? É uma tendência muito interessante, principalmente pensando na quantidade de cor, elementos e estampas que estávamos vendo nas passarelas ultimamente. Pessoalmente, eu me identifico bastante, gosto de me vestir com tons mais neutros e brincar com a alfaiataria. Acho que o bacana da moda é perceber como ela é cíclica, sempre se reinventando quando a gente menos espera.
O quanto você coloca de gosto pessoal e quanto coloca de visão de mercado nas suas colaborações com a Aramis? É fundamental sempre buscar um equilíbrio. Jeans For Action, por exemplo, surgiu de uma vontade da Aramis de se reposicionar no segmento jeans e também de uma vontade minha de explorar movimentos do streetwear que eu estava observando. Eu busco, sempre, estudar muito antes de levar minhas observações para a marca, assim elas costumam ser mais assertivas. Não faria sentido pensar apenas no meu gosto, nem apenas no mercado, é preciso buscar um ponto de convergência entre a minha identidade e as tendências e necessidades do momento.
Como funciona sua rotina com a Aramis? Qual a frequência de reuniões e encontros, quais são suas obrigações? Você tem um crachá da Aramis? Por conta da minha rotina maluca, não consigo manter uma agenda frequente de encontros. Nós temos um planejamento para o período e definimos ali os direcionamentos principais. Depois disso, eu vou buscando as referências e compartilhando com o time de estilo, que também traz alguns levantamentos. Nós trocamos muito durante todo o processo e, quando já temos algo mais estruturado, marcamos presencialmente para conhecer os materiais, as modelagens e seguir com as aprovações. É um desenvolvimento muito interessante, com um trabalho muito intenso.
Qual seu sonho como criativo de moda? O meu sonho criativo com moda de certa maneira já está acontecendo, que é imaginar coisas e peças e ver as pessoas usando. E na verdade as vezes não é nem criar, é trazer alguma coisa que eu já vi, de uma coleção passada, de alguém que eu admiro e poder fazer uma peça semelhante que seja gostosa de usar no dia a dia, chique e ao mesmo tempo muito confortável e de qualidade. E a minha parceria com a Aramis vem me proporcionando isso. É claro que a gente vem arriscando numa peça e outra, mas eu fico muito feliz que a gente tem uma cláusula de success fee, que todas as vezes a gente bate essa cláusula, porque a coleção se esgota, e a demanda é muito grande. Então já é sonho que vem se realizando, já foi realizado e a cada coleção se realiza, e eu torço para continuar se realizando. Porque você pode bater a sua meta, você pode trazer peças interessantes, confortáveis, gostosas, chiques e conseguir vender tudo, e ainda mais com o time criativo da Aramis, que me ajuda a elevar o nível de tudo que eu penso, é uma parceria realmente fora do comum.
Richard Stad
Porque uma collab em jeans, já que a Aramis vem trazendo nos últimos tempos uma moda com mais conforto, com mais materiais inteligentes? Nós temos evoluído o posicionamento da Aramis como casual sofisticado que sim, traz inovação de tecidos, traz funcionalidades, mas o jeans é há muitos anos uma peça icônica no guarda-roupa masculino, que é o nosso perfil de consumidor. Nós sempre vendemos jeans, mas queríamos uma oportunidade depois do reposicionamento da marca, em que a gente teve essa evolução. O jeans era uma categoria super relevante e que tinha muito espaço para se conectar com a evolução das nossas outras categorias, como as camisas de malha, o fio Pima. Para tudo que colocamos de produto, temos que pensar no guarda-roupa do homem e em como vamos entregar valor e completar essa jornada dele. Então, fazia muito sentido se aprofundar mais no jeans, e é aí que vem um trabalho muito mais robusto de contratação de time, de olhar e refazer modelagens, pensar em novas lavanderias, novos formatos de tecido e relançar o jeans. Já vendíamos jeans há muitos anos, e gostamos de provocar, se questionar e pensar: “Como a gente apresenta o que a gente já tinha, mas refeito?”. Precisamos apresentar o que tem por trás do jeans para o nosso consumidor que já compra a marca ou novos consumidores, o que tem por trás da marca…todo o trabalho que a gente faz para poder, na hora que o cliente provar, sentir a diferença.
