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Escândalo em Veneza por filme com cena de sexo com crucifixo

O filme, uma história de excessos místicos na qual inclusive a fotografia do papa Bento XVI é difamada, arrancou risos e foi aplaudido durante a primeira projeção

O diretor austríaco Ulrich Seidl apresenta "Paradise Faith" no Festival de Veneza: o filme denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso (©AFP / Gabriel Bouys)

O diretor austríaco Ulrich Seidl apresenta "Paradise Faith" no Festival de Veneza: o filme denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso (©AFP / Gabriel Bouys)

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Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2012 às 23h22.

Veneza - O irreverente filme do austríaco Ulrich Seidl, "Paradise Faith", que compete pelo Leão de Ouro na Mostra de Veneza, junto com outros 17 filmes, escandalizou nesta sexta-feira com uma cena de sexo com um crucifixo.

"Faith provoca escândalo", afirma o jornal italiano Coriere della Sera ao resenhar o filme decididamente anticlerical, protagonizado por uma fervorosa católica que se flagela, usa o cilício, caminha pela casa de joelhos, impreca os pecadores e chega a se masturbar com um crucifixo.

A cena, na qual a católica Anna Maria, uma auxiliar de raio-x, lentamente tira o crucifixo da parede de seu quarto, o acaricia, o beija, torna a beijá-lo cada vez mais intensamente, até que finalmente se masturba com ele sob as cobertas, é certamente uma das mais impressionantes do cinema contemporâneo.

O filme, uma história de excessos místicos na qual inclusive a fotografia do papa Bento XVI é difamada, arrancou risos e foi aplaudido durante a primeira projeção à imprensa especializada e provavelmente gerará reações na Itália, um dos países mais católicos do planeta, e no Vaticano.

Para Anna Maria, o caminho que a levará ao paraíso reside em Jesus, e por isso decide percorrer toda a cidade de Viena com uma imagem da Virgem Maria de cerca de quarenta centímetros nas mãos batendo de porta em porta para convencer as pessoas a se unirem ao cristianismo.


O retorno inesperado após anos de ausência de seu marido, um muçulmano egípcio prostrado em uma cadeira de rodas, termina por reforçar sua fé.

"A protagonista não entende que a adoração cega pro Cristo a converte em um ser inumano, incapaz de sentir amor e de comunicar a mais importante virtude cristã: amar ao próximo", comentou o diretor.

O filme, que faz parte da trilogia Paradise (os outros dois são "Paradise: Love" e "Paradise: Hope"), do diretor Seidl, produzido por França, Áustria e Alemanha, denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso.

"Somos as tropas de assalto da Igreja" é o lema da comunidade religiosa a qual a protagonista pertence, que encarna a paixão tanto espiritual quanto carnal por Cristo.

O diretor, renomado documentarista, premiado em 2001 em Veneza por seu primeiro longa-metragem "Hundstage", disse ter se inspirado nas peregrinações religiosas para convencer adeptos.

"Ela é uma mulher decepcionada com o amor, com os homens e frustrada sexualmente. Sente um vazio interior", explicou.

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