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Exposição inventa nova realidade com a fotografia

Na nova série de imagens feitas no sertão da Bahia, Claudio Edinger alterna o caráter documental com a potência ficcional da fotografia

Edinger apresenta uma deliberada mistura de provocação e fascínio e “inventa” cenas que hipnotizam o espectador (Claudio Edinger)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2012 às 12h15.

São Paulo - Em todos os ensaios de Claudio Edinger, há a intenção de abandonar o atributo que mais assombra a fotografia contemporânea: o real. Aos poucos, o fotógrafo carioca, que sempre viveu em São Paulo, intensificou esse afastamento com séries desconcertantes e próximas dos nossos sentidos, contraditórios e ambíguos. Seu novo conjunto, Sertão da Bahia, realizado entre 2005 e 2012, está no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, e também no livro De Bom Jesus a Milagres (Bei Editora, 176 págs).

Como nos trabalhos anteriores, Edinger apresenta uma deliberada mistura de provocação e fascínio e “inventa” cenas que hipnotizam o espectador. Entre retratos de personagens da região, paisagens e interiores, a complexidade técnica jamais se impõe à imagem. Imperam a beleza das coisas simples e a emoção dos breves segundos de encontro com o outro.

Desta vez, Edinger utilizou uma câmera Sinar, de grande formato e analógica. Marcado pela ideia de foco seletivo, o ensaio traz, em um mesmo plano, áreas bem definidas e outras embaçadas. Verticalizadas, as fotos obedecem a um padrão visual único e estão associadas à representação da vida cotidiana das pequenas cidades por onde o fotógrafo circulou, divididas pelo rio São Francisco. O ensaio situa-se entre o caráter documental e a potência ficcional da fotografia. O inusitado das imagens reside justamente no foco pontual, de suave delicadeza, que cria uma visão encantadora da região.

Cores que pulsam

As criações de Edinger negam-se a espetacularizar o dia a dia e destacam o que ele denomina de “elementos inquietantes”. O Brasil é também a conjunção dos contrários – alta tecnologia e regionalidade primitiva –, e essa tensão é tratada em sua fotografia com naturalidade. Nesse universo que se apresenta como imagem pronta, a ênfase está nos detalhes. As cores são exuberantes e pulsam no entorno da cena, acentuando ainda mais a sintaxe do foco seletivo.

Em 37 anos ininterruptos de estrada, é possível identificar diferentes procedimentos usados pelo fotógrafo para articular os elementos de ordem estética com os simbólicos. Por exemplo, a loucura, nos ensaios Juqueri (1989-1990) e Carnaval (1991), foi registrada com a câmera Hasselblad, de formato quadrado – ou seja, um tema assimétrico num espaço de simetria perfeita.

A intuição sutil deriva da experiência com a meditação budista. Edinger estuda filosofia sistematicamente a fim de ampliar sua capacidade de expor a pausa, o silêncio como alternativas aos excessos contemporâneos.

A Exposição

Claudio Edinger – De Bom Jesus a Milagres. Museu da Imagem e do Som de São Paulo (av. Europa, 158). Até 24/6. De 3ª a 6ª, das 12h às 21h; sáb. e dom., das 11h às 20h. R$ 4.

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São Paulo - Em todos os ensaios de Claudio Edinger, há a intenção de abandonar o atributo que mais assombra a fotografia contemporânea: o real. Aos poucos, o fotógrafo carioca, que sempre viveu em São Paulo, intensificou esse afastamento com séries desconcertantes e próximas dos nossos sentidos, contraditórios e ambíguos. Seu novo conjunto, Sertão da Bahia, realizado entre 2005 e 2012, está no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, e também no livro De Bom Jesus a Milagres (Bei Editora, 176 págs).

Como nos trabalhos anteriores, Edinger apresenta uma deliberada mistura de provocação e fascínio e “inventa” cenas que hipnotizam o espectador. Entre retratos de personagens da região, paisagens e interiores, a complexidade técnica jamais se impõe à imagem. Imperam a beleza das coisas simples e a emoção dos breves segundos de encontro com o outro.

Desta vez, Edinger utilizou uma câmera Sinar, de grande formato e analógica. Marcado pela ideia de foco seletivo, o ensaio traz, em um mesmo plano, áreas bem definidas e outras embaçadas. Verticalizadas, as fotos obedecem a um padrão visual único e estão associadas à representação da vida cotidiana das pequenas cidades por onde o fotógrafo circulou, divididas pelo rio São Francisco. O ensaio situa-se entre o caráter documental e a potência ficcional da fotografia. O inusitado das imagens reside justamente no foco pontual, de suave delicadeza, que cria uma visão encantadora da região.

Cores que pulsam

As criações de Edinger negam-se a espetacularizar o dia a dia e destacam o que ele denomina de “elementos inquietantes”. O Brasil é também a conjunção dos contrários – alta tecnologia e regionalidade primitiva –, e essa tensão é tratada em sua fotografia com naturalidade. Nesse universo que se apresenta como imagem pronta, a ênfase está nos detalhes. As cores são exuberantes e pulsam no entorno da cena, acentuando ainda mais a sintaxe do foco seletivo.

Em 37 anos ininterruptos de estrada, é possível identificar diferentes procedimentos usados pelo fotógrafo para articular os elementos de ordem estética com os simbólicos. Por exemplo, a loucura, nos ensaios Juqueri (1989-1990) e Carnaval (1991), foi registrada com a câmera Hasselblad, de formato quadrado – ou seja, um tema assimétrico num espaço de simetria perfeita.

A intuição sutil deriva da experiência com a meditação budista. Edinger estuda filosofia sistematicamente a fim de ampliar sua capacidade de expor a pausa, o silêncio como alternativas aos excessos contemporâneos.

A Exposição

Claudio Edinger – De Bom Jesus a Milagres. Museu da Imagem e do Som de São Paulo (av. Europa, 158). Até 24/6. De 3ª a 6ª, das 12h às 21h; sáb. e dom., das 11h às 20h. R$ 4.

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