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Foxton, do grupo Soma, aposta na Europa e parceria com a Hering

O estilista Rodrigo Ribeiro tem uma meta ambiciosa: fazer da única marca masculina do grupo Soma a mais admirada do Brasil

Rodrigo Ribeiro, da Foxton: novas experiências para o consumidor masculino (Foxton/Divulgação)

Rodrigo Ribeiro, da Foxton: novas experiências para o consumidor masculino (Foxton/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 17 de maio de 2021 às 17h07.

A Foxton é uma espécie de filho homem único em uma casa cheia de irmãs. Dentro do grupo Soma, é a única marca de moda masculina, ao lado de Animale, Farm e Maria Filó, entre outras. Mas o caçula da família quer ganhar musculatura e crescer. “Queremos ser a marca masculina mais admirada do Brasil”, disse o estilista Rodrigo Ribeiro em entrevista à Casual EXAME.

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A Foxton foi lançada por Ribeiro e sua mulher, a também estilista Marcella Mendes, na então Babilônia Feira Hype, no Rio de Janeiro, em 2004. Em 2008 eles abriram a primeira loja própria, na badalada rua Garcia D’Ávila. Até que veio a aquisição pelo grupo Soma, no fim de 2015.

A Foxton se prepara para dar um alto, inclusive com planos de chegar em breve a Portugal e França. A anunciada compra da Hering pelo grupo Soma, por 5,2 bilhões de reais, também traz novas possibilidades à Foxton, segundo Ribeiro. Como? A divulgação de resultados do primeiro trimestre, na semana passada, traz algumas pistas. O relatório diz que a Hering traz complementaridade de skills, eficiência industrial e oportunidade de colaborações com as marcas do grupo.

Sem contar a capilaridade nacional. A Hering tem mais de 9 milhões de clientes e está presente em quase 10 mil multimarcas. Lojas próprias, são 778. Enquanto isso, todo o grupo Soma está em cerca de 3 mil multimarcas e apenas 264 lojas próprias.

A Foxton, Rodrigo sabe bem disso, tem o desafio do isolamento em decorrência da pandemia. A receita no primeiro trimestre foi de 7,3 milhões de reais no primeiro trimestre, ante 8 milhões no mesmo período do ano passado, uma queda de 9,2%. Mas investimento existe. A marca conta hoje com 21 lojas, ante 14 no ano passado. E contando.

Leia abaixo trechos da entrevista.

Como é o hábito de consumo do homem?

O homem não tem essa intimidade com moda, ele pensa em roupa, compra por necessidade de uso e não por desejo. Para ir para a praia, ou para o trabalho, ele compra porque precisa. Ele entra na loja, mas não gosta, se os vendedores ficam em cima ele não gosta, prefere chamar quando tem necessidade. Lojas em geral são confusas. Procuramos montar uma boutique que atendesse o cliente de forma completa, para diversas ocasiões de uso, quase uma loja de departamento. Sabemos que é difícil porque em geral lojas têm metragem pequena. Fizemos um combinado entre boutique e loja de departamento.

 Foi uma forma de vencer a resistência do consumidor masculino?

O homem quer se sentir seguro na loja, na compra. Separamos os produtos em sete linhas, uma para o dia a dia, outra para uma ocasião mais social, outra mais fim de semana. E criamos uma linha das peças que nunca saem de moda, com 30 itens, com a consistência que ele quer. Tem uma calça chino caqui, uma camisa branca, e por aí vai. A vida precisa ser prática. Mas isso nos criou um problema, uma linha precisa ser completa, com muitos produtos. O homem também precisa ter uma boa experiência. Deixamos uma playlist tocando, tivemos a ideia de trazer o chope, em um bar em que pudesse ser atendido de forma mais tranquila, relaxar enquanto finaliza a compra.

O que a Foxton oferece de diferente em termos de produto?

