Drama francês "Grand Central" une romance e crítica social
Segundo filme de Rebecca Zlotowski mostra um grande amadurecimento unindo um romance de risco a um contexto de crítica social
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 20h05.
São Paulo - Destaque na seção Un Certain Regard do Festival de Cannes 2013, "Grand Central", o segundo filme da jovem cineasta e roteirista francesa Rebecca Zlotowski, mostra um grande amadurecimento de sua parte unindo um romance de risco a um contexto de crítica social ao retratar o perigoso trabalho em usinas nucleares com claro tom de denúncia. A França é, aliás, o país europeu que mais utiliza esse tipo de energia. O filme estreia em São Paulo.
Gary (Tahar Rahim, de "O Profeta") é um jovem desempregado, que acaba recrutado para o serviço de limpeza dessas usinas, integrando, com outros rapazes de baixa escolaridade, um exército de trabalhadores temporários, expostos aos enormes perigos da radiação -que eles não desconhecem.
Ainda assim, têm poucas condições de recusar o serviço, devido ao imenso desemprego na Europa, transformando-se numa massa de funcionários de curto prazo, descartáveis. Isso porque, examinados periodicamente para controlar os níveis de radiação assimilados, eles têm que partir assim que esses níveis se elevam, não raro provocando sequelas irreversíveis, o que os lança novamente no desemprego.
Contratado, Gary e seus amigos são alojados perto de uma usina, unindo-se a supervisores como Gilles (Olivier Gourmet) e Toni (Denis Ménochet) - homens experientes nesta atividade absurdamente arriscada, que deveria ser destinada apenas a robôs, o que não ocorre para evitar custos às empresas.
Gary envolve-se com a mulher de Toni, Karole (Léa Seydoux, de "Azul é a cor mais quente"), injetando na história um aspecto intimista, que humaniza o que poderia ser apenas um drama sindical e político, em que este arriscado ambiente de trabalho é focalizado de maneira realista, quase documental.
A diretora acerta igualmente ao não permitir que o caso entre os dois transforme o filme num relato de adultério, o que também se sustenta devido à consistência do personagem de Karole - além de uma força da natureza, ela é igualmente dotada de forte personalidade e complexidade emocional.
Todos esses ingredientes, reunidos com boa liga, proporcionam um filme forte, ótimo de ver. Uma nova diretora nasce no cinema francês - e conduz muito bem seu elenco admirável, além de traçar na tela um comentário crítico sobre a realidade de seu país, que não é nada rósea.
São Paulo - Destaque na seção Un Certain Regard do Festival de Cannes 2013, "Grand Central", o segundo filme da jovem cineasta e roteirista francesa Rebecca Zlotowski, mostra um grande amadurecimento de sua parte unindo um romance de risco a um contexto de crítica social ao retratar o perigoso trabalho em usinas nucleares com claro tom de denúncia. A França é, aliás, o país europeu que mais utiliza esse tipo de energia. O filme estreia em São Paulo.
Gary (Tahar Rahim, de "O Profeta") é um jovem desempregado, que acaba recrutado para o serviço de limpeza dessas usinas, integrando, com outros rapazes de baixa escolaridade, um exército de trabalhadores temporários, expostos aos enormes perigos da radiação -que eles não desconhecem.
Ainda assim, têm poucas condições de recusar o serviço, devido ao imenso desemprego na Europa, transformando-se numa massa de funcionários de curto prazo, descartáveis. Isso porque, examinados periodicamente para controlar os níveis de radiação assimilados, eles têm que partir assim que esses níveis se elevam, não raro provocando sequelas irreversíveis, o que os lança novamente no desemprego.
Contratado, Gary e seus amigos são alojados perto de uma usina, unindo-se a supervisores como Gilles (Olivier Gourmet) e Toni (Denis Ménochet) - homens experientes nesta atividade absurdamente arriscada, que deveria ser destinada apenas a robôs, o que não ocorre para evitar custos às empresas.
Gary envolve-se com a mulher de Toni, Karole (Léa Seydoux, de "Azul é a cor mais quente"), injetando na história um aspecto intimista, que humaniza o que poderia ser apenas um drama sindical e político, em que este arriscado ambiente de trabalho é focalizado de maneira realista, quase documental.
A diretora acerta igualmente ao não permitir que o caso entre os dois transforme o filme num relato de adultério, o que também se sustenta devido à consistência do personagem de Karole - além de uma força da natureza, ela é igualmente dotada de forte personalidade e complexidade emocional.
Todos esses ingredientes, reunidos com boa liga, proporcionam um filme forte, ótimo de ver. Uma nova diretora nasce no cinema francês - e conduz muito bem seu elenco admirável, além de traçar na tela um comentário crítico sobre a realidade de seu país, que não é nada rósea.