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Dieta do jejum intermitente pode aumentar risco de doença comum no Brasil

Famoso programa alimentar 5:2 pode causar sério problema de saúde em indivíduos saudáveis

 (vadimguzhva/Thinkstock)

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Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 22 de maio de 2018 às 14h31.

Última atualização em 22 de maio de 2018 às 14h50.

São Paulo - Mais um estudo, desta vez conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo, descobriu um novo efeito colateral do jejum intermitente, também conhecido como dieta 5:2.

Apresentada no encontro anual da European Society of Endocrinology recentemente, a pesquisa apontou que adeptos da dieta têm risco maior de desenvolver diabetes, embora a o programa alimentar seja comprovadamente eficaz para perda de peso.

O levantamento analisou os efeitos do jejum em ratos adultos durante três meses e comprovou que a restrição alimentar pode afetar o pâncreas e prejudicar a produção de insulina, que, consequentemente, poderia levar ao desenvolvimento do diabetes.

De acordo com Ana Bonassa, pesquisadora da USP responsável pelo estudo, essa é a primeira pesquisa que mostra que, apesar da perda de peso, dietas baseadas em jejum podem realmente causar sérios problemas de saúde em indivíduos saudáveis.

No Brasil, um estudo do Ministério da Saúde divulgado em 2017 revelou que o número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu quase 62% em 10 anos. A doença atinge cerca de 10% da população do país e as mulheres são as que mais sofrem com o problema.

Benefícios do jejum

Em contrapartida, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Surrey apontou o jejum intermitente pode trazer benefícios reais para a saúde que vão além da perda de peso.

Publicada no British Journal of Nutrition, a pesquisa contou com a participação 27 pessoas com excesso de peso que, durante dois meses, se submeteram à dieta 5:2.

Ao mesmo tempo que o grupo seguia a dieta do jejum, que consiste em se alimentar normalmente durante cinco dias e nos outros dois reduzir para 600 a quantidade de calorias ingeridas, outro grupo foi orientado a reduzir a quantidade de calorias diárias – mulheres passaram a consumir 1.400 calorias e homens 1.900.

A ideia inicial do estudo era analisar como o jejum intermitente poderia alterar a capacidade de o organismo metabolizar gorduras e açúcares no sangue. Em 59 dias, o grupo que seguiu o jejum perdeu pelo menos 5% de peso e diminui em 9% os índices da pressão arterial.

Já os voluntários que seguiram a dieta com menos calorias diárias precisaram de 73 dias para perder 5% do peso e viram a pressão arterial cair apenas 2% no final de todo o processo.

Outra descoberta feita pelos pesquisadores tem a ver com a diminuição das taxas de gordura no sangue, que reduziram mais rapidamente nos participantes que seguiram a dieta 5:2 em relação aos voluntários que fizeram a outra dieta.

De acordo com Rona Antoni, pesquisadora do departamento de Metabolismo Nutricional da Universidade de Surrey, a dieta 5:2 pode, por exemplo, ajudar na prevenção de doença cardiovasculares, uma vez ela é capaz de reduzir, em um curto período de tempo, taxas de gordura no sangue e diminuir a pressão arterial.

A especialista, no entanto, pondera que o jejum intermitente não é para todos os tipos de pessoas, visto que cinco dos voluntários da dieta 5:2 desistiram do processo no meio do caminho.

“A chave para o sucesso de uma dieta é encontrar aquela que possa ser sustentada a longo prazo”, disse Rona.

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