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Leão de Ouro vai pela primeira vez para documentário

O documentário italiano 'Sacro Gra' surpreendentemente levou o Leão de Ouro na 70ª edição do Festival de Veneza


	Diretor italiano Gianfranco Rosi segurando o Leão de Ouro
 (REUTERS/Alessandro Bianchi)

Diretor italiano Gianfranco Rosi segurando o Leão de Ouro (REUTERS/Alessandro Bianchi)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2013 às 18h05.

Veneza - O documentário italiano 'Sacro Gra' surpreendentemente levou o Leão de Ouro na 70ª edição do Festival de Veneza, que premiou duas vezes o grego 'Miss Violence', de Alexandro Avranas, com o Leão de Prata de melhor diretor e a Copa Volpi, prêmio de melhor ator para Themis Panou.

Um histórico que surpreendeu muito, como já tinha anunciado o presidente do júri, Bernardo Bertolucci, na entrevista coletiva do primeiro dia, especialmente para o prêmio principal, um polêmico Leão de Ouro que volta à Itália depois de 15 anos de seca e primeiro para um documentário, gênero que estreou na competição este ano.

Gianfranco Rosi conseguiu o Leão com sua história sobre o 'Grande Raccordo Anular', a autoestrada que rodeia Roma, percorrida pelo diretor durante dois anos para mostrar quem forma o submundo da capital italiana.

'Todo o júri sentiu a força poética do filme de Rosi', afirmou Bertolucci em entrevista coletiva após a premiação, ao contar que 'o Leão de Ouro escolhido com muito entusiasmo e com um acordo na primeira votação, sem unanimidade', mas sem oposição de nenhum membro do júri.

O filme de Rosi, acrescentou Bertolucci, 'é surpreendente por ter se aproximado com muito estilo desse mundo, desses personagens, desse espaço, com algo de franciscano. Não sou particularmente religioso, mas acho que tem uma qualidade de pureza e me vem à mente Francisco'.

E junto do filme de Rosi o longa mais elogiado pelo júri foi 'Miss Violence', do grego Avranas, uma história dura, contada sem subterfúgios nem adornos, de uma terrível violência no seio familiar.


Avranas conseguiu o Leão de Prata de melhor diretor e o protagonista do filme, Themis Panou, a Copa Volpi de melhor ator por seu demolidor papel de patriarca de uma família que afunda no silêncio e na vergonha com o suicídio da caçula da família, uma menina de onze anos.

O ator dedicou o prêmio a todas as pessoas que em algum momento da vida passaram por esse drama.

'Algum membro do júri tinha pensado em dar o prêmio de melhor ator e outros o de melhor atriz para (Donald) Rumsfeld', brincou Bertolucci sobre o documentário de Errol Morris que levou para Veneza um retrato do ex-secretário de Defesa americano.

A italiana Elena Cotta, de 82 anos, foi a ganhadora da Copa Volpi por sua interpretação em 'Via Castelhana Bandiera', de Emma Dante.

Cotta protagoniza no filme um duelo com outra mulher, cada uma conduzindo um carro, que se encontram frente a frente em uma rua que só cabe uma delas.

Uma história que agradou ao júri porque 'o encontro destas duas mulheres representa o encontro de duas identidades em sua essência primitiva'.

O prêmio especial do júri foi para 'Die Frau des Polizisten' (A mulher do policial, em tradução livre), de Philip Gröning, mal recebido no Festival e que, como 'Miss Violence', fala sobre violência doméstica de forma inovadora e onde as imagens são muito mais importantes que as palavras.

O filme favorito em Veneza, 'Philomena', de Stephen Frears, teve que se conformar com o prêmio de melhor roteiro, um brilhante trabalho de Jeff Pope e Steve Coogan, que também protagonizou o longa ao lado de Judi Dench, grande aposta para a Copa Volpi.

E o Grande Prêmio do Júri, o mais aplaudido da noite, foi para a desoladora história de desigualdades sociais 'Jiayou', de Tsai Ming-Liang, cineasta que anunciou em Veneza que abandonará o cinema por causa da incompreensão que sente de sua arte.

O júri também entregou o prêmio Marcello Mastroianni para Ator mais Promissor para o jovem Tye Sheridan por 'Joe', de David Gordon Green, protagonizado por Nicolas Cage.

O que ficou claro hoje na cerimônia de entrega de prêmios foi que o ganhador do 70º Festival de Veneza foi Bernardo Bertolucci, recebido por toda a sala de pé no momento mais emocionante da noite.

É possível perceber o dedo do cineasta em todas as eleições de um histórico marcadamente italiano que evitou ao cinema mais convencional, como o representado por Frears e que, pela primeira vez na história de Veneza, entregou o Leão de Ouro a um documentário.

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