Festival de Quadrinhos na França homenageia Art Spiegelman
Evento faz retrospectiva ao autor que, em 1992, ganhou um Prêmio Pulitzer por sua obra 'Maus', um imprescindível relato em quadrinhos sobre o Holocausto
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2012 às 10h15.
Angoulême (França) - O 39º Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, que começou na quinta-feira, dedica uma minuciosa retrospectiva ao autor Art Spiegelman, que em 1992 ganhou um Prêmio Pulitzer por sua obra 'Maus', um imprescindível relato em quadrinhos sobre o Holocausto.
O festival , que revisa o trabalho do americano por meio de desenhos originais, cadernos, e esboços pode ser visitado até domingo na homenagem que a cidade de Angoulême, no oeste da França, faz às histórias em quadrinhos todos os anos.
Grande parte da exposição analisa o processo criativo que levou Spiegelman (Estocolmo, 1948) a desenhar dois volumes de 296 páginas em preto e branco, publicados em 1986 e 1991, nos quais reúne a experiência de seu pai, Vladek, em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.
Spiegelman fez as duas obras com saltos no tempo e pinceladas minimalistas, transformando os personagens em animais antropomorfos (ratos para os judeus, gatos para os nazistas, rãs para os franceses e cachorros para os americanos) e sem renunciar a um ápice de humanidade e seu ácido senso de humor a cada vez que abre a boca ou desenha.
A prova disso é o retrato que traça de seu pai, o deportado número 175113, a quem transformou em um rato pão-duro e egoísta, atormentado pelos anos que passou em um campo de extermínio nazista.
O autor também representa a si mesmo na segunda parte de 'Maus' como uma pessoa ridiculamente angustiada pela notoriedade do primeiro volume de uma obra que se tornou sucesso de crítica e vendas e mudou profundamente sua vida.
'Maus' é um livro 'que não se fecha nem para dormir', dizia o escritor italiano Umberto Eco, lembraram os organizadores do festival.
A retrospectiva que chega agora a Angoulême - e que em fevereiro viajará ao Centro Pompidou de Paris - recolhe as anotações das entrevistas que Spiegelman manteve com seu pai para preparar o livro e os rabiscos que ia fazendo até transformá-los em páginas, além de camisetas, pôsteres e dúzias de páginas do livro original.
O evento faz um passeio pela obra à qual o próprio Spiegelman, presidente do júri do festival e melhor autor estrangeiro em 1993, dedicou uma minuciosa análise em seu novo livro, 'MetaMaus'.
Mas o festival de história em quadrinhos mais importante da Europa não se limita à consagrada e reeditada obra-prima de Spiegelman. Recupera também peças de seu início de carreira como assessor criativo da marca de chicletes Topps e exemplares do primeiro de seus fanzines:'Blasé', publicado em 1963 e inspirado na célebre revista 'MAD', fundada por Harvey Kurtzman.
O evento destaca ainda sua experiência como editor à frente da revista underground 'Raw', entre 1980 e 1991, na qual publicou autores como Charles Burns, José Muñoz, Jacques Tardi e Javier Mariscal, entre outros.
As paredes do Bâtiment Castro de Angoulême, que abriga a exposição, são ilustradas ainda pela capa que Spiegelman, que vive em Manhattan, desenhou para a revista 'The New Yorker' duas semanas depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, na qual sintetizou a tragédia com duas sóbrias torres negras sobre um fundo cinza monocromático.
Um ano depois, publicou no jornal alemão 'Die Zeit' a história em quadrinhos 'À Sombra das Torres Ausentes', onde lança seu peculiar olhar sobre o dramático atentado contra as Torres Gêmeas de Nova York. EFE
Angoulême (França) - O 39º Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, que começou na quinta-feira, dedica uma minuciosa retrospectiva ao autor Art Spiegelman, que em 1992 ganhou um Prêmio Pulitzer por sua obra 'Maus', um imprescindível relato em quadrinhos sobre o Holocausto.
O festival , que revisa o trabalho do americano por meio de desenhos originais, cadernos, e esboços pode ser visitado até domingo na homenagem que a cidade de Angoulême, no oeste da França, faz às histórias em quadrinhos todos os anos.
Grande parte da exposição analisa o processo criativo que levou Spiegelman (Estocolmo, 1948) a desenhar dois volumes de 296 páginas em preto e branco, publicados em 1986 e 1991, nos quais reúne a experiência de seu pai, Vladek, em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.
Spiegelman fez as duas obras com saltos no tempo e pinceladas minimalistas, transformando os personagens em animais antropomorfos (ratos para os judeus, gatos para os nazistas, rãs para os franceses e cachorros para os americanos) e sem renunciar a um ápice de humanidade e seu ácido senso de humor a cada vez que abre a boca ou desenha.
A prova disso é o retrato que traça de seu pai, o deportado número 175113, a quem transformou em um rato pão-duro e egoísta, atormentado pelos anos que passou em um campo de extermínio nazista.
O autor também representa a si mesmo na segunda parte de 'Maus' como uma pessoa ridiculamente angustiada pela notoriedade do primeiro volume de uma obra que se tornou sucesso de crítica e vendas e mudou profundamente sua vida.
'Maus' é um livro 'que não se fecha nem para dormir', dizia o escritor italiano Umberto Eco, lembraram os organizadores do festival.
A retrospectiva que chega agora a Angoulême - e que em fevereiro viajará ao Centro Pompidou de Paris - recolhe as anotações das entrevistas que Spiegelman manteve com seu pai para preparar o livro e os rabiscos que ia fazendo até transformá-los em páginas, além de camisetas, pôsteres e dúzias de páginas do livro original.
O evento faz um passeio pela obra à qual o próprio Spiegelman, presidente do júri do festival e melhor autor estrangeiro em 1993, dedicou uma minuciosa análise em seu novo livro, 'MetaMaus'.
Mas o festival de história em quadrinhos mais importante da Europa não se limita à consagrada e reeditada obra-prima de Spiegelman. Recupera também peças de seu início de carreira como assessor criativo da marca de chicletes Topps e exemplares do primeiro de seus fanzines:'Blasé', publicado em 1963 e inspirado na célebre revista 'MAD', fundada por Harvey Kurtzman.
O evento destaca ainda sua experiência como editor à frente da revista underground 'Raw', entre 1980 e 1991, na qual publicou autores como Charles Burns, José Muñoz, Jacques Tardi e Javier Mariscal, entre outros.
As paredes do Bâtiment Castro de Angoulême, que abriga a exposição, são ilustradas ainda pela capa que Spiegelman, que vive em Manhattan, desenhou para a revista 'The New Yorker' duas semanas depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, na qual sintetizou a tragédia com duas sóbrias torres negras sobre um fundo cinza monocromático.
Um ano depois, publicou no jornal alemão 'Die Zeit' a história em quadrinhos 'À Sombra das Torres Ausentes', onde lança seu peculiar olhar sobre o dramático atentado contra as Torres Gêmeas de Nova York. EFE