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Entre o entusiasmo e a frustração, fãs esperam Taylor Swift na América Latina

Os ingressos no Brasil custaram entre R$ 190 e R$ 1,05 mil. No México, os fãs devem desembolsar mais: entre US$ 55 e US$ 614 (entre R$ 275 e R$ 3,06 mil)

Os ingressos para o show de Taylor Swift no Brasil custaram entre R$ 190 e R$ 1,05 mil (Scott Legato/TAS23/Getty Images)

Os ingressos para o show de Taylor Swift no Brasil custaram entre R$ 190 e R$ 1,05 mil (Scott Legato/TAS23/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 21 de agosto de 2023 às 16h05.

Última atualização em 21 de agosto de 2023 às 16h14.

Renan enfrentou assaltantes no Brasil, defendendo seu sonho de ver Taylor Swift; Ingrid denuncia "abuso" no México pelo alto valor dos ingressos; Iara faz fila há meses na Argentina para garantir o melhor lugar no show.

A América Latina aguarda a grande estrela do pop com entusiasmo, mas também com frustração: muitos fãs são jovens em dificuldades econômicas, apesar de custearem o alto valor dos ingressos e não se resignarem diante de aparentes irregularidades na venda das entradas.

Aproveitar a "The Eras Tour", a primeira turnê da americana na região — ela participou de eventos pontuais no México em 2011 e no Brasil em 2012 — se tornou uma custosa odisseia.

No Rio de Janeiro, Renan Rodrigues, DJ de 24 anos, acampou várias noites em frente à bilheteria do estádio Nilton Santos, onde Swift se apresentará entre 17 e 19 de novembro.

DJ Firmino, conhecido por tocar nas festas temáticas dos "swifties" (apelido dos fãs), conseguiu ingressos para os três shows, mas tomou uma garrafada na cabeça ao resistir a um assalto durante a espera na fila.

"Queriam levar meu celular, que tinha o cartão da pré-venda dentro da capa (...). Na hora só pensei: não vão levar meu cartão!", relatou Rodrigues, que sofreu ferimentos leves.

"Abuso"

Os ingressos no Brasil custaram entre R$ 190 e R$ 1.050. No México, os fãs devem desembolsar mais: entre US$ 55 e US$ 614 (entre R$ 275 e R$ 3,06 mil), em um país onde os jovens recebem um salário médio de US$ 366 mensais (R$ 1.824), segundo dados oficiais.

Ingrid Cruz, fundadora do fã-clube oficial mexicano, lamenta que tenham os ingressos mais caros da região, pois acredita que se priorizou vender "pacotes VIP" antes dos ingressos comuns.

O pacote mais caro no México é US$ 959 (R$ 4.780), ante US$ 613 (R$ 3.055) na Argentina. "Foi muito abuso", reclama.

Consumidores também denunciam problemas na plataforma de vendas americana Ticketmaster, que opera no México como parte do poderoso grupo CIE, que concentra quase 65% do mercado local de espetáculos ao vivo.

"Swifties" mexicanos questionaram o sistema de pré-venda para os quatros shows na Cidade do México, que começarão nesta quinta-feira, baseado em um registro prévio de "fãs verificados" por e-mail.

Ironicamente, Joel Aguilar, criador da Taylor Swift MX, 'fanpage' com aproximadamente 20 mil seguidores de 20 países, nunca recebeu o link exclusivo para comprar os ingressos.

"Nenhum dos e-mails foi selecionado", conta o jovem de 26 anos, cujos familiares e amigos se registraram para ajudá-lo. Apenas conseguiu entrada na última fila.

Denisse Castro, de 26 anos e desempregada há seis meses, fez malabarismos para forjar um histórico de crédito para obter o cartão do banco patrocinador do show.

Para sua infelicidade, o banco restringiu a venda dos ingressos. "Foi horrível", lamenta Denisse, que acabou adquirindo os mais baratos.

Processo

A Ticketmaster enfrenta no México uma "ação coletiva" na procuradoria do consumidor (Profeco) por reclamações de consumidores entre 2020 e 2022, incluindo o caos por ingressos falsos para um show do portorriquenho Bad Bunny em dezembro passado.

Pressionada pela Casa Branca, a empresa aceitou em junho tornar os seus custos nos Estados Unidos transparentes e recebeu reclamações contundentes de artistas como Robert Smith — líder do The Cure — pelas taxas excessivas.

As denúncias no México incluem clonagem de ingressos, demora em reembolsos e a falta de mecanismos de conciliação com os clientes, detalha Maximilian Murck, cofundador da Tec-Check, organização de defesa do consumidor online.

A Ticketmaster não respondeu os pedidos da AFP para comentar o processo.

No entanto, a empresa lançou há uma semana um novo ingresso digital que evitaria falsificações mediante códigos de barras, em substituição aos ingressos impressos, além de um "botão de ajuda" para clientes.

Governantes "swifties"

A paixão pela ganhadora de 11 prêmios Grammy chegou ao êxtase em Buenos Aires, onde um grupo de fãs montou um acampamento em junho do lado de fora do estádio do River Plate, cinco meses antes do show, para poder ficar perto do palco.

Eles devem cumprir uma regra: passar 28 horas por mês nas barracas até somar 200 e garantir seu lugar.

"Vai ser um fervor total", prevê Iara Palavencino, uma das que acampam no local. "Dou a vida pela Taylor". Na Argentina, os ingressos se esgotaram rápido, apesar da grave crise econômica.

O entusiasmo alcança também as mais altas esferas. O presidente chileno, Gabriel Boric, autoproclamado "swiftie", escreveu para a cantora na rede social X (antigo Twitter), pedindo-lhe que incluísse seu país em uma próxima turnê.

O mesmo fez o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, que conseguiu que a artista, que havia excluído o Canadá, anunciasse seis datas em Toronto para 2024.

Taylor Swift é também um fenômeno intergeracional, a julgar por fãs como o ex-presidente da Suprema Corte do México, Arturo Zaldívar, de 64 anos. "Não há nada de trivial em Taylor Swift", escreveu o juiz em junho em um jornal.

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