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"Já tem roupa demais no mundo", diz estilista Ronaldo Fraga

Estilista mineiro discorre sobre seu fashion filme na SPFW, que terminou ontem

Desfile de Ronaldo Fraga na São Paulo Fashion Week em edição antiga do evento (Nacho Doce/Reuters)

Desfile de Ronaldo Fraga na São Paulo Fashion Week em edição antiga do evento (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 08h41.

"Já tem tempo que não precisamos mais fazer roupa, já tem roupa demais no mundo", afirmou Ronaldo Fraga, que exibiru um filme ontem (8), às 21h30, na São Paulo Fashion Week (SPFW).

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Foi o lançamento de uma coleção de histórias, que também tem peças do vestuário. "Precisamos de roupas que falem de outras coisas", diz o estilista mineiro que se inspirou em sua própria carreira para a apresentação que fará nesta temporada. Em 2001, o designer promoveu o desfile ‘Quem matou Zuzu Angel’, que foi um marco em sua trajetória e na semana de moda da capital paulista. Agora ele revisita o tema em uma edição que celebra os 25 anos do evento. "Eu acreditava que a história de Zuzu e da ditadura no Brasil era página virada, que não voltaríamos a ver esses fantasmas. Cá estamos, 20 anos depois, o carniceiro Ustra sendo aclamado pelo governo atual, grande parte da população brasileira vivendo uma amnésia, uma apatia absoluta. Mais do que nunca a moda é mais do que roupa. A resistência maior desse País ainda está na cultura", disse Ronaldo Fraga em entrevista ao Estado.

A estilista Zuzu Angel ficou conhecida internacionalmente por sua busca pelo filho Stuart, que foi assassinado pelo regime militar. Entretanto, as criações da brasileira também sã o referência na moda.

Fraga conta que Zuzu foi pioneira em incorporar temas brasileiros nas roupas e a usar matéria-prima vinda do nordeste. "Foi a primeira a usar renda do Brasil, o que na época provocou rechaço, deboche do mainstream da moda que via isso como algo cafona, no entanto ela insistiu." Esse espírito desbravador de Angel também será visto na SPFW. "Não é um relançamento é outra coleção", afirmou.

As peças trarão renda renascença da Paraíba, produzida em iniciativa do designer em parceria com rendeiras do Cariri. Os bordados foram feitos no projeto Minha Casa em Mim, que Ronaldo coordena em 13 comunidades atingidas pelo rompimento da barragem da Samarco. Além de roupas e histórias, a apresentação do estilista trará objetos de decoração que também foram desenvolvidos nessa iniciativa social.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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