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Atravessar o Oceano Atlântico para ter a hospedagem mais relaxante de sua vida pode não parecer a opção mais óbvia. Menos comum ainda é cogitar ficar em um palácio real em um país desértico na África. Mas, quando cheguei ao spa do Royal Mansour, pude deixar, quase imediatamente, de sentir o cansaço da viagem até Marrakech, em torno de 11 horas do Brasil. De propriedade do próprio rei do Marrocos, o hotel cinco estrelas faz brilhar os olhos de qualquer um. O palácio é uma vitrine para o trabalho manual de artesãos marroquinos, desde o cedro esculpido minuciosamente até o hipnotizante trabalho com gesso.

Ao pousar no aeroporto de Marrakech, eleito um dos mais bonitos do mundo, já é possível ter uma ideia do que está por vir. A mordomia começa assim que você desce os degraus do avião. O hotel envia um funcionário para agilizar grande parte da burocracia da imigração e das malas. Dentro do Bentley que me levou ao hotel pude avistar as montanhas em tons terrosos que dão apelido a Marrakech, conhecida como “Cidade Vermelha”.

Todas as casas na cidade devem ser da cor terracota, um tom avermelhado que lembra argila. Também devem seguir o mesmo padrão de altura e estética: nenhuma casa pode ser mais alta do que a de seu vizinho ou do que a mesquita mais próxima. A fachada das casas também não pode chamar atenção. Todo o luxo fica para o lado de dentro.

É assim também com o Royal Mansour. O hotel pode ser considerado uma medina dentro da medina, a cidade sagrada cercada por muros e portões, construída por volta de 1070. Feito sem poupar gastos — sim, não havia orçamento —, o palácio é um mostruário da autêntica tradição marroquina. Durante três anos, o atual rei ­Mohammed VI empregou mais de 1.500 artesãos, que trabalharam incansavelmente no local. O resultado é uma obra-prima arquitetônica. Não há superlativos suficientes para descrever o efeito das várias camadas que tudo isso tem.

Não há quartos, e sim riads. Cada hóspede fica em uma casa de três andares, com quartos maiores do que muitos apartamentos em São Paulo. No rooftop, mais uma surpresa: um terraço coberto onde é possível tomar um belo café da manhã ao estilo marroquino e dar um mergulho na piscina privativa da cobertura. De lá é possível ouvir o chamado para as orações dos muçulmanos da mesquita Koutoubia, bem próxima ao hotel, que acontecem cinco vezes ao dia. Nesses momentos, pode ser que você fique sem sinal no celular — que é cortado para que as crianças saiam das telas e rezem.

Terraço de um riad: casas de três andares com piscina privativa (Divulgação/Divulgação)

O hotel é perfeito para quem busca conforto e discrição. Se você se deparar com Catherine Zeta-Jones e Michael Douglas tomando um sol na piscina, tente não tietar — eles estão lá exatamente porque não querem ser vistos. Em média, cada acomodação dispõe de dez funcionários e um mordomo. Devido a um sistema de túneis subterrâneos que conectam os riads, provavelmente você nunca verá os quase 700 empregados. Saia de seu quarto por meia hora e tudo estará em ordem na volta. Com valores que variam entre 10.000 e 45.000 reais por noite, ficar no Royal Mansour custa o suficiente para ser uma experiência única na vida — e é.

Ter a sensação de estar em contato com muitas informações novas pode deixar você um pouco desorientado — o que é normal no Marrocos, principalmente se for sua primeira vez no país. Quando a complexidade exigir muita energia, seu corpo e sua mente poderão pedir uma pausa. Um ritual tradicional para os marroquinos, que pode ser encontrado tanto em espaços públicos quanto nos melhores spas do mundo (como o do Royal Mansour), é o hamam, uma das cinco instituições obrigatórias encontradas em todos os bairros da cidade — juntamente com uma padaria comunitária, uma fonte, uma escola e uma mesquita.

O banho turco é, para além de uma limpeza na pele, um local de encontros, de batizados a casamentos, onde é possível ter uma compreensão ainda mais profunda das pessoas e da cultura marroquina, mesmo sem roupa alguma. No começo, a perda de inibição em um país conservador pode parecer um pouco constrangedora — assim como a dificuldade no idioma para entender o que está acontecendo —, mas conforme você vê sua pele morta indo embora com a esfoliação nada mais resta a não ser relaxar.

