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Latinos brilham na 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

Guatemalteco Jayro Bustamante, vencedor do prêmio Alfred Bauer, no Festival de Berlim, participa da Mostra com dois novos filmes

Pôster da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Nina Pandolfo/Reprodução)

Pôster da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Nina Pandolfo/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de outubro de 2019 às 11h15.

Viva a America Nuestra - os latinos participam com brilho da programação da 43ª Mostra. Em 2015, Jayro Bustamante colocou a Guatemala no mapa do cinema mundial ao vencer o prêmio Alfred Bauer, à melhor contribuição artística, no Festival de Berlim com o belíssimo Ixcanul.

Não representa pouco que, quatro anos depois, ele esteja de volta à Mostra com dois novos filmes. A atual República da Guatemala foi o centro da civilização maia entre os séculos 4 e 9. Localiza-se na América Central, ao sul do México e possui um pequeno território sujeito a terremotos e cortado por serras e cordilheiras, em que existem vulcões ativos.

Num certo sentido, é a legítima República das Bananas, porque a agricultura é sua principal atividade econômica, e as áreas férteis são dominadas pela produção de café, açúcar e bananas. O cinema sempre foi um luxo no país, e as telas, colonizadas pela produção do México e de Hollywood.

Bustamante quebrou a tradição. Está na Mostra por meio de Tremores/Temblores e La Llorona. Nesta segunda-feira,28, também tem o argentino A Odisseia dos Tontos, de Sebastián Borensztein, com os Darín, pai e filho, Ricardo e Chino, e o brasileiro Pacificado, que o norte-americano - texano - Paxton Winters realizou numa favela do Rio.

Apesar das diferenças, são filmes que abrem janelas muito interessantes, e ricas, e complexas, para se entender um pouco como andam as relações na América Latina. Tremores integrou a programação do Panorama, em Berlim, em fevereiro. La Llorona esteve em Veneza.

O primeiro foi definido como o drama gay do autor. Um homem casado, família de bem (e bens), sai do armário e assume a relação com outro homem. A família, que frequenta uma igreja evangélica, recorre ao pastor para fazer a cura gay.

O filme é forte como seu tema exige. La Llorona marca uma mudança - em termos - para o autor. Sendo sua incursão pelo cinema de gênero, o terror, representa a tentativa de fazer um cinema com maior apelo ao grande público. É ótimo.

Terror político

De cara, a garota pergunta aos pais - por que estão falando mal de vovô na internet? Vovô é um ex-militar inspirado num personagem real. Foi um monstro, torturador, o terror dos inimigos. Possui um segurança - o ator que faz o gay (des)enrustido de Tremores, Juan Pablo Olyslager.

Chega essa nova doméstica, Maria Mercedes Coroy, a virgem consagrada de Ixcanul. Será ela a libertar os fantasmas do passado, que vão assolar a casa e desestruturar tudo - a mente do avô, a família como um todo? Justamente, a família - está no centro das preocupações de Bustamante.

Pelos corredores da casa, ouvem-se os soluços da "chorona", a mãe que matou os filhos e carrega sua maldição pela eternidade. É um outro foco para a figura que, este ano, já produziu um (bom) siinoff/ derivado da série Invocação do Mal.

A Odisseia dos Tontos concorre à indicação, pela Argentina, para o Oscar. Logo na abertura, Ricardo Darín pergunta o que aconteceria se os "tontos" se cansassem de ser explorados - pelo "sistema" - e reagissem? Como no episódio de Relatos Selvagens, ele e um grupo põem para quebrar e explodem o mundo.

Bem divertido, e é muito bom ver pai e filho, Ricardo e Chino Darín, contracenando. Pacificado já foi descartado como mais do mesmo. Trata-se de uma leitura equivocada. É a subversão do mesmo - um outro olhar para o tema da luta pelo poder nas comunidades. A grande questão - pacificado é o morro, ou o personagem de Bukassa Kabengele? Outro filme forte, e com ótimo elenco.

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