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Documentário mostra dor das vítimas da Operação Condor

Cineastra brasileiro viajou pelos países do Cone Sul para registrar o doloroso testemunho das vítimas da Operação Condor, coordenada pelas ditaduras da região

Augusto Pinochet: operação de extermínio foi idealizada pela ditadura de Pinochet (David Lillo/AFP)
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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2014 às 13h35.

Santiago do Chile - A inquietação por zelar "pela verdade" sobre a Operação Condor inspirou o cineasta brasileiro Cleonildo Cruz a viajar pelos países do Cone Sul americano para registrar o doloroso testemunho das vítimas, que quase 40 anos depois seguem buscando respostas.

"O documentário revisará a instauração dos regimes totalitários do Cone Sul americano e exporá o significado da Operação Condor, que tinha como finalidade a morte", explicou Cruz em entrevista à Agência Efe.

"Operação Condor: verdade inconclusiva", o longa-metragem que será lançado em 2015, reunirá os documentos da CIA (Agência Central de Inteligência), desclassificados em 1990, com o testemunho dos entrevistados e imagens de arquivo.

"Desta maneira, será possível para o espectador criar uma imagem total do ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980, quando aconteceu a Operação Condor, uma ação coordenada pelas ditaduras do Cone Sul americano para acabar com os opositores dos regimes totalitários", disse Cruz.

Esta operação de extermínio foi idealizada pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e iniciada em Santiago do Chile em 1975 com uma reunião secreta entre Manuel Contreras, chefe da Polícia secreta chilena (Dina), e os líderes dos serviços de inteligência militar da Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai.

Para Cruz, que atualmente está no Chile registrando as últimas gravações de seu longa-metragem, esta última fase é "extremamente importante", pois é neste país onde está entrevistando alguns das testemunhas-chave de seu documentário.

Entre eles, destacam-se Sofia Prats, filha de Carlos Prats, ex-comandante em chefe do Exército do Chile assassinado em Buenos Aires, Juan Pablo Letelier, filho de Orlando Letelier, chanceler do governo do presidente Salvador Allende e assassinado em Washington, e Laura Elgueta, irmã do desaparecido Luis Enrique Elgueta, músico e militante do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária).

"Este é um filme que mostra a dor das vítimas", disse Cruz que, após recopilar mais de 30 testemunhos, assegura que, apesar da passagem do tempo, as "feridas seguem abertas".

Após o desaparecimento de seus parentes, muitos dos entrevistados tiveram que encontrar uma estratégia que permitisse se relacionar de novo com as dolorosas lembranças, por isso que o processo de recontar as histórias perante as câmaras "não foi nada fácil".

"Muitos tiveram que passar por cima das atrocidades que ocorreram com eles e seus parentes para continuar com a luta por conhecer a verdade", disse Cruz ao mostrar as imagens da entrevista com Laura Elgueta.

Nelas, é possível ver a sobrevivente chilena relatando, com grande integridade, os eventos que ocorreram em julho de 1976 quando seu irmão foi detido na Argentina, onde havia se exilado fugindo da repressão chilena.

Um ano depois do trágico desaparecimento, Laura Elgueta, que então tinha 18 anos e vivia em Buenos Aires, após fugir da ditadura, foi detida e torturada por agentes da Dina, a Polícia secreta da ditadura de Pinochet que atuava na Argentina no marco do Plano Condor.

Segundo o brasileiro, o documentário revela o que ocorreu entre as décadas de 1970 e 1980, no entanto, também constata que, infelizmente, esta realidade continua sendo habitual na América Latina.

"Apesar de viver em democracia, os governos latino-americanos exercem o poder de forma autoritária, transformando a tortura, as agressões e as desaparições forçadas em práticas frequentes", manifestou Cruz, em referência ao recente desaparecimento dos 43 estudantes da cidade mexicana de Iguala.

Após percorrer toda América Latina e Caribe, o cineasta concluiu que "os direitos humanos ainda não são política de Estado", motivo pelo qual a luta pela verdade e a justiça continua sendo altamente necessária.

Uma vez terminado o documentário, Cruz deseja que ele seja transmitido em todas as escolas e bibliotecas da América Latina e que o testemunho de vida dos entrevistados cubra o vazio do relato de fatos "que muitos outros não puderam contar".

São Paulo – O ditador que comandou a Coreia do Norte pelos últimos 18 anos, Kim Jong-il, morreu neste final de semana, deixando para o seu filho mais novo o posto de chefe supremo do país. A tradição, que pode soar arcaica em pleno século 21, é muito mais disseminada pelo mundo do que se pode imaginar. Apesar da onda de levantes no mundo árabe, que livrou países como Egito e Líbia de décadas de tirania, algumas dezenas de países no mundo ainda vivem sob o jugo de déspotas violentos e autoritários. Segundo um levantamento feito pela CBSNews, há cerca de 40 países comandados por ditadores ou em situação bastante similar – casos como a Venezuela e Cuba são considerados “limítrofes” pela publicação. Veja, a seguir, oito países que ainda são comandados por ditadores.
  • 2. Angola

    2 /8(Getty Images)

  • Veja também

    Há 32 anos no poder, Jose Eduardo dos Santos assumiu o cargo de presidente de Angola em setembro de 1979. Com a deposição e morte do ditador líbio Muammar Kadafi, tornou-se o déspota mais longevo da África. Sob seu comando, Angola viveu 27 anos de violenta guerra civil, com denúncias de assassinatos em massa de civis, torturas e repressão a minorias étnicas. Além de presidente, Santos também é chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA) e presidente do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), partido no poder desde a independência do país, em 11 de novembro de 1975.
  • 3. Arábia Saudita

