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Festival de Veneza terá documentário sobre prisão de Caetano na Ditadura

O documentário Narciso em Férias, sobre a prisão de Caetano Veloso em 1968, durante a ditadura militar, foi selecionado para o 77º Festival de Veneza

Caetano Veloso: documentário sobre prisão durante Ditadura no Brasil foi selecionado para Festival de Veneza (Kevin Winter/Getty Images/AFP/Getty Images)

Caetano Veloso: documentário sobre prisão durante Ditadura no Brasil foi selecionado para Festival de Veneza (Kevin Winter/Getty Images/AFP/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 28 de julho de 2020 às 10h02.

O documentário Narciso em Férias, sobre a prisão de Caetano Veloso em 1968, durante a Ditadura Militar, foi selecionado para o 77º Festival de cinema de Veneza, para a seção oficial Out of Competition. Escrito e dirigido por Renato Terra, de Uma Noite em 67, e Ricardo Calil, de Cine Marrocos, o filme é uma realização da Uns Produções, produzido por Paula Lavigne e coproduzido pela VideoFilmes, de Walter Salles e João Moreira Salles.

O Festival de Veneza, o primeiro a ser realizado depois da pandemia do novo coronavírus, mas com uma programação reduzida, será entre os dias 2 e 12 de setembro.

Em Narciso em Férias (Narcissus off Duty), o músico e compositor Caetano Veloso relembra sua prisão, quando ele e Gilberto Gil foram retirados de suas casas em São Paulo por agentes à paisana no dia 27 de dezembro de 1968, 14 dias depois de decretado o AI-5.

Sem receber explicações do regime de exceção, foram levados ao Rio de Janeiro, deixados em duas solitárias por uma semana e depois transferidos para celas. A censura prévia impediu os jornais de divulgarem suas prisões. Depois de 50 anos, ele relata o período mais duro de sua vida e reflete sobre os 54 dias que passou encarcerado.

 

O título do documentário aparece também no livro Verdade Tropical, no capítulo em que ele narra esse episódio e conta dos quase dois meses em que ficou sem se olhar no espelho, e foi emprestado do romance Este Lado do Paraíso, de F. Scott Fitzgerald.

Ao falar sobre sua experiência na prisão, Caetano diz: "eu me lembro muito de uma frase que o Rogério Duarte me disse logo que eu fui solto: 'Quando a gente é preso, é preso para sempre'. Acho que é assim mesmo". Ele conta ainda que passou dias comendo no chão e que passou a pensar que a vida era só aquilo, que o que teve antes nunca mais voltaria.

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