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Filme sobre drones quer estimular debate, diz diretor

Filme "Good Kill", de Andrew Niccol, estreou nesta sexta no Festival de Cinema de Veneza

Diretor Andrew Niccol, do filme "Good Kill, durante o Festival de Cinema de Veneza (Tony Gentile/Reuters)

Diretor Andrew Niccol, do filme "Good Kill, durante o Festival de Cinema de Veneza (Tony Gentile/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2014 às 17h38.

Veneza - O ator Ethan Hawke interpreta um piloto de drone (aeronave não-tripulada) que tem um colapso mental enquanto atinge alvos a 11 mil quilômetros de distância no filme "Good Kill", que estreou nesta sexta-feira Festival de Cinema de Veneza e quer estimular um debate.

Dizendo logo de cara se tratar de uma produção “baseada em fatos reais”, o filme dirigido pelo neozelandês Andrew Niccol, cujo "Gattaca", de 1997 e também estrelando Hawke, foi indicado a um Oscar, é situado em uma base de operações de drone em 2010.

“O que me atraiu neste projeto foi a natureza esquizofrênica desta guerra – é um novo tipo de guerra”, disse Niccol em uma coletiva de imprensa após a exibição.

“Nunca tínhamos tido um tipo de guerra na qual um soldado como o personagem de Ethan Hawke basicamente combate durante 12 horas com o Taliban e depois volta para casa, para a esposa e os filhos, e fica com eles mais 12 horas”, declarou.

Ele disse que os produtores do que afirma ser o primeiro filme de ficção sobre a guerra com drones procuraram a cooperação do Departamento de Defesa dos Estados Unidos para rodar a produção, mas que o pedido foi negado.

“Houve desafios, porque é muito difícil fazer um filme sobre militares sem apoio dos militares”, disse.

“Espero que ele desperte reflexões e discussões. Acho que a história é um alerta para que pensemos onde vamos chegar com este programa de drones”, acrescentou.

Las Vegas, com seus cassinos e seus letreiros de neon, é um contraste gritante com o mundo árido de cabanas na lama e paisagens desérticas que os operadores de drone veem em suas telas de comando.

Quando encerram o expediente, eles voltam para seus lares suburbanos, a um mundo de distância das cidades e vilarejos afegãos que os mísseis de suas aeronaves fulminam.

Hawke disse que a proximidade de Las Vegas ressalta a ideia de que os operadores e seus superiores estão “na cidade do pecado julgando o resto do mundo”.

Mas seu personagem, o major Thomas Egan, é perturbado pelo “dano colateral” – os civis que morrem nos ataques, o que o leva a beber e a uma crise em seu casamento.

Niccol declarou que o filme não pretende ser pró ou antiguerra, mas que a linguagem fria dos operadores, em frases como ‘autodefesa preventiva’, faria George Orwell, autor de "1984", revirar-se no túmulo.

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