"Lemonade", de Beyoncé, é uma poderosa ode a todas as negras
Beyoncé lançou Lemonade no último sábado. Ele é um cativante álbum visual com 12 faixas que imediatamente levou o mundo a lhe fazer uma reverência
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2016 às 21h13.
A espera chegou oficialmente ao fim. Beyoncé lançou Lemonade no último sábado na HBO e no Tidal. Ele é um cativante álbum visual com 12 faixas que imediatamente levou o mundo a lhe fazer uma reverência (salve Queen. B!)
A première do álbum durou uma hora e incluiu uma série de vídeos musicais amarrados criativamente com imagens estarrecedoras e letras contundentes que apenas Beyoncé seria capaz de cantar com tanta beleza.
Mas o que o torna mais belo talvez seja o fato de os vídeos que compõe o álbum serem carregados quase inteiramente por várias imagens de mulheres negras. Esta é uma iniciativa forte de Bey, que usa seu trabalho mais recente para validar a vivência das mulheres negras em todo lugar.
Ah, será que mencionei que o álbum tem uma cena de dança bem maneira com Serena Williams, que arrasa num body?
O trabalho mais recente de Beyoncé, em que nada é proibido ou reprimido, tem como principal pano de fundo o Sul profundo dos EUA e toca em vários temas importantes. O misto de canções que mexem na alma, imagens que assombram e poesia às vezes enigmática – boa parte dela de Warsan Shire – mostra a complexidade tanto de Bey, como artista, quanto dos temas tratados, que incluem a infidelidade, tristeza, amor, alegria, relacionamentos, condição feminina e negritude.
Há muito para analisar – algo que sem dúvida será feito em artigos reflexivos futuros – e algumas surpresas: Beyoncé chega a cantar uma canção country do tipo que fica na cabeça do ouvinte (se cuide, Taylor Swift!), Daddy Lessons, que fala de alguns dos temas mencionados acima.
O álbum visual destaca 12 músicas, cada uma sobre um tema distinto: indiferença, rejeição, raiva, intuição, vazio, redução, responsabilidade, reforma, perdão, ressurreição e contrapartida. Esses temas são interligados pelas histórias que Beyoncé narra em sua voz sulina sensual, tornando o álbum visual ainda mais forte e convincente.
As questões que Beyoncé explora são coisas vividas por todas as mulheres, em especial as mulheres negras, que ela intencionalmente coloca no primeiro plano das imagens do álbum.
Ela chega a evocar o falecido Malcom X na canção Don’t Hurt Yourself, em que cita uma frase poderosa de um dos discursos do líder negro:
A mulher mais desrespeitada da América é a mulher negra. A pessoa mais desprotegida da América é a mulher negra.
A mensagem de Beyoncé se mostra mais profunda que nunca na canção Freedom, que incluiu um verso do artista Kendrick Lamar.
A canção, que fala da negritude na América, inclui visuais incríveis de mulheres negras fortes que exigem orgulhosamente seus frohawks (moicanos afro) e outros penteados dinâmicos, em cenas que refletem e reafirmam sua beleza coletiva.
Freedom também é repleto de letras eletrizantes e imagens poderosas de mulheres negras que perderam homens negros em sua vida, incluindo Gwen Carr, Sybrina Fulton e Lezley McSpadden, mães de Eric Garner, Trayvon Martin e Michael Brown, respectivamente.
Liberdade, liberdade, onde você está? Porque eu também preciso de liberdade, Bey canta (Freedom, freedom, where are you? ‘Cause I need freedom, too). Vou continuar a correr, porque uma vencedora não desiste dela mesma.
Freedom se destaca também pelas participações de jovens estrelas influentes como Zendaya, Amandla Stenberg, Winnie Harlow e Quvenzhané Wallis.
Beyoncé já tinha exibido sua negritude declarada no primeiro single do álbum, Formation. Mas Lemonade, como um todo, é uma expressão ainda mais poderosa de tudo o que Beyoncé é.
O álbum visual conta a história de mulheres em toda parte, mas também parece refletir fortemente a história pessoal de Beyoncé, algo que a cantora, que preza sua privacidade, não comenta em público com frequência. O álbum mostra fotos de quando ela estava grávida de Blue Ivy, vídeos caseiros velhos de seu pai e um vídeo de seu casamento com Jay Z.
Lemonade também inclui uma mensagem que Beyoncé repassa e que recebeu de sua avó, mulher negra forte que lhe transmitiu uma receita simples. Beyoncé repete em uma parte do álbum:
Pegue meio litro de água, acrescente 220 gramas de açúcar, o suco de oito limões e raspas de um limão. Passe a água para um recipiente e depois para outro, várias vezes. Coe por um pano de prato limpo.
E continua:
Avó. Alquimista. Você teceu ouro a partir desta vida dura. Criou beleza a partir das coisas deixadas para trás. Encontrou a cura onde ela não vivia. Descobriu o antídoto em sua própria cozinha. Quebrou o feitiço com suas próprias mãos. Você passou essas instruções à sua filha, que as transmitiu à filha dela.
