Louvre retira obra por considerá-la sexualmente explícita
Não é só no Brasil que a liberdade de expressão na arte vem sendo atacada
Diogo Max
Publicado em 3 de outubro de 2017 às 14h57.
Última atualização em 3 de outubro de 2017 às 15h36.
São Paulo – Não é só no Brasil que a liberdade de expressão na arte vem sendo atacada.
O Louvre, um dos museus mais importantes do mundo, barrou uma obra porque a direção enxergou (aliás, difícil não ver) um conteúdo explicitamente sexual, preocupada com os comentários feitos pela internet.
A peça em questão chama-se “Domestikator”, criada pelo coletivo holandês Atelier Van Lieshout e que seria exibida a partir do dia 19 de outubro, no jardim Tuileries, na capital francesa, dentro da programação de uma feira de arte contemporânea.
De acordo com o Le Monde, a decisão do Louvre, que ocorreu na semana passada, foi motivada por discussões nas redes sociais. “Comentários online apontam que esta obra tem um aspecto brutal; ela arrisca ser mal compreendida pelos visitantes do jardim”, escreveu Jean-Luc Martinez, diretor do Louvre, em uma carta enviada para organização da feira e obtida pelo jornal francês.
O museu, ainda segundo a publicação, também se atentou para o local onde a obra seria instalada: perto de onde há uma concentração de crianças.
Em uma entrevista ao The New York Times, o fundador do coletivo holandês criticou a decisão do Louvre. “Um museu deveria ser um local aberto para comunicação. A tarefa do museu e da imprensa é explicar a obra”, disse Joep van Lieshout. “A peça em si não é realmente muito explícita. É uma forma muito abstrata. Não há genitais; é bem inocente”.
Animais
O Guggenheim em Nova York, outro museu de grande importância no mundo, decidiu retirar na semana passada três peças de uma exposição que vai estrear na próxima sexta-feira sobre a China.
Dessa vez, o motivo foi um tanto diferente: ativistas dos direitos dos animais fizeram uma petição online que tomou uma grande proporção na internet, com críticas a obras que têm o intuito de representar simbolicamente a opressão na China.
Em uma delas, de acordo com o New York Times, um vídeo mostra quatro pares de pitbulls em esteiras não-motorizadas, desafiando um ao outro, mesmo quando eles não conseguem se tocar; em outra, um outro vídeo mostra dois porcos se acasalando em frente ao público; e a última obra criticada pelo público apresentava centenas de grilos, besouros, lagartixas, cobras e outros insetos e répteis.
Em um comunicado, o Guggenheim justificou a decisão, afirmando que as obras estavam sendo removidas devido a uma preocupação com a equipe que trabalha no museu, os visitantes e os artistas participantes. “A liberdade de expressão sempre foi e permanecerá sendo um valor primordial do Guggenheim”.