A linha traz jeans mais tradicionais, mas também jaquetas oversized e macacões. O quanto você considera essa uma linha mais fashion? Com certeza é. Pensando no mercado nacional, nós temos uma cultura de um jeans mais ajustado no corpo. Isso foi construído há muitos anos e, quando eu penso na marca, com potencialmente nesse ano 120 lojas e 1200 multimarcas, nós temos que entregar produtos para atender a moda atual, e também para atender o consumidor nacional, que está evoluindo. Nós temos esse papel, como uma marca de moda com a nossa capilaridade e posicionamento, de trazer esse conhecimento. Então, quando a gente olha uma jaqueta oversized, uma calça também mais oversized e macacões, nós estamos trazendo para o nosso consumidor e para o mercado o que são as novas tendências fashion. Nós temos essa responsabilidade de trazer esse produto e, ao mesmo tempo, criar a nossa coleção para atender as necessidades dos nossos consumidores. Eu falo muito que a Aramis tem esse lugar de ser o amigo mais descolado da turma, mas ainda fazer parte da turma. É esse amigo descolado que sempre está trazendo o que tem de tendência, mas que dialoga com a turma que ele faz parte, eu vejo muito a Aramis nesse papel. Então, trazer as jaquetas oversized, macacões, são exemplos práticos em produtos, além do que a gente faz de comunicação e conteúdo, para poder estar nesse lugar.
Quais foram algumas contribuições mais específicas do Cauã? Bom, o Cauã tem um olhar muito interessante de moda, ele conecta com filmes, ele conecta com arte, ele tem uma veia criativa de olhar para um produto e falar: “Eu vi isso em um lugar e nunca mais encontrei”, “eu pensei num filme, em uma jaqueta que eu acho que faz sentido”. Ele viajou para as semanas de moda, tem um olhar muito criativo, muito curioso, o que, obviamente, impulsiona bastante esse potencial de fazer as collabs juntos.
A parceria com o Cauã tem quase dois anos. O que foi mais rico para você nessa troca até agora? O que você aprendeu com ele e o que acha que ele aprendeu com você? Realmente, nossa parceria já está aí há quase dois anos e são muitas coisas, sabia? Acho que a primeira é que eu acredito no poder das conexões e, de alguma maneira, até estava falando no telefone com ele ontem, nós nos conectamos como indivíduos, como seres humanos que têm valores similares. Não é só sobre trabalho, quando você se conecta além do trabalho, mas com outros temas relevantes de vida, você cria algo mais profundo. Eu sinto que isso é uma coisa muito importante para os dois, com certeza. Além do que ele fez com a Aramis, de pensar conexões, trazer criatividade, pensar em roteiros de comunicação para poder trazer o olhar dele, a impressão dele para o que produzimos juntos, acho que tem uma troca de visão de mundo, de disciplina, de esporte, de intenção, de valores. Teve algo maior do que simplesmente o olhar de moda, coleção e visão como um artista que ele é, é um complemento muito bom.
Houve pontos de discordância até agora em alguma coleção? Como diferentes pontos de vista sobre a parte criativa são conciliados nessas situações? Não teve discordância, eu vejo que tem uma complementaridade de olhares. Ele traz o que ele enxerga e o que faz sentido na visão dele e nós temos um time muito bom de produto que consegue tangibilizar e ter esse lugar de troca. Eu não vejo uma discordância, eu vejo uma complementaridade de visões distintas em prol de uma clareza de entrega de valor. Ele é uma pessoa muito profissional, que quer realmente que a marca e o consumidor vejam valor na entrega que estamos fazendo. Ele é muito profissional e isso, para mim, trouxe algo muito positivo, porque essa a mentalidade de entrega, de querer fazer bem-feito, nós também dentro do nosso DNA, acho que foi um match muito bom.
Pode especificar mais como é o contrato com ele? Duração, se tem um número determinado de coleções, como funciona a remuneração? Nós mantivemos o contrato com ele igual o anterior. Ele tem um valor fixo e um success fee sobre a performance de faturamento da companhia, para ter esse alinhamento de não só fazer uma campanha bonita, mas ter a empolgação e o acompanhamento de ver como está performando a companhia, como estão vendendo as coleções, isso traz um alinhamento de valor muito bom.
Qual será a próxima coleção collab com o Cauã? Nós ficamos muito focados nessa collab de jeans, que é um território entendemos que para a Aramis seria muito importante ganhar mais notoriedade em relação não só no produto, mas na comunicação. Se você percebe a campanha da marca, ela foi muito pensada para trazer novos consumidores também, que talvez não tinham percebido essa transformação do nosso negócio. Uma campanha dessa, com atitude, com movimento, com dança, mostrando a elasticidade do jeans, a funcionalidade, coloca a marca em mais um território importante na construção dessa jornada de ser o destino número um de lifestyle dos homens. Então, nós ficamos muito focados nessa campanha, nessa collab, para entregar algo com muito valor.