(Arte/Exame)

Além de imersões na tradicional cultura marroquina, o Royal Mansour aposta em exclusividade, mesmo fora do hotel. Nas entranhas da medina, atrás de um enigmático paredão preto, fica uma valiosa coleção particular de pinturas orientais. Não fosse apenas isso, é também um dos maiores e mais exclusivos riads de Marrakech. Cada detalhe do local, de quase 3.000 metros quadrados, foi meticulosamente projetado pelo icônico perfumista Serge Lutens e depois executado por mais de 1.000 artesãos marroquinos. Lutens acredita que a beleza está sempre mudando. Por isso, assim que um cômodo é concluído, ele manda reformar, ciclo que já acontece há quase cinco décadas. Se para Yves Saint-Laurent Marrakech despertou seus olhos para a cor, para Lutens abriu um banquete de sentidos. O Royal Mansour oferece visitas guiadas ao santuário de Lutens, ao preço de 3.500 reais para duas pessoas.

Souk de Marrakech: barracas de comida e lojas onde pechinchar é obrigatório (Carolina Gehlen/Exame)

Outra experiência única é a visita ao Bacha Coffee, dentro do Palácio Dar el Bacha na medina, um café que já recebeu nomes como Charlie Chaplin, Franklin Roosevelt e Winston Churchill. Sessenta anos após seu fechamento, o lugar ressurgiu como uma marca de luxo que foge dos cafés instagramáveis que vemos por aí. Com cerca de 200 variedades de grãos arábica, o Bacha Coffee entrega uma oportunidade de viajar o mundo através de xícaras de café preparadas de acordo com seu paladar e servidas em um fascinante ritual. A comida também é temática, com a pastilla marroquina, uma massa folhada coberta com açúcar e amêndoas, como destaque. A influência francesa também não foge do menu: você encontrará deliciosos ovos mexidos e recheados de trufas servidos com croissants amanteigados.

Na mesma rua — ou em qualquer rua da medina — o que vai chamar real­mente sua atenção serão as inúmeras lojas que se espalham por todo o lugar. Os souks costumam ser o ponto alto de qualquer viagem ao Marrocos — ou a qualquer outro país árabe. A atmosfera agitada, as barganhas e as paredes vermelhas que se mesclam com o ar desértico da cidade fazem desses gigantes mercados abertos um centro de trocas culturais e comerciais. Neles, é possível tomar o famoso chá de hortelã da região, sentado no chão das lojas enquanto tem longas conversas sobre produtos, costumes e curiosidades.

Mesmo que você não planeje comprar nada, é obrigatório que se perca nesse labirinto de sensações. Todos os tipos de figuras, como macacos, encantadores de serpentes, acrobatas e músicos, se encontram nessa praça. O maior espetáculo acontece durante a noite, quando o local se torna um verdadeiro restaurante ao ar livre com centenas de barracas de comida, além de inúmeras rodas de música com dançarinos e espectadores cheios de vida.

Spa do Royal Mansour, que traz elementos tradicionais da arte marroquina em sua arquitetura, foi eleito o melhor do mundo no World Luxury Spa Awards 2021 (Divulgação/Divulgação)

Para comprar algo no souk é preciso pechinchar. É uma espécie de coreo­grafia entre o comprador e o vendedor. Você deve se deixar levar por essa convenção social e aproveitar o pouco de diversão que ela traz. O vendedor geralmente reconhece de onde você vem e conversa em seu idioma sem nenhum problema. Bom humor e piadas tornam tudo mais agradável — algo a que os brasileiros já estão acostumados. É altamente recomendável não mostrar interesse por determinado item, e sim passear pela barraca e verificar diretamente a qualidade dos produtos.

Parecer saber os preços ou algo sobre materiais irá beneficiá-lo. Deixe-os dizer o preço primeiro e divida por dois ou até três, pois esse será o valor mais adequado. Não tem segredo: você vai ter de andar por um, dois, três dias até conseguir absorver uma fração de toda aquela informação. Você pode ir acompanhado de alguém que já conhece ou esperar um jogo de futebol da seleção marroquina, que recentemente fez história na Copa do Catar. Poucas vezes é possível presenciar o souk tão silencioso e com uma desordem tão organizada.

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