Casa de Tereza, em Salvador (BA), está entre os eleitos como melhores restaurantes do Brasil (Casa de Tereza/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 15 de setembro de 2022 às 08h00.
Curioso para saber quais são os melhores restaurantes do nordeste brasileiro? Para resolver essa questão, CASUAL Exame selecionou os representantes da boa gastronomia em diferentes estados da região que foram reconhecidos por especialistas dos 100 Melhores Restaurantes do Brasil. Confira!
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O restaurante do chef Fabrício Lemos só trabalha com menu degustação, a 220 reais. São 14 etapas, sempre precedidas por um shot de cachaça — incrementada com seriguela, por exemplo. As ostras ao molho béarnaise com vinho tinto e o capelete de pato servido com magret da ave e nacos de polvo dão uma pista da experiência completa. Que culmina com duas sobremesas criadas pela chef pâtissière Lisiane Arouca, mulher de Lemos e uma sumidade no assunto.
Como adaptar uma proposta como essa ao delivery, a única saída possível nos meses mais duros da quarentena? “Foi impossível”, lembra Lemos, que, para driblar o inevitável prejuízo da pandemia, passou a se oferecer para cozinhar na casa dos clientes. De lá para cá, comandou mais de 100 jantares do tipo, para até 50 pessoas por vez.
O faturamento do Origem já é o mesmo de antes da pandemia, mas há outra ameaça no horizonte: a inflação em alta. “Para não afastar os clientes, faço o possível para não repassar os custos”, diz o chef. “Lagosta, por exemplo, não entra mais no cardápio, pois o preço dela está impraticável.” Ele e a mulher comandam mais três empreendimentos em Salva[1]dor: o bar Gem e os restaurantes Ori e Omi. Em junho, a dupla pretende inaugurar mais um, o Origem Lab, só para 20 pessoas e também só com menu degustação.
Alameda das Algarobas, 74, Pituba, Salvador
https://restauranteorigem.com.br
Esqueça qualquer clichê da culinária tradicional baiana: o casal Dante e Kafe Bassi criou receitas que parecem fugir completamente das influências locais – ainda que o Manga tenha fortes relações com ingredientes da região, além de pães, sorvetes, charcutaria de produção própria. E até mesmo ervas e temperos são cultivados no terraço do restaurante. Para conhecer as inovações dos chefs, há duas opções de menu degustação: de sete etapas (195 reais) e doze etapas (290 reais). Além da inusitada ostra com sorvete de pimenta e gel de tomate à sopa de siri-boia, há pratos à la carte e coquetéis.
Rua Professora Almerinda Dultra, 40, Rio Vermelho, Salvador
https://www.mangamar.com.br/
É verdade que a história da Taberna Japonesa Quina do Futuro vem de longa data: essa é a segunda geração no comando do tradicional restaurante recifense. Só que a reinvenção veio em 1997, com a gestão de André Saburo Matsumoto – que assumiu o negócio de onze anos em plena crise. E, desde então, o chef já se tornou verdadeira referência gastronômica, ainda que não esteja tão presente no dia a dia por (um doloroso reflexo do reconhecimento). Do balcão saem desde o combinado de doze peças variadas para degustação (139 reais) até combos executivos acessíveis no almoço (69 reais).
Rua Xavier Marques, 134, Aflitos, Recife
http://www.quinadofuturo.com.br/
Mais que preparar comidas saborosas, o Dona Mariquita presta um serviço ao resgatar receitas que eram servidas em feiras livres e barracas de rua pela Bahia. E, não à toa, o cardápio é dividido pelas influências gastronômicas – como “comida de baiano” ou de origens africanas. Toda a experiência é fiel à proposta de Leila Carreiro, que fundou o restaurante em 2016 e, até hoje, comanda a cozinha no boêmio bairro do Rio Vermelho. Há desde clássicos, como mini acarajés com vatapá e camarões secos (por 55 reais), até arroz de coco com molho de camarão e carne seca para dois (130 reais).
Rua do Meio, 178, Rio Vermelho, Salvador
https://donamariquita.com.br/
Entre se manter religiosamente fiel à culinária local e criar identidade própria, o restaurateur Edinho Engel seguiu pela segunda opção. E realizou isso com maestria: o cardápio do Amado é recheado de criações próprias, mas sem ignorar ingredientes que vêm frescos da baía de Todos os Santos, como lambretas e mariscos ao vinho branco (72 reais) ou casquinha de aratu com farofa de licuri (38 reais) – também chamada de palmeira sertaneja. Também há surpresas, como o cupim prensado à cavala (110 reais) e galinhada de pato (98 reais), sempre acompanhados da paisagem de tirar o fôlego.
