Exame Logo

Em uma Belfast confinada, 'pint' de Guinness resiste

Em uma Belfast confinada, a cerveja Guinness continua circulando em abundância

Harry McKeaveney, do bar The Hatfield House, usa máscara, viseira e luvas enquanto tira o chopp de Guinness em uma van em Belfast, Irlanda do Norte (Divulgação/AFP)

Guilherme Dearo

Publicado em 20 de abril de 2020 às 07h00.

Última atualização em 20 de abril de 2020 às 17h33.

Em uma Belfast confinada, a cerveja Guinness continua circulando em abundância graças a Richard Keenan, cujas vans percorrem a cidade para saciar a sede de clientes assíduos dos pubs que agora estão fechados.Assim como o restante dos estabelecimentos no Reino Unido, seu pub, The Hatfield House, teve que fechar as portas para combater a pandemia do novo coronavírus.

Mas, longe de se deixar abater, Keenan teve a ideia de dividir sua equipe em quatro vans, equipadas com barris refrigerados e torneiras de cerveja, como no balcão de qualquer bar. As distâncias de segurança são respeitadas pelos clientes para evitar qualquer possível propagação do vírus, que já causou 13.000 mortes no Reino Unido.

Veja também

50 milhões de canecas

Embora a Guinness também seja vendida em latas, os mais experientes garantem que servida sob pressão, lentamente e em duas etapas, tem um sabor incomparável. O governo refletiu bastante antes de tomar a decisão de fechar os bares. "Privamos o povo livre do Reino Unido de um direito antigo e inalienável", afirmou o primeiro-ministro Boris Johnson.

A associação Campaign for Real Ale (Camra), que defende os pubs tradicionais, estima que deve-se tirar o equivalente a 50 milhões de pints nos 39.000 pubs do Reino Unido. E as consequências vão além das perdas financeiras, já que os pubs fazem parte do coração da sociedade britânica. "São lugares de socialização. Trazem muitas coisas boas. Ajudam a combater a solidão e o isolamento", afirma o diretor geral da Camra, Tom Stainer.

Vínculo social

O cenário é especial para as pessoas vulneráveis, como os mais velhos, a quem o governo pediu uma quarentena estrita. Para Keenan, seu serviço de entrega da Guinness é um primeiro passo, que pode "transmitir um pouco de alegria" nestes tempos incertos. "Muita gente compra para o pai que não pode sair e cuja vida social consistia antes em ir beber a cerveja uma vez por semana", conta.

E seus clientes ficam felizes em poder se reconectar, mesmo que por um instante, com algo semelhante a uma vida normal. "Sentimos falta de coisas como essa", diz David Ferguson, de 43 anos, que trabalha com finanças, e que recebe a entrega de três pints em seu jardim. "É realmente o sabor", afirma, depois de tomar um gole. "É reconfortante, acredito que seja bom para a moral", estima.

Acompanhe tudo sobre:BebidasCervejasIrlanda do NorteReino Unido

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Casual

Mais na Exame