"Guerra é uma grande motivação", diz chefe paralímpico da Ucrânia
Em Pequim, a Ucrânia conquistou notáveis 25 medalhas, incluindo nove de ouro, ficando atrás apenas da China no quadro de medalhas
Reuters
Publicado em 11 de março de 2022 às 14h25.
Valerii Sushkevych sabe muito bem o impacto emocional que a guerra na Ucrânia causou em seus atletas , mas o presidente do comitê paralímpico do país diz que o fato também os ajudou nos Jogos de Pequim a conquistar a maior quantidade de medalhas de ouro de sua história.
A equipe paralímpica da Ucrânia quase não chegou à capital chinesa devido a desafios logísticos causados pela guerra, que começou com a invasão da Rússia em 24 de fevereiro.
Cidades ucranianas estão sob forte bombardeio russo enquanto a equipe compete em Pequim, e mais de 2 milhões de refugiados, principalmente mulheres e crianças, fugiram para países vizinhos na Europa.
"Essa é uma das razões pelas quais tivemos resultados tão bons nestes Jogos. Conquistamos nove medalhas em um dia (no início da semana)", disse Sushkevych à Reuters na Vila Paralímpica de Zhangjiakou.
"Isso nunca aconteceu em nossa história. Em Copas do Mundo recentes, eles só conseguiram o quinto ou sexto lugar. Tivemos Mundial em janeiro e nenhum desses atletas ganhou medalhas. A guerra é uma grande motivação, uma motivação poderosa."
Para um país relativamente pequeno que não é visto como uma força nas Olimpíadas, a Ucrânia tem sido uma potência no paradesporto. Em Pequim, a delegação conquistou notáveis 25 medalhas, incluindo nove de ouro, ficando atrás apenas da China no quadro de medalhas.
A jornada para o pódio não foi fácil: preocupados com o destino de suas famílias, a maioria dos atletas dormiu pouco nas últimas duas semanas, esperando desesperadamente por qualquer notícia positiva.
"Todas as manhãs, eles ligam para mãe, pai, avó, filha e esperam por uma resposta. E eles têm muito medo de não obterem uma resposta", disse Sushkevych, de 67 anos, que teve poliomielite quando criança e mais tarde competiu como nadador paralímpico.
"Esta é a realidade de nossas vidas agora. Todos os dias e noites, estamos tentando descobrir se nossa família está viva ou não. É terrivelmente difícil viver com os perigos desta guerra."