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Indicado ao Oscar, "Indomável Sonhadora" revela atriz mirim

Jovem diretor nova-iorquino, Benh Zeitlin, conseguiu quatro indicações ao Oscar, melhor filme, direção, roteiro adaptado e melhor atriz para a garotinha Quvenzhané Wallis


	Quvenzhané Wallis: atriz é o alicerce essencial para que o filme funcione, tornando-se um consistente e por vezes aterrador mergulho num universo selvagem do sul dos EUA
 (Kevin Winter/Getty Images)

Quvenzhané Wallis: atriz é o alicerce essencial para que o filme funcione, tornando-se um consistente e por vezes aterrador mergulho num universo selvagem do sul dos EUA (Kevin Winter/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 13h32.

São Paulo - Vencedor de dois prêmios em Sundance 2012 --Grande Prêmio do Júri e fotografia--, e também do Caméra d'Or em Cannes 2012, "Indomável Sonhadora" parece tudo, menos um trabalho de principiante.

Ainda por cima, o jovem diretor nova-iorquino Benh Zeitlin, de 30 anos, conseguiu quatro indicações ao Oscar, melhor filme, direção, roteiro adaptado e melhor atriz para a impressionante garotinha Quvenzhané Wallis.

Com apenas 6 anos durante as filmagens (hoje ela tem 9), e escolhida entre 3.500 candidatas, Quvenzhané é o alicerce essencial para que o filme funcione, tornando-se um consistente e por vezes aterrador mergulho num universo selvagem do sul dos EUA, visto pelos olhos dessa menininha, cujo personagem atende pelo peculiar nome de Hushpuppy.

Ela e seu pai, Wink (Dwight Henry), vivem no sul da Louisiana, num lugar apelidado por seus poucos moradores como a "Banheira" --um ambiente devastado, periodicamente alagado, em que o poder da imaginação, das crendices, e também as relações humanas são as únicas ferramentas à mão para resistir à pobreza e ao abandono.

Se as catástrofes que abalam a região sinalizam um realismo que é uma menção evidente, ainda que não direta, ao recente furacão Katrina, o tom da história é calcado num realismo mágico movido por vários elementos em comunhão.


Além da interpretação natural e em estado de graça de sua pequena protagonista, de seu pai --um padeiro de Nova Orleans sem experiência anterior em atuação, assim como boa parte do elenco--, a fotografia em super-16 mm (de Ben Richardson) extrai uma beleza bruta de cada fotograma, compondo o ambiente essencial para os personagens façam sentido.

Assumindo o ponto de vista de Hushpuppy, o filme flui em cima de sua percepção infantil, um tanto exacerbada a respeito de seu próprio poder --levando-a a eventualmente acreditar, por exemplo, que ela tem poder de vida e de morte sobre o pai, na verdade, sofredor de uma grave doença cardíaca.

Vivendo quase como bichos, entre uma casa e um trailer semidestruídos, comendo a horas incertas, num relacionamento contaminado de tensões, por conta da ignorância e de dores mal-resolvidas de Wink --como a misteriosa partida de sua mulher, mãe de Hushpuppy--, os dois protagonistas têm reações muitas vezes inesperadas, assim como alguns outros notáveis moradores da região.

Apesar da insistência do governo em retirá-los da área, eles insistem em ficar, personificando uma espécie de rebeldia que sintoniza a contracultura dos anos 60, numa chave atualizada para o mundo fragmentado do início do século 21, em busca de outras formas possíveis de individualidade.

Num filme tão sensorial, em que o melhor conselho para o espectador é deixar de lado a lógica e abandonar-se às emoções, o aspecto fantástico é reforçado pela presença dos auroques --espécie de bovinos já extinta e que a menina evoca em suas fantasias.

Devido ao baixo orçamento da produção, esses auroques não são fruto de efeitos especiais computadorizados e sim de uma engenhosidade retrô, recorrendo a antigos truques do cinema.

O diretor da unidade de efeitos especiais, Ray Tintori, usou porquinhos muito pequenos, devidamente caracterizados com camadas de pelos e chifres e também a bonecos para materializar os animais, cujo poder simbólico a história incorpora sem artificialismo.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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