Lars von Trier promove Ninfomaníaca em Berlim
Pegando carona no escândalo que produziu em Cannes, ao atacar Israel e dizer que entendia Hitler, ele manteve sua decisão de não mais dar entrevistas
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2014 às 08h55.
Berlim - Na recente Mostra de Tiradentes, mercado e marketing foram demonizados como inimigos do cinema de autor. Mas se esqueceram de avisar a Lars von Trier. Um dos mais radicais autores do cinema na atualidade - o mais?, Lars também é um marqueteiro de primeira.
Confirmou-o mais uma vez. Pegando carona no escândalo que produziu em Cannes , há um par de anos, ao atacar Israel e dizer que entendia Hitler, durante a entrevista coletiva de Melancolia, ele manteve sua decisão de não mais dar entrevistas em festivais, mas veio à Berlinale para assistir à versão longa - a sua versão - de Ninfomaníaca Volume 1.
E mais, deixou-se fotografar com sua produtora Louise Vesth e seu elenco usando uma camiseta preta provocativa. Sob o emblema da Palma de Ouro (de Cannes), uma frase - Persona Non Grata.
Lars von Trier não é nenhuma unanimidade e ainda bem. Nelson Rodrigues dizia que toda unanimidade é burra. Em Cahiers du Cinéma de fevereiro, para elogiar Lilith, de Robert Rossen - outra história de ninfomaníaca, dos anos 1960, Florent Guézengar refere-se, pejorativamente, à última vacherie de Von Trier.
O primeiro volume de Ninfomaníaca - o segundo já estreou na Europa e chega ao Brasil em março - ganhou mais 25 minutos. O que muda na tela? Na ausência do diretor, sua produtora explicou. "As cenas de sexo não apenas ficaram mais longas, como estão mais bem contextualizadas. Com isso, o filme adquire novo tom."
A entrevista teve lances curiosos. A atriz Stacy Martin, que faz a protagonista - Charlotte Gainsbourg - quando jovem, disse que estrear no cinema com um papel desses supera a expectativa de qualquer atriz. Ela leu o roteiro, achou ousado, ficou assustada, mas tendo visto os demais filmes de Von Trier - e sendo sua admiradora - não hesitou.
Indagado sobre as cenas de sexo, Shia LaBeouf irritou-se. Certamente inspirado na metáfora da pescaria do filme, disse que quem está acostumado a sardinha em lata não tem paladar para outros peixes. E se levantou da mesa da coletiva e foi embora.
O elenco que permaneceu (Stellan Skarsgard, Uma Thurman, Christian Slater e a bela Stacy) foi unânime. Lars von Trier é tão gentil e cria uma relação de confiança tão grande com os atores que eles fazem tudo o que diretor lhes pede.
"Não se recusa nada a um diretor como Lars", disse Christian Slater. E Uma: "Tive a melhor experiência de minha vida. E olhem que decorar aquele texto de sete páginas, resumindo a fúria de uma mulher ultrajada, não foi nada fácil".
O Palast lotou na hora da sessão de imprensa e, na coletiva, nem que a sala tivesse o dobro de lugares conseguiria acomodar todo mundo. Interrogada sobre as concessões que Lars é obrigado a fazer - alô, Tiradentes -, disse que ele não faz concessão nenhuma. Faz os filmes que quer, como quer.
Tem sido assim e ela espera que continue por muitos anos. Financiadores não faltam para as diatribes do autor dinamarquês. E - sim - a partir da cena de Uma Thurman e, depois, a agonia do pai e o Bach (Cantus Primus) do desfecho, o filme ficou melhor ainda (como se fosse possível). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Berlim - Na recente Mostra de Tiradentes, mercado e marketing foram demonizados como inimigos do cinema de autor. Mas se esqueceram de avisar a Lars von Trier. Um dos mais radicais autores do cinema na atualidade - o mais?, Lars também é um marqueteiro de primeira.
Confirmou-o mais uma vez. Pegando carona no escândalo que produziu em Cannes , há um par de anos, ao atacar Israel e dizer que entendia Hitler, durante a entrevista coletiva de Melancolia, ele manteve sua decisão de não mais dar entrevistas em festivais, mas veio à Berlinale para assistir à versão longa - a sua versão - de Ninfomaníaca Volume 1.
E mais, deixou-se fotografar com sua produtora Louise Vesth e seu elenco usando uma camiseta preta provocativa. Sob o emblema da Palma de Ouro (de Cannes), uma frase - Persona Non Grata.
Lars von Trier não é nenhuma unanimidade e ainda bem. Nelson Rodrigues dizia que toda unanimidade é burra. Em Cahiers du Cinéma de fevereiro, para elogiar Lilith, de Robert Rossen - outra história de ninfomaníaca, dos anos 1960, Florent Guézengar refere-se, pejorativamente, à última vacherie de Von Trier.
O primeiro volume de Ninfomaníaca - o segundo já estreou na Europa e chega ao Brasil em março - ganhou mais 25 minutos. O que muda na tela? Na ausência do diretor, sua produtora explicou. "As cenas de sexo não apenas ficaram mais longas, como estão mais bem contextualizadas. Com isso, o filme adquire novo tom."
A entrevista teve lances curiosos. A atriz Stacy Martin, que faz a protagonista - Charlotte Gainsbourg - quando jovem, disse que estrear no cinema com um papel desses supera a expectativa de qualquer atriz. Ela leu o roteiro, achou ousado, ficou assustada, mas tendo visto os demais filmes de Von Trier - e sendo sua admiradora - não hesitou.
Indagado sobre as cenas de sexo, Shia LaBeouf irritou-se. Certamente inspirado na metáfora da pescaria do filme, disse que quem está acostumado a sardinha em lata não tem paladar para outros peixes. E se levantou da mesa da coletiva e foi embora.
O elenco que permaneceu (Stellan Skarsgard, Uma Thurman, Christian Slater e a bela Stacy) foi unânime. Lars von Trier é tão gentil e cria uma relação de confiança tão grande com os atores que eles fazem tudo o que diretor lhes pede.
"Não se recusa nada a um diretor como Lars", disse Christian Slater. E Uma: "Tive a melhor experiência de minha vida. E olhem que decorar aquele texto de sete páginas, resumindo a fúria de uma mulher ultrajada, não foi nada fácil".
O Palast lotou na hora da sessão de imprensa e, na coletiva, nem que a sala tivesse o dobro de lugares conseguiria acomodar todo mundo. Interrogada sobre as concessões que Lars é obrigado a fazer - alô, Tiradentes -, disse que ele não faz concessão nenhuma. Faz os filmes que quer, como quer.
Tem sido assim e ela espera que continue por muitos anos. Financiadores não faltam para as diatribes do autor dinamarquês. E - sim - a partir da cena de Uma Thurman e, depois, a agonia do pai e o Bach (Cantus Primus) do desfecho, o filme ficou melhor ainda (como se fosse possível). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.