Avenida Lafayete Coutinho, 660, Comércio, Salvador
http://www.amadobahia.com.br/
É no colorido imóvel da década de 1950 que Yuri Machado recebe os clientes como se estivessem na própria casa. Por isso, não espere formalidades: há meses internas ou no quintal interno, às sombras de árvores; além de entradas, lanches, pratos individuais ou para compartilhar. É verdade que parte das mudanças vieram na pandemia – quando o cardápio ganhou opções para quem só quer beliscar. Nada que destoe da proposta descontraída, que se destaca tanto pelo nhoque de inhame com ragu de chambaril (55 reais) como pelos guiozas de camarão com caruru e caldo de tucupi (37 reais).
Rua Carneiro Viléla, 648, Aflitos, Recife
https://www.facebook.com/vempracaja/
Dá para dizer que o Ori é fruto do restaurante Origem. Mas a dupla Fabrício Lemos e Lisiane Arouca conseguiu dar identidade própria à segunda empreitada: receitas mais “pé no chão” e cardápio à la carte – enquanto o precursor oferece apenas o menu degustação –, sempre com forte referência à gastronomia baiana. Prova disso é o abarajé (35 reais), criação da casa que reúne duas das receitas mais tradicionais da região; e a carne de sol com tropeiro de cuscuz e pirão de leite (89 reais). Existe até uma feijoada com frutos do mar, feijão branco e arroz de coco para compartilhar (159 reais).
Avenida Santa Luzia, 656, Horto Florestal, Salvador
https://www.orirestaurante.com.br/
Como o próprio nome indica, o ponto-forte do restaurante comandado por Ricardo Silva é a carne, ainda que a relação com o carvão seja mais próxima que o comum: o cozinheiro prepara os cortes diretamente sobre brasa – que garante mais crosta e sabor defumado. Na lista de inovações, o chef também já maturou peças de bife ancho na cera de abelha por 90 dias. Por outro lado, há preparos cotidianos, como fraldinha (300g por 137 reais), chorizo (300g por 109 reais), e prime ribs (500g por 208 reais), todos com acompanhamentos. E, na semana, existe até menu executivo (64 reais).
Rua Professor Sabino Silva, 5, Chame-Chame, Salvador
https://www.instagram.com/restaurantecarvao/
Não faltam paisagens de tirar o fôlego em Salvador (BA), mas poucos restaurantes são privilegiados como o Chez Bernard – com paredes envidraçadas de frente para a baía de Todos os Santos. E ainda existe uma boa dose de tradição por trás disso, já que esse foi o primeiro representante da culinária francesa na cidade, fundado em 1963. Desde então, mudou de donos e passou por reformas, mas a essência continua igual. Prova disso é que o cardápio tem ícones como moules frites (72 reais), steak tartare (69 reais), coq au vin (91 reais), filet béarnaise (118 reais) e até sopa de cebola (58 reais).
Rua Gamboa de Cima, 11, Dois de Julho, Salvador
https://www.instagram.com/chezbernard/
Não haveria localização melhor para um descontraído restaurante espanhol: o boêmio bairro do Rio Vermelho, em Salvador (BA). Da cozinha comandada por Jose Morchon, nascido em Valladolid, saem pratos tradicionais de taperias, como pulpo a la gallega (61 reais), patatas bravas (38 reais), gambas al ajillo (54 reais) e croquetas (seis unidades por 54 reais) – e o ideal é pedir para dividir entre todos. Além disso, existe uma carta de vinhos, sangrias, coquetéis e cervejas de fazer inveja a muitos bares tradicionais. Para completar esse pacote, o antigo casarão está de frente para o mar da Bahia.
Rua da Paciência, 251, Rio Vermelho, Salvador
https://www.facebook.com/LaTaperiaSalvadorDeBahia
Dá para dizer que a Oficina do Sabor é parada obrigatória para quem visita Olinda (PE): o casarão no centro histórico tem decoração típica – de guarda-sóis de frevo ao tradicional boneco gigante –, e as vistas privilegiadas de toda a região. Mesmo assim, o restaurante não é “caça-turistas”, como prova o cardápio assinado por César Santos, com pratos pernambucanos reimaginados com maestria. Esse é o exemplo do tartar ao sol (48 reais), versão reimaginada da receita francesa com carne de sol; e o cabrito à caçadora (123 reais), de inspiração italiana. Mas, é claro, também há pratos clássicos.
