Casual

Juíza de 80 anos se transforma em ícone pop nos EUA

De seus 82 anos de idade, há 22 ela está no Supremo, aonde chegou em 1993 como a segunda mulher a entrar para a máxima corte do país


	Juíza da Suprema Corte dos EUA, Ruth Bader Ginsburg: seu exército de seguidores se deve a seus apaixonados argumentos contra decisões-chave do Supremo
 (Getty Images / Allison Shelley)

Juíza da Suprema Corte dos EUA, Ruth Bader Ginsburg: seu exército de seguidores se deve a seus apaixonados argumentos contra decisões-chave do Supremo (Getty Images / Allison Shelley)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2015 às 09h44.

Washington - Ela usa toga, apelido inspirado em um famoso rapper e inspira todo tipo de tatuagens. Ruth Bader Ginsburg é uma juíza de 80 anos da Suprema Corte dos Estados Unidos que se transformou em ícone da cultura pop por causa de sua veemente defesa dos direitos das mulheres e dos homossexuais.

"Notorious R.B.G." é a expressão compartilhada por milhares de pessoas em memes na internet, que estampa camisetas e que aparece em tatuagens em homenagem à mais velha dos nove magistrados que compõem o Supremo.

Esse apelido é inspirado em "The Notorious B.I.G.", um dos rappers mais influentes da história, com o qual a juíza compartilha sua origem no Brooklyn, em Nova York, e, segundo seus fãs, o caráter pioneiro de sua carreira.

O mesmo apelido dá título a um novo livro que acaba de ser lançado nos Estados Unidos e que combina um relato profundo sobre a vida da juíza com uma coleção de desenhos e grafites reunidos desde 2013 em uma página do Tumblr.

De seus 82 anos de idade, há 22 ela está no Supremo, aonde chegou em 1993 como a segunda mulher a entrar para a máxima corte do país, após uma carreira dedicada a causas feministas.

Enquanto seus colegas vestiam toga com gravatas, Ruth usava uma variedade de lenços de renda e elaborados colares, que depois confessou reservar um para quando se opõe a uma decisão do Supremo e outro para quando irá ler uma opinião favorável.

Seu exército de seguidores se deve a seus apaixonados argumentos contra decisões-chave do Supremo, como a que em 2014 permitiu a certas empresas se negarem a financiar os planos anticoncepcionais de suas funcionárias, e a suas eloquentes alegações a favor de sentenças como a que legalizou o casamento gay em junho deste ano.

As imagens que circulam pela rede a mostram com a mesma coroa que o rapper "Notorious B.I.G." usava, com as cores da bandeira gay ou junto com frases de efeito como "You Can't Spell Truth Without Ruth" ("Você não pode soletrar 'verdade' sem Ruth", em tradução livre).

A veterana magistrada não costuma levantar a voz e acredita mais nas mudanças gradativas do que nas manobras radicais, por isso quase sempre evitou sair do tom e fomentou um bom ambiente entre seus colegas, cinco deles de tendência conservadora e quatro, incluindo ela, de orientação liberal.

Nos últimos anos, no entanto, a juíza nomeada pelo ex-presidente Bill Clinton se mostrou mais exaltada, escrevendo impetuosos argumentos de contrários às decisões do Supremo em casos sobre direito ao voto ou discriminação racial.

Porém é preciso voltar ao começo de sua carreira para entender a devoção de muitos por esta mulher de baixa estatura, de óculos grandes e cabelo invariavelmente preso em um coque impecável.

Cofundadora do Projeto de Direitos das Mulheres na União Americano de Liberdades Civis (American Civil Liberties Union - ACLU), Ruth defendeu seis casos perante o Supremo na década de 1970 com a mesma força que defende hoje a igualdade de gênero no âmbito profissional e a liberdade para abortar.

"A questão é: o governo não deve tomar essa decisão no lugar de uma mulher", disse ela em uma entrevista ao jornal "The New York Times" em 2006.

Embora essas opiniões tivessem tudo para transformá-la em uma figura controversa, Ruth sempre conseguiu manter sua reputação como uma jurista equilibrada, e sua confirmação para o Supremo foi a mais rápida em duas décadas, com 96 votos a favor e três contra.

A primeira juíza judia do Supremo nunca se incomodou com o rótulo de feminista, e muitos acham que sua vida tradicional, casada e com dois filhos, contribuiu para suavizar a impressão que transmitia aos mais conservadores.

"Acredito que se não tivesse a imagem de pessoa organizada, pura e de voz suave, muitos a teriam considerado uma radical provocadora", afirmou Cynthia Fuchs Epstein, amiga de Ruth, no livro sobre a juíza lançado nesta semana.

As autoras de "The Notorious R.B.G.", as jornalistas Irin Carmon e Shana Knizhnik, afirmam que a juíza se diverte com as discussões que provoca na internet, e que no ano passado se reuniu com os criadores do meme que a compara ao rapper.

O encontro aconteceu pouco depois de ela deixar o hospital onde tinha dado entrada por desmaiar em uma aula de ginástica. Os quatro criadores do meme perguntaram que mensagem ela tinha para os jovens que a admiram.

"Diga a eles que estarei fazendo flexões na semana que vem", respondeu Ruth, bem-humorada, que não mostrou, até agora, qualquer intenção de deixar o posto vitalício.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)FeminismoJustiçaLGBTMulheresPaíses ricos

Mais de Casual

Sexy repaginado: Calendário Pirelli traz nudez de volta às páginas — e dessa vez, não só a feminina

12 restaurantes que inauguraram em 2024 em São Paulo

João Fonseca bate Van Assche e vai à final do Next Gen Finals

Guia de verão no Rio: dicas de passeios, praias, bares e novidades da estação