    3 /8(Getty Images)

  • O rei Abdullah bin Abdul-Aziz ascendeu ao trono em 2005, após a morte do seu meio irmão, o rei Fahd. A dinastia, conhecida como a Casa de Saud, controla a Arábia Saudita desde 1932 e tornou-se uma das famílias mais ricas do mundo, controlando vastas reservas de petróleo, apesar da pobreza generalizada que afeta a maioria da população do país. Seu patrimônio pessoal é avaliado em 21 bilhões de dólares. Com o avanço dos protestos que abalaram diversos governos despóticos no Oriente Médio ao longo dos últimos meses, o estado saudita é acusado de prender centenas de manifestantes. O sistema judiciário do país é considerado arcaico, conservando formas medievais de punição, como a decapitação. Logo após o levante da Tunísia, em março deste ano, o rei Abdullah anunciou uma série de medidas para acalmar os ânimos no seu país, incluindo aumentos de salários, criação de empregos e programas de moradia.
  • 4. China

    4 /8(Jim Watson/AFP)

    Embora, na teoria, não seja uma ditadura, na prática a “República Popular da China” tem um dos governos mais autoritários do mundo. O monopólio do poder é garantido em constituição ao Partido Comunista da China (PCC), cujo atual representante – no poder há 8 anos – é o presidente Hu Jintao. O país é severamente criticado pelas frequentes violações aos direitos humanos, com denuncias de censura ampla e generalizada, prisões sem julgamento de ativistas políticos, confissões forçadas, tortura e maus-tratos, entre outras. Cerca de 150 mil chineses vivem com menos de 1 dólar por dia e entre 250 mil e 300 mil dissidentes políticos estão confinados a “campos de reeducação pelo trabalho”.
  • 5. Coreia do Norte

    5 /8(Jonas Ekstromer/AFP)

    Apesar de mais notório por comandar um ameaçador programa nuclear, Kim Jong-il era também a mente por trás de uma das mais duras e longas ditaduras do mundo. Ele ficou no poder por 18 anos, após assumir o lugar do pai , Kim Il-sung, que governou por 46 anos. Em 2009, Kim foi “eleito” para continuar no poder com uma taxa de aprovação de 99,9%. Cerca de 250 mil pessoas estão confinadas a “campos de reeducação” no país, sofrendo privação de liberdade e abusos. A má-nutrição assola a população – segundo dados do Programa Mundial de Alimentação da ONU, um menino de 7 anos de idade da Coreia do Norte é cerca de 20 centímetros mais baixo e 9 quilos mais magro que um menino da mesma idade da vizinha Coreia do Sul. O posto de “chefe do estado” será assumido por Kim Jong-Un, o filho mais novo do falecido presidente, que tem menos de 30 anos de idade.
  • 6. Cuba

    6 /8(Jorge Rey/Getty Images)

    Cuba é uma república socialista, mas, na prática, o país é comandado pelo Partido Comunista de Cuba desde 1959, sem eleições diretas ou imprensa livre. Fidel Castro comandou o estado e as forças armadas até agosto de 2006, quando teve que se afastar por motivos de saúde. Desde então, Raúl Castro comanda o país, assumindo primeiro as funções do irmão interinamente até 2008 e, depois, como presidente “eleito” de Cuba (em eleição de candidato único). Apesar da alta taxa de alfabetização e acesso universal ao sistema de saúde, o governo é acusado de violações dos direitos humanos, incluindo tortura, detenções arbitrárias, julgamentos injustos e execuções extrajudiciais. A população vive sob forte censura e privações causadas pelo embargo econômico de décadas sofrido pelo país.
  • 7. Irã

    7 /8(www.sajed.ir)

    O Irã é presidido desde 2005 por Mahmoud Ahmadinejad, reeleito em 2009 em um pleito polêmico, sob acusações de fraude. Embora Ahmadinejad esteja sempre nas manchetes, na prática, o país é comandado por um conselho de 12 guardiões encabeçado pelo aiatolá Sayyid Ali Khamenei. Há 22 anos no poder, Ali Khamenei é o líder espiritual e político supremo do Irã, cargo vitalício que lhe dá direito a vetar qualquer decisão do governo. Khamenei é acusado de ter acabado com a liberdade de imprensa, torturar jornalistas e ordenar a execução pública de desafetos políticos e homossexuais. Os levantes que aconteceram no país durante este ano, inspirados pela onda de protestos contra as ditaduras no mundo árabe, foram duramente reprimidos pelo governo.
  • 8. Zimbábue

    8 /8(Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

    Robert Mugabe assumiu o comando do Zimbábue há 31 anos, após liderar um levante contra o governo branco pró-apartheid que controlava o país até 1980. Neste período, ele se manteve no poder através da força, sendo acusado de ter comandado assassinatos em massa de dissidentes do regime. Enquanto o déspota desfruta de acomodações luxuosas e de uma gorda conta bancária, a população do Zimbábue tornou-se uma das mais miseráveis do mundo. A taxa de inflação do país é a maior do mundo, o desemprego atinge 80% da população e AIDS infecta 20% dos habitantes. A expectativa de vida de declinou de 62 anos de idade, em 1988, para apenas 38 anos de idade. A agricultura está em ruinas desde os anos 2000, quando Mugabe confiscou e distribuiu as fazendas mais produtivas do país para seus aliados políticos que, sem experiência no cultivo, fracassaram em administrá-las.
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