Produtores cancelam estreia do filme "Marighella"
Em nota, assessoria de imprensa do longa afirmou que depende de contrato assinado pela Ancine "para somente depois divulgar uma nova previsão de lançamento"
Naiara Albuquerque
Publicado em 12 de setembro de 2019 às 18h34.
Última atualização em 13 de setembro de 2019 às 15h17.
São Paulo — A estreia do longa-metragem "Marighella", prevista para o dia 20 de novembro, foi cancelada por seus produtores. A informação, confirmada em nota pela assessoria de imprensa do filme, a O2 Filmes e a Factoria Comunicação, tem relação com recursos pedidos à Ancine que foram negados.
A produção, que conta com a direção de Wagner Moura e tem no papel principal o cantor e ator Seu Jorge, ainda não ganhou previsão para uma nova data de estreia. O dia 20 de novembro havia sido escolhido por marcar os 50 anos da morte do guerrilheiro Carlos Marighella e, também, pelo dia da Consciência Negra.
Em nota, a assessoria disse que "a O2 Filmes não conseguiu cumprir a tempo todos os trâmites exigidos pela Ancine (Agência Nacional do Cinema)", mas ressalta que o filme seguirá sendo apresentado "commuito sucesso em vários festivais de cinema no mundo".
"Nosso objetivo principal sempre foi a estreia no Brasil. Os produtores e a distribuidora Paris Filmes vão seguir trabalhando para que isso aconteça", emendou.
No final de agosto de 2019, a O2 Filmes chegou a entrar com recurso à Ancine pedindo um reembolso adiantado no valor de R$ 1 milhão. A agência negou o pedido e também recusou a verba que seria utilizada na comercialização de "Marighella".
Novos desdobramentos
Nesta sexta-feira, (13), a O2 Filmes enviou uma nova nota explicando que o longa tem aporte no Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine e "isso obriga a produtora O2 Filmes a dar a opção do FSA fazer parte como investidor do lançamento nos cinemas. O prazo que a produtora tem para ofertar o filme ao Fundo é de 90 dias antes do lançamento. Porém, ainda falta um contrato do filme a ser apenas assinado na Ancine".
O FSA foi instituídopela Lei 11.437, em 2006, e édestinado ao desenvolvimento da indústria audiovisual no Brasil.
Sem o contrato assinado pela agência, de acordo com a O2, é impossível ofertar o filme ao Fundo Setorial. Diante do cenário, a produtora pediu uma exceção à Ancine, "para que enquanto o contrato fosse assinado, a produtora pudesse ao mesmo tempo ofertar ao Fundo, diminuindo assim o tempo de espera. Porém a Ancine negou a excepcionalidade".
"Somente por esse motivo tivemos que adiar o lançamento. A O2 Filmes aguarda o contrato ser assinado pela Ancine, para então ofertar ao FSA, para somente depois divulgar uma nova previsão de lançamento de "Marighella" aos cinemas", completou.
"Marighella" em Berlim
O longa estreou, em fevereiro deste ano, no Festival de Berlim. Recebido com aplausos, o filme é inspirado na biografia do guerrilheiro, assinada pelo jornalista Mário Magalhães, e trata sobre os últimos cinco anos da vida de Marighella, entre 1964, no início da ditadura militar, até seu assassinato, que aconteceu em novembro de 1969.
Procurada, a Ancine não se manifestou antes de esta reportagem ser publicada. Porém, o espaço continua aberto para a agência.