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Estaleiro do iate do Cristiano Ronaldo passa a construir, no Brasil, barcos de US$ 1,1 mi

Braço brasileiro da companhia registrou crescimento de 25% em 2020 e agora aposta nas embarcações mais compactas; objetivo é dobrar produção em três anos

Atlantis 51: a US$ 1,1 milhão de dólares (Divulgação/Divulgação)
DS

Daniel Salles

Publicado em 8 de fevereiro de 2021 às 13h49.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2021 às 15h36.

Inaugurado há onze anos, o estaleiro brasileiro da Azimut, o único fora da Itália, não pode se queixar da pandemia. Localizado no município de Itajaí, em Santa Catarina, ele registrou um faturamento de cerca de 250 milhões de reais no ano passado, o que representa um crescimento de 25% em relação a 2019 – e o melhor resultado até aqui. “O mercado brasileiro de iates já estava aquecido antes da pandemia e foi fortalecido por ela”, diz Davide Breviglieri, CEO da Azimut no Brasil. A explicação: com o surto viral e as restrições a viagens internacionais ainda no horizonte, mais e mais milionários decidiram que chegou a hora de ter um iate para chamar de seu. “Quer maneira melhor de se manter isolado?”, argumenta Breviglieri.

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Para aproveitar ainda mais os ventos favoráveis, o braço local da Azimut anunciou que passará a construir a linha de embarcações mais compactas da companhia, a Atlantis. Os de 51 pés, os primeiros da coleção que serão confeccionados em Itajaí, vão custar 1,1 milhão de dólares cada um. É bem menos que os 10 milhões de dólares que o craque Cristiano Ronaldo precisou desembolsar pelo seu Grande 27 Metri, um dos iates mais célebres da Azimut. O modelo mais compacto da Atlantis, porém, cujo preço ainda não foi revelado, mede 34 pés. É uma linha voltada para quem está ingressando no universo náutico (ou, por outro lado, para quem ainda não dispõe de tantos bilhões sem destino).

A fábrica brasileira da Azimut, convém explicar, passará a ser a única a confeccionar os iates da Atlantis. “Demonstra a confiança do grupo e o alto nível de maturidade que atingimos em termos de produção, seguindo a mesma excelência dos modelos produzidos na Itália”, diz o diretor geral do estaleiro catarinense, Francesco Caputo. A produção dos primeiros exemplares verde-amarelos da Atlantis deve começar neste ano. Com eles, a companhia calcula que a produção nacional deverá dobrar em três anos, assim como o número total de funcionários – hoje são 400. Atualmente espalhada por quatro galpões que somam 20 mil metros quadrados, a fábrica em Itajaí deverá aumentar 20% para dar conta da novidade.

Adquirido há pouco pelo CR7, o Grande 27 Metri custa 55 milhões de reais (Divulgação/Divulgação)

A confecção de barcos como o Grande 27 Metri, o do CR7, não será interrompida. O exemplar adquirido pelo jogador, na verdade, foi construído pela Azimut na Itália – ele recebeu o veículo de 55 milhões de reais em agosto do ano passado. Do estaleiro brasileiro, no entanto, já saíram três modelos do tipo.

É uma embarcação que se diferencia pelo uso desmedido da fibra de carbono como material estrutural. Conhecida por dar forma aos carros de Fórmula 1, ela é mais leve que a matéria-prima normalmente usada pelos estaleiros, a fibra de vidro, utilizada, no caso, só para a confecção do casco, por se dar melhor com a água. O peso a menos permitiu ao designer italiano Stefano Righini tirar do papel um iate com 27 metros de comprimento e 350 metros quadrados de área. É uma dimensão que só os barcos com mais de 30 metros de comprimento costumam ter. “Pode parecer uma diferença pequena, mas quanto mais compacto o barco, mais fáceis as manobras e maior o número de regiões nas quais ele pode navegar”, explica Caputo

A leveza da fibra de carbono também permitiu que Righini não economizasse no uso do vidro — repare que as janelas das suítes e das salas vão quase do chão ao teto e as dos banheiros não se resumem a escotilhas. De quebra, deixa a embarcação mais estável e menos sedenta por combustível — o fabricante sustenta que o 27 Metri gasta a metade de diesel que um iate similar feito só de fibra de vidro. A autonomia é de treze horas, o suficiente para ir de Itajaí a Angra dos Reis. Acelerando ao máximo, chega-se a 50 quilômetros por hora.

Ripas de madeira teca são o piso da maioria dos ambientes, a começar pela chamada “beach area”, uma plataforma de 7,5 metros quadrados afixada na parte traseira. Acionada, mantém-se quase no nível do mar e pode acomodar um ombrelone e duas espreguiçadeiras, por exemplo. Suspensa, encobre uma “garagem” capaz de abrigar um jet ski ou um barco de apoio — fica a dúvida. Já o lounge do convés, geralmente a área mais frequentada em embarcações do tipo, se espalha por 35 metros quadrados. Muito sol? O toldo com acionamento automático dá conta do recado.

Andares são três, desconsiderando a cabine do piloto, encapsulada entre o térreo e a cobertura. Esta dispõe de uma churrasqueira instalada ao lado de uma máquina de gelo e de um balcão com três bancos altos. Completam o ambiente uma mesa para oito pessoas, similar à da varanda do térreo e a da sala de jantar, duas espreguiçadeiras e uma jacuzzi para cinco pessoas. Quantas suítes? Cinco, para o conforto de até dez passageiros. A menor tem 13,5 metros quadrados; a máster, quase o dobro do tamanho e mordomias como closet e banheiro com duas pias. De mármore, claro, como as das quatro outras suítes. Para a pia e as paredes da cozinha, que soma doze metros quadrados, optou-se pelo mármore sintético.

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