Parabéns, Queen B.
A espera chegou oficialmente ao fim. Beyoncé lançou Lemonade no último sábado na HBO e no Tidal. Ele é um cativante álbum visual com 12 faixas que imediatamente levou o mundo a lhe fazer uma reverência (salve Queen. B!)
A première do álbum durou uma hora e incluiu uma série de vídeos musicais amarrados criativamente com imagens estarrecedoras e letras contundentes que apenas Beyoncé seria capaz de cantar com tanta beleza.
Mas o que o torna mais belo talvez seja o fato de os vídeos que compõe o álbum serem carregados quase inteiramente por várias imagens de mulheres negras. Esta é uma iniciativa forte de Bey, que usa seu trabalho mais recente para validar a vivência das mulheres negras em todo lugar.
Ah, será que mencionei que o álbum tem uma cena de dança bem maneira com Serena Williams, que arrasa num body?
O trabalho mais recente de Beyoncé, em que nada é proibido ou reprimido, tem como principal pano de fundo o Sul profundo dos EUA e toca em vários temas importantes. O misto de canções que mexem na alma, imagens que assombram e poesia às vezes enigmática – boa parte dela de Warsan Shire – mostra a complexidade tanto de Bey, como artista, quanto dos temas tratados, que incluem a infidelidade, tristeza, amor, alegria, relacionamentos, condição feminina e negritude.
Há muito para analisar – algo que sem dúvida será feito em artigos reflexivos futuros – e algumas surpresas: Beyoncé chega a cantar uma canção country do tipo que fica na cabeça do ouvinte (se cuide, Taylor Swift!), Daddy Lessons, que fala de alguns dos temas mencionados acima.
O álbum visual destaca 12 músicas, cada uma sobre um tema distinto: indiferença, rejeição, raiva, intuição, vazio, redução, responsabilidade, reforma, perdão, ressurreição e contrapartida. Esses temas são interligados pelas histórias que Beyoncé narra em sua voz sulina sensual, tornando o álbum visual ainda mais forte e convincente.
As questões que Beyoncé explora são coisas vividas por todas as mulheres, em especial as mulheres negras, que ela intencionalmente coloca no primeiro plano das imagens do álbum.
Ela chega a evocar o falecido Malcom X na canção Don’t Hurt Yourself, em que cita uma frase poderosa de um dos discursos do líder negro:
A mulher mais desrespeitada da América é a mulher negra. A pessoa mais desprotegida da América é a mulher negra.
A mensagem de Beyoncé se mostra mais profunda que nunca na canção Freedom, que incluiu um verso do artista Kendrick Lamar.
A canção, que fala da negritude na América, inclui visuais incríveis de mulheres negras fortes que exigem orgulhosamente seus frohawks (moicanos afro) e outros penteados dinâmicos, em cenas que refletem e reafirmam sua beleza coletiva.
Freedom também é repleto de letras eletrizantes e imagens poderosas de mulheres negras que perderam homens negros em sua vida, incluindo Gwen Carr, Sybrina Fulton e Lezley McSpadden, mães de Eric Garner, Trayvon Martin e Michael Brown, respectivamente.
Liberdade, liberdade, onde você está? Porque eu também preciso de liberdade, Bey canta (Freedom, freedom, where are you? ‘Cause I need freedom, too). Vou continuar a correr, porque uma vencedora não desiste dela mesma.
Freedom se destaca também pelas participações de jovens estrelas influentes como Zendaya, Amandla Stenberg, Winnie Harlow e Quvenzhané Wallis.
Beyoncé já tinha exibido sua negritude declarada no primeiro single do álbum, Formation. Mas Lemonade, como um todo, é uma expressão ainda mais poderosa de tudo o que Beyoncé é.
O álbum visual conta a história de mulheres em toda parte, mas também parece refletir fortemente a história pessoal de Beyoncé, algo que a cantora, que preza sua privacidade, não comenta em público com frequência. O álbum mostra fotos de quando ela estava grávida de Blue Ivy, vídeos caseiros velhos de seu pai e um vídeo de seu casamento com Jay Z.
Lemonade também inclui uma mensagem que Beyoncé repassa e que recebeu de sua avó, mulher negra forte que lhe transmitiu uma receita simples. Beyoncé repete em uma parte do álbum:
Pegue meio litro de água, acrescente 220 gramas de açúcar, o suco de oito limões e raspas de um limão. Passe a água para um recipiente e depois para outro, várias vezes. Coe por um pano de prato limpo.
E continua:
Avó. Alquimista. Você teceu ouro a partir desta vida dura. Criou beleza a partir das coisas deixadas para trás. Encontrou a cura onde ela não vivia. Descobriu o antídoto em sua própria cozinha. Quebrou o feitiço com suas próprias mãos. Você passou essas instruções à sua filha, que as transmitiu à filha dela.
Parabéns, Queen B.