Vencedor do prêmio World Press Photo of the Year 2023, o fotógrafo ucraniano Evgeniy Maloletka, que trabalha para a Associated Press (AP), posa ao lado de sua foto vencedora no Nieuwe Kerk, em Amsterdã (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 20 de abril de 2023 às 14h57.
Última atualização em 20 de abril de 2023 às 15h03.
A fotografia de uma mulher grávida ferida sendo retirada após o atentado russo contra a maternidade de Mariupol, cidade ucraniana, ganhou nesta quinta-feira, 20, o primeiro prêmio do prestigiado World Press Photo.
O bebê Miron (que vem da palavra "paz") nasceu morto, e sua mãe, de 32 anos, morreu meia hora após o parto.
A imagem capturada por Evgeniy Maloletka, da agência Associated Press (AP), "captura o absurdo e horror da guerra", evidenciando "a morte de futuras gerações de ucranianos", declarou o júri do famoso concurso de fotojornalismo.
O fotógrafo ucraniano, que disse ter chegado no local 1 hora antes da invasão de Mariupol, é um dos poucos que conseguiram documentar o incidente.
"Durante 20 dias, vivemos com os médicos no porão do hospital e em abrigos com cidadãos comuns, tentando mostrar o medo que os ucranianos viviam", testemunhou ele.
Na fotografia premiada, a gestante Iryna Kalinina é transportada em uma maca por cinco homens em meio a prédios destruídos. Com o olhar perdido e a perna ensanguentada, ela toca a barriga.
Esta imagem mostra um "fato histórico profundamente doloroso", estimou o júri.
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste, é símbolo da resistência ucraniana. O local foi atacado e bombardeado pelas forças russas por várias semanas, logo após o início da ofensiva em fevereiro de 2022.
O bombardeio contra uma maternidade e um hospital pediátrico da cidade, em 9 de março de 2022, deixou três mortos e pelo menos 17 feridos, deflagrando uma avalanche de condenações em todo o mundo.
A princípio, a Rússia negou a responsabilidade do bombardeio.
Mariupol caiu nas mãos dos russos em maio de 2022. De acordo com Kiev, 90% da cidade foi destruída, e cerca de 20 mil pessoas morreram desde então. A União Europeia condenou o atentado como um "grave crime de guerra".
Ao dar à imagem esta plataforma, o júri "espera que o mundo faça uma pausa para reconhecer as intoleráveis realidades desta guerra e refletir sobre o futuro da Ucrânia".
Esta e outras fotografias premiadas serão exibidas a partir de 22 de abril em Amsterdã.