Rua do Amparo, 335, Amparo, Olinda
http://www.oficinadosabor.com/
Tudo começou como uma rotisseria italiana, aberta em 2012, na qual os clientes poderiam comprar os produtos para consumir fora. Mas o reconhecimento da cozinha levou a uma evolução natural: a criação do restaurante – que depois deu origem à padaria e à mercearia que também funcionam ali. E o foco continua nas receitas clássicas, desde o pão servido com alho confitado, alichela, caponata e sardela (48 reais) até o polpetone (30 reais). Claro que as massas têm destaque, como o ravioli de búfala (54 reais), favorito do público, mas também há carnes grelhadas e a ótima salada caprese.
Rua Professora Almerinda Dultra, 67, Rio Vermelho, Salvador
https://pastaemcasa.com.br/
Parte da filosofia do Ponto Nova já se reflete na própria arquitetura: a casa com estilo tradicional dos anos 1960 no Recife (PE) teve pontuais intervenções contemporâneas para se destacar dos vizinhos. E o cardápio segue pela mesma linha, com receitas que soam familiares, ainda que reinventadas por Joca Pontes. É assim com o Ovo Molê – chamado “ovo imperfeito” pelo chef – sobre pirão de queijo, açafrão da terra, bacon e farofa de ervas (27 reais); do pescado marinado em limão com aioli, manga e castanhas (35 reais); ou da alcatra com mousseline, macaxeira e vegetais salteados (56 reais).
Rua do Cupim, 172, Graças, Recife
https://restaurantepontenova.com.br/
Não é exagero dizer que o restaurante criado por Seu Luna – assim como ele próprio – já se tornou uma figura folclórica no Recife (PE). E, depois de 34 anos, o cardápio se mantém fiel às receitas que remetem à culinária nordestina, como chambaril, a versão brasileira do italiano ossobuco (46 reais); dobradinha (30 reais); cabrito guisado (42 reais); e até sarapatel (28 reais). Mas existem novidades: desde o fim do ano passado, a tradicional cozinha também passou a atender outra unidade, aberta na zona norte da capital recifense, com projeto renomado e cheio de referências ao original.
Rua Saldanha Marinho, 645, Ipsep, Recife
Rua da Hora, 348, Espinheiro, Recife
https://www.instagram.com/seulunarestaurante/
É na beira do lago – que pertence a um parque de wakeboard – que o Zoi propõe a conexão com a natureza ao redor. Prova disso é a decoração minimalista rodeado por paredes de vidro, que ainda garantem vista privilegiada do pôr do sol. Só que também vale guardar parte do entusiasmo para o cardápio, que capricha nas opções e na apresentação. Entre os clássicos, há camarão rosa grelhado sobre farofa de tapioca frita (97 reais) e cordeiro cozido durante 40 horas com cuscuz marroquino (69 reais), mas também dá para pedir menu de almoço (59 reais) e até combinados de sushi.
Avenida Hermenegildo Sá Cavalcante, S/N, Edson Queiroz, Fortaleza
https://colossofortaleza.com/zoi/
Poucos restaurantes conseguem inserir tanto significado nas receitas quando o Casa de Tereza – que traz constantes referências à cultura baiana e também às religiões de matriz africana. Tanto é que os menus degustação (330 reais para duas pessoas) homenageiam os Orixás e incluem até oferenda aos santos. No cardápio há pratos típicos da região, como as lascas de fumeiro em caramelo de laranja e cebolada (63 reais), além das generosas porções para duas pessoas do bobó de camarão (165 reais), da carne de sol com abóbora, aipim e feijão verde (143 reais) ou da moqueca de peixe (149 reais).
Rua Odilon Santos, 45, Rio Vermelho, Salvador
https://www.casadetereza.com.br/
Não é nenhuma novidade que o Fasano Salvador siga à risca as características que tornaram o grupo uma referência – o que é excelente. Além de o menu degustação com quatro massas artesanais e as principais sobremesas da casa (231 reais), é possível escolher a opção dedicada às carnes (396 reais), com cinco etapas. No cardápio, o restaurante aposta pelas receitas tradicionais italianas, quase sem intervenções, como é o caso do carpaccio alla Fasano (96 reais) com alcaparras e pinole; o fettuccine al ragú bolognese (104 reais); ainda que haja licença para a moqueca e outros pratos típicos.
Praça Castro Alves, 5, Centro Histórico, Salvador
https://www.fasano.com.br/gastronomia/fasano-salvador
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