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Kleber Mendonça Filho, diretor brasileiro com voz e voto em Cannes

Este ano, Kleber Mendonça (nascido no Recife em 1968) retorna como integrante do júri presidido pelo cineasta americano Spike Lee

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Diretor francês Ladj Ly (Centro) posa com os diretores Juliano Dornelles (Direita) e Kleber Mendonça Filho, que recebem prêmio do júri no Festival de Cannes em 25 de maio de 2019. (Anna Pelegri/AFP)

Diretor francês Ladj Ly (Centro) posa com os diretores Juliano Dornelles (Direita) e Kleber Mendonça Filho, que recebem prêmio do júri no Festival de Cannes em 25 de maio de 2019. (Anna Pelegri/AFP)

A
AFP

Publicado em 5 de julho de 2021 às, 10h59.

Última atualização em 5 de julho de 2021 às, 11h00.

Em um período de cinco anos, o brasileiro Kleber Mendonça Filho entrou para o reduzido círculo de diretores habituais de Cannes, com um cinema social com toques de fantasia, mas tão contundente como sua militância contra o conservadorismo que levou Jair Bolsonaro ao poder.

O ex-jornalista e crítico de cinema é o único latino-americano que disputou a Palma de Ouro desde 2016, e duas vezes: com o segundo longa-metragem, "Aquarius", e o terceiro, "Bacurau", que venceu o Prêmio do Júri de 2019 em um empate com o francês "Os Miseráveis".

Este ano, Kleber Mendonça (nascido no Recife em 1968) retorna como integrante do júri presidido pelo cineasta americano Spike Lee. Em 2017, o brasileiro comandou o júri da Semana da Crítica, mostra paralela de Cannes.

O brasileiro fica à vontade na Croisette: como crítico ele compareceu diversas vezes ao Festival de Cannes e em 2005 exibiu o curta-metragem "Eletrodoméstica" na Quinzena dos Realizadores, antes de chegar à mostra principal com "Aquarius", protagonizado por Sônia Braga.

O filme não recebeu nenhum prêmio, mas a participação marcou a edição de 2016 de Cannes quando a equipe do longa-metragem denunciou no tapete vermelho um "golpe de Estado" contra a ex-presidente Dilma Rousseff, destituída no mesmo ano pelo Congresso.

Aquele foi o início da consagração de Kleber Mendonça em Cannes, que coincidiu com o retorno ao poder no Brasil da direita, com o presidente Michel Temer, e a partir de 2019 da extrema-direita, com Bolsonaro.

Uma guinada que não o deixou indiferente, ainda mais porque Bolsonaro reduziu drasticamente os fundos públicos para o cinema, em uma tentativa de "sabotar" a indústria, segundo o diretor.

Quando um artista "está irritado, frustrado, acaba transformando isto em poesia, literatura ou filmes", declarou o diretor em uma entrevista à AFP em Cannes em 2019.

O cinema como protesto

Desta maneira, "Bacurau", um filme de gênero sobre uma pequena comunidade, foi encarado por muitos como um grito de resistência dos povos indígenas ante o governo de Bolsonaro.

"Este ano não acontecerá protesto, o filme é suficiente", disse Kleber Mendonça em 2019, quando considerou a situação no Brasil uma "distopia".

Mas o cinema deste diretor, casado com a produtora francesa Emilie Lesclaux, tem o selo da luta social desde o início.

Seu primeiro longa-metragem, "O Som ao Redor" (2012), ambientado no Recife, demonstra o medo que se apodera de um bairro após a chegada de uma empresa de segurança privada.

Esta reflexão sobre as classes sociais conquistou vários prêmios em mais de 10 festivais internacionais e foi considerado pelo jornal New York Times um dos 10 melhores filmes do ano.

Realismo e terror

"Aquarius" mostrou sua protagonista (Sônia Braga) acossada por especuladores imobiliários.

Mas o realismo de Kleber Mendonça não é límpido. O diretor utiliza elementos fantásticos, próprios do cinema de gênero e de terror, como acontece em "Bacurau".

Além de vencer o Prêmio do Júri de Cannes, o filme, codirigido por Juliano Dornelles, foi um sucesso de bilheteria no Brasil.

Apesar da aclamação, o filme não foi selecionado para representar o Brasil no Oscar.

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