Temos uma camiseta com os dizeres “work in progress”. É nossa inquietação, de estar em movimento, olhando para inovação, sempre evoluindo. Procuramos atender o homem em diversos momentos da vida, o que quer, aonde quer chegar, o que tem de valor. Paralelamente à coleção pensamos muito em tecnologia, em matéria prima, acreditamos na praticidade para a vida do homem. Temos a linha Foxton Tech, com a tecnologia para esse homem em sua vida corrida, que emenda o trabalho num jantar, com tecidos que têm o benefício de não amassar, leves e que trazem certa sofisticação. Temos a linha tropical urbana, que traz o linho com muita força, é mais natural, tem a inspiração do Rio de Janeiro. A linha casual atende ao homem de forma básica. Todas as linhas precisam ter uma curadoria precisa. Precisamos surpreender o cliente mas ouvi-lo é fundamental. Sempre frequentei nossos pontos de venda, desde a Babilônia Hype. Se não ouvisse o cliente teria quebrado.

Em que fazer parte de um grupo grande como o Soma ajuda a Foxton?

O Soma Labs é um braço do grupo focado em tecnologia, nos ajuda muito. O grupo nos apoia, acredita muito na marca. Temos um alinhamento. Tivemos que acelerar o digital, não éramos uma marca nacional, o desafio foi grande, mas fomos muito bem amparados em refazer estratégias. Fomos conquistando nosso lugar, a gente não tinha grana pra expandir, precisávamos desse suporte. Hoje somos uma marca muito mais segura, onde estamos, para onde queremos ir. Temos uma segurança enorme para atingir esses objetivos, ampliar oportunidades. Existe um respeito muito grande com a identidade da marca. Crescer não é só expandir com loja física, cada marca tem um tempo de maturação, um crescimento interno e externo,e isso sempre foi respeitado. Existe uma troca muito grande com as outras marcas do grupo, marcas fortes, cada uma com seu viés. Temos diálogo com Farm, Animale, uma relação de troca, de visão, de experiência.

A entrada da Hering no grupo Soma vai ajudar no crescimento da Foxton?

A entrada da Hering vai ser muito importante para a Foxton. Sentimos falta de outra marca que tenha experiência com o mercado masculino, que tenha esse contato, essa forma de pensar. Podemos ter mais recorrência em loja, dividir cadeias de fornecimento. Sempre tive muito respeito pela Hering, uma marca clássica, brasileira. Temos algumas possibilidades na cabeça mas ainda não conversamos, tudo é muito recente. Acho que Hering também vai aprender também bastante com o grupo, vai ser uma boa troca.

Onde a Foxton pretende estar daqui cinco anos?

Queremos ser sempre uma marca contemporânea, atualizada com o momento, uma marca nacional. Estamos emocionados em abrir uma loja em Brasília, ou admirador do modernismo, chegar em Recife, um lugar culturalmente mágico. Queremos ser a marca masculina mais admirada do Brasil.

Quais são os próximos planos?

Vamos começar a vender em Paris e em Portugal, muita gente pede franquia, então futuramente essa expansão será para fora. Para essas primeiras presenças fora ainda estamos selecionando um mix, é algo em construção. em construção, Somos uma marca contemporânea, vemos a vida com otimismo, não vejo muitas barreiras para nos tornarmos global. Este ano ainda pretendemos abrir entre seis e oito lojas, pensando sempre na experiência do digital, com consistência. Não adianta ser um grande cantor no metrô do Rio, melhor estar no metrô de Londres, precisamos chegar nas pessoas, contar nossos atributos.

Vocês têm feito colaborações com outras marcas. Por que isso é importante?

Como ainda não somos grandes, as parcerias ajudam a trazer um reconhecimento, a nos identificar. Com a Rains, marca de Copenhague de casacos impermeáveis, mostramos nossa ligação com a tecnologia. Para a campanha da coleção trouxemos um modelo oriental, que representasse o minimalismo, a marca gostou muito. Eu tenho uma fazenda em Itatiaia, no interior do Rio, mito isolada, não tem internet, então essa ligação com a natureza aparece na parceria com a SOS Mata Atlântica, foi um modo de retribuir à natureza pela inspiração. Também olhamos muito para os produtos nacionais. A Louie é uma marca de sapatos muito contemporânea, muito clássica, mas também muito moderna, vamos lançar uma parceria com eles.  E no próximo verão teremos uma parceria com a Fundação Athos Bulcão, com cinco estampas. A Foxton quer ser uma marca global, mas não pode perder origem, o orgulho da cultura brasileira.

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