La Mamounia, em Marrakech: hóspedes são recepcionados com leite com amêndoas e água de flor de laranjeira (Divulgação/Divulgação)
Head of Design
Publicado em 20 de julho de 2023 às 07h00.
Última atualização em 21 de julho de 2023 às 13h40.
Assim como as antigas medinas das cidades do Magrebe, no noroeste da África, o La Mamounia é um palácio que há 100 anos revela cores, sons e aromas repletos de segredos e encantos. Em Marrakech, a história do hotel remonta ao século 18, quando o sultão Alaouita Mohammed Ben Abdallah presenteou seu filho com uma exuberante propriedade como presente de casamento. Dois séculos depois, a Companhia Ferroviária Marroquina, empresa estatal que até hoje é acionista majoritária do La Mamounia, construiu um hotel no local.
Os arquitetos franceses Henri Prost e Antoine Marchisio projetaram uma estrutura que combina códigos ancestrais da arquitetura marroquina com estilo Art Déco.
A reputação e a celebridade de Marrakech e do La Mamounia atraíram personalidades da indústria cinematográfica. O hotel serviu de cenário para clássicos como O Homem Que Sabia Demais de Alfred Hitchcock. As cenas filmadas no local e a estadia de Hitchcock aceleraram a chegada de estrelas de todo o mundo. A partir dos anos 1950, personalidades do cinema francês e de Hollywood começaram a visitar o La Mamounia — como Charlie Chaplin, Marcello Mastroianni, Claude Lelouch e Francis Ford Coppola.
Hoje, o La Mamounia, considerado um dos melhores hotéis do mundo, tem 135 quartos – a partir de 28 metros quadrados. São 65 suítes e seis suítes excepcionais. Também, há três riads, vilas típicas marroquinas fechadas para o exterior e construídas em volta de um pátio central, com 700 metros quadrados, piscina privativa e três quartos cada uma.
O hotel recebe em torno de 92.000 hóspedes por ano e cerca de 4% são do Brasil.
Os hóspedes são recepcionados com leite com amêndoas e água de flor de laranjeira, além de tâmaras conhecidas como “a fruta dos reis”. É assim que a equipe de 650 funcionários faz há 100 anos seus hóspedes se sentirem em casa a cada estadia.
Em entrevista à EXAME Casual, Pierre Jochem, diretor-geral do hotel, fala sobre os desafios e o significado de alcançar o marco de 100 anos. Sob sua direção o La Mamounia obteve, em setembro de 2015, o Conde Nast Traveler Readers’ Choice Award de Melhor Hotel do Mundo e, em maio de 2018, o Conde Nast Traveler Award de Melhor Hotel Urbano do Mundo. Confira a entrevista a seguir.
O que a celebração desta data representa para o La Mamounia e para Marrakech?
Em primeiro lugar, representa um legado histórico como um hotel icônico da cidade vermelha, repleto de um rico patrimônio e um símbolo constante de luxo e prestígio desde a sua abertura em 1923, o que sempre ajudou a promover a cidade em escala internacional. Isso também mostra tanto a força quanto a vontade de abraçar o tempo, algo que La Mamounia sempre demonstrou para continuar a existir, dar e evoluir, preservando sua essência prestigiosa e sua capacidade de cativar. Como resultado, nosso 100º aniversário é uma oportunidade para comemorar a longa história de La Mamounia e o impacto que teve em Marrakech e na indústria hoteleira.
E para a sua carreira?
De fato, não consigo descrever a sensação, uma mistura de alegria e orgulho por poder contribuir para esse grande evento, um século de história, mas sem perder de vista os objetivos e desafios que temos de superar para torná-lo um sucesso, tudo o que La Mamounia merece. Para mim, depois de tudo o que foi alcançado, só pode ser uma honra.
O que é essencial para manter a relevância por todo esse tempo?
O que é essencial para La Mamounia é uma combinação de elementos: nossa história, que nos torna completamente únicos em todos os aspectos, nossa localização no coração da cidade, nossa inovação e nosso compromisso com a excelência, é também o amor e o espírito de pertencimento desfrutados por cada um de nós que trabalha aqui, o que nos impulsiona todos os dias a dar o nosso melhor.
E, ao contrário, quais aspectos são dispensáveis?
O que La Mamounia pode dispensar é a padronização encontrada em outros lugares, a necessidade de fazer as coisas bem ao ponto de exagerar, aqui estamos buscando equilíbrio.
Pensando nos desafios enfrentados pelo mercado de luxo, qual você diria que é o maior desafio para La Mamounia?
É verdade que o conceito de luxo hoje é muito diferente do passado, evoluiu além das noções tradicionais de opulência e extravagância. Hoje, um viajante de luxo busca experiências e serviços personalizados que atendam às suas necessidades individuais, eles apreciam autenticidade, experiências que permitam que eles se conectem com a cultura local. Resumidamente, o maior desafio para La Mamounia é se adaptar e atender às demandas em constante mudança dos viajantes de luxo e ao conceito em evolução de luxo no contexto atual. Tudo isso, preservando o charme e o patrimônio que o tornaram um destino icônico. E estou convencido de que, embora ainda haja um longo caminho a percorrer, estamos no caminho certo.
Em 100 anos de história, existe alguma que deve ser lembrada? Existem histórias que é melhor esquecer?
Na verdade, para o nosso 100º aniversário, gostaríamos de lembrar todos os eventos e histórias. Ao contrário, nenhuma delas deve ser esquecida ou negligenciada, porque, seja boa ou ruim, é o que nos tornou o que somos hoje, é o que nos permitiu enfrentar tudo para nos tornarmos líderes da indústria hoteleira marroquina, nossa história, nosso patrimônio, nossa relação com a cidade de Marrakech e nossa presença na cena internacional desde os primórdios.
Para finalizar, você poderia recomendar um prato e uma bebida que eu deveria experimentar no La Mamounia?
Com a nossa gastronomia variada, vai ser um pouco difícil... Temos quatro restaurantes, cada um especializado em uma cozinha diferente: L'Italien e L'Asiatique by Jean George, Le Pavillon de La Piscine para café da manhã ou bufê de almoço e nosso famoso restaurante Le Marocain, onde você experimentará uma calorosa recepção marroquina e pratos muito típicos.