Deficiente visual relata emoção de "ver" ultrassom de bebê pelo tato
Deficiente visual desde o nascimento, Marcela não podia ver a filha por meio das imagens do ultrassom reproduzidas no monitor do laboratório
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de julho de 2018 às 10h43.
Última atualização em 10 de julho de 2018 às 10h43.
São Paulo - Quando descobriu que estava grávida da primeira filha, a economista Marcela Villela, de 36 anos, assim como ocorre com a maioria das mulheres, ficou ansiosa para fazer o primeiro ultrassom. Era a chance de ter sinais concretos da vida que carregava em seu corpo.
Ao sair da sala, no entanto, sentiu um misto de sentimentos. Felicidade por saber que a filha estava bem de saúde e frustