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Itália seduz Cannes com histórias de esplendor e decadência

Com imagens deslumbrantes da "Cidade Eterna", "La Grande Bellezza" de Paolo Sorrentino, tem Roma no esplendor do verão como coprotagonista onipresente

Palma de Ouro: "La Grande Bellezza" e "Un castillo en Italia" disputam a Palma de Ouro. (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2013 às 13h04.

Cannes - O esplendor e a decadência como apenas o cinema italiano sabe contar, sem perder o senso de humor, encontraram-se nesta terça-feira no Festival de Cannes com "La Grande Bellezza" e "Un castillo en Italia", na disputa pela Palma de Ouro.

Com imagens deslumbrantes da "Cidade Eterna", "La Grande Bellezza" de Paolo Sorrentino, tem Roma no esplendor do verão como coprotagonista onipresente.

Interpretado por seu ator-fetiche Tony Servillo ("Il Divo", 2008, também dirigido por Sorrentino), Jep é um escritor veterano e de sucesso com as mulheres que se dedica à vida mundana mais do que à literatura. Comparece a todas as festas e organiza outras em seu apartamento com uma vista magnífica para o Coliseu.

Tem do mundo que o cerca e de sua comédia a visão lúcida e cínica de um privilegiado. Ele se questiona se voltará a escrever sobre um amor de juventude, imerso na atmosfera romana, cuja beleza pode ser paralisante.

Felini e o clássico "La Dolce Vita" (1960) são lembrados em todos os momentos nesta homenagem explícita ao mestre italiano.

"Falamos de temas parecidos, há uma ressonância", admitiu Sorrentino à imprensa. Mas rejeitou qualquer comparação "porque 'La Dolce Vita' é uma obra-prima".

Em "La Grande Bellezza" há uma ausência flagrante, talvez deliberada, de fio narrativo sólido, compensada com as imagens espetaculares de Roma captadas pelo diretor de fotografia Luca Bigazzi. Mas a Itália pós-Berlusconi soa inevitavelmente mais vulgar e vã do que a de Fellini e Mastroianni.


"O filme tenta expressar, e não narrar, uma certa pobreza - explicou Sorrentino à imprensa -, mas não uma pobreza material, e sim uma pobreza de outro tipo".

"Ao mesmo tempo, afirmou, não tentamos manifestar uma opinião negativa sobre essas pessoas, e sim representar o que são de uma forma geral".

"Un castillo en Italia", é uma emotiva comédia familiar com momentos de tragédia, narrada com o olhar terno da diretora franco-italiana Valeria Bruni-Tedeschi, que passou da atuação para a direção no início de 2000 e que agora faz ambas: dirige e interpreta Louise, a protagonista.

O esplendor perdido dos Rossi-Levi, uma família de industriais do norte da Itália, é apenas o marco da trama. O tema aqui é a mesma família, especialmente as relações entre irmão e irmã, mãe e filha. A história de amor da protagonista com final feliz é quase um acessório narrativo.

Marisa Borini é sua mãe na vida real e no filme. Embora não se trate de uma "autoficção", como indica a diretora, o roteiro é amplamente inspirado pela história familiar.

"Uma autobiografia sempre é uma ficção", ironizou nesta terça à imprensa Agnes de Sacy, co-roteirista ao lado de Bruni-Tedeschi e Noemie Lvovsky.

Há também na atmosfera reminiscências dos grandes do cinema italiano, neste caso "O Jardim dos Finzi Contini" (1970). O roteiro tem como inspiração clara o filme de Vittorio de Sica quando Ludovic (Filippo Timi), irmão de Louise doente com Aids, recorda-se apenas de uma partida de tênis em uma quadra coberta de neve.


Os Rossi-Levi vivem boa parte do tempo em Paris e têm dificuldades para pagar as contas da casa da família. Louise (Valeria) tem 43 anos, "não tem marido, nem filhos, nem trabalho", segundo as reclamações de sua mãe.

Um dia, Louise conhece Nathan, (Louis Garrel, ex-companheiro da cineasta), mais jovem do que ela. É um ator egocêntrico e inseguro, mas ela quer desesperadamente ter um filho com ele, para dar um sentido a sua vida.

O filme alterna cenas graciosas, em particular a inseminação artificial de Louise, momentos de ternura, como o casamento do irmão no hospital, e trágicos, quando este morre.

O filme é o terceiro de Bruni-Tedeschi, o primeiro a competir pela Palma de Ouro. É o único filme dirigido por uma mulher dos 20 que aspiram ao principal prêmio, que será anunciado no dia 26 de maio.

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Cannes - O esplendor e a decadência como apenas o cinema italiano sabe contar, sem perder o senso de humor, encontraram-se nesta terça-feira no Festival de Cannes com "La Grande Bellezza" e "Un castillo en Italia", na disputa pela Palma de Ouro.

Com imagens deslumbrantes da "Cidade Eterna", "La Grande Bellezza" de Paolo Sorrentino, tem Roma no esplendor do verão como coprotagonista onipresente.

Interpretado por seu ator-fetiche Tony Servillo ("Il Divo", 2008, também dirigido por Sorrentino), Jep é um escritor veterano e de sucesso com as mulheres que se dedica à vida mundana mais do que à literatura. Comparece a todas as festas e organiza outras em seu apartamento com uma vista magnífica para o Coliseu.

Tem do mundo que o cerca e de sua comédia a visão lúcida e cínica de um privilegiado. Ele se questiona se voltará a escrever sobre um amor de juventude, imerso na atmosfera romana, cuja beleza pode ser paralisante.

Felini e o clássico "La Dolce Vita" (1960) são lembrados em todos os momentos nesta homenagem explícita ao mestre italiano.

"Falamos de temas parecidos, há uma ressonância", admitiu Sorrentino à imprensa. Mas rejeitou qualquer comparação "porque 'La Dolce Vita' é uma obra-prima".

Em "La Grande Bellezza" há uma ausência flagrante, talvez deliberada, de fio narrativo sólido, compensada com as imagens espetaculares de Roma captadas pelo diretor de fotografia Luca Bigazzi. Mas a Itália pós-Berlusconi soa inevitavelmente mais vulgar e vã do que a de Fellini e Mastroianni.


"O filme tenta expressar, e não narrar, uma certa pobreza - explicou Sorrentino à imprensa -, mas não uma pobreza material, e sim uma pobreza de outro tipo".

"Ao mesmo tempo, afirmou, não tentamos manifestar uma opinião negativa sobre essas pessoas, e sim representar o que são de uma forma geral".

"Un castillo en Italia", é uma emotiva comédia familiar com momentos de tragédia, narrada com o olhar terno da diretora franco-italiana Valeria Bruni-Tedeschi, que passou da atuação para a direção no início de 2000 e que agora faz ambas: dirige e interpreta Louise, a protagonista.

O esplendor perdido dos Rossi-Levi, uma família de industriais do norte da Itália, é apenas o marco da trama. O tema aqui é a mesma família, especialmente as relações entre irmão e irmã, mãe e filha. A história de amor da protagonista com final feliz é quase um acessório narrativo.

Marisa Borini é sua mãe na vida real e no filme. Embora não se trate de uma "autoficção", como indica a diretora, o roteiro é amplamente inspirado pela história familiar.

"Uma autobiografia sempre é uma ficção", ironizou nesta terça à imprensa Agnes de Sacy, co-roteirista ao lado de Bruni-Tedeschi e Noemie Lvovsky.

Há também na atmosfera reminiscências dos grandes do cinema italiano, neste caso "O Jardim dos Finzi Contini" (1970). O roteiro tem como inspiração clara o filme de Vittorio de Sica quando Ludovic (Filippo Timi), irmão de Louise doente com Aids, recorda-se apenas de uma partida de tênis em uma quadra coberta de neve.


Os Rossi-Levi vivem boa parte do tempo em Paris e têm dificuldades para pagar as contas da casa da família. Louise (Valeria) tem 43 anos, "não tem marido, nem filhos, nem trabalho", segundo as reclamações de sua mãe.

Um dia, Louise conhece Nathan, (Louis Garrel, ex-companheiro da cineasta), mais jovem do que ela. É um ator egocêntrico e inseguro, mas ela quer desesperadamente ter um filho com ele, para dar um sentido a sua vida.

O filme alterna cenas graciosas, em particular a inseminação artificial de Louise, momentos de ternura, como o casamento do irmão no hospital, e trágicos, quando este morre.

O filme é o terceiro de Bruni-Tedeschi, o primeiro a competir pela Palma de Ouro. É o único filme dirigido por uma mulher dos 20 que aspiram ao principal prêmio, que será anunciado no dia 26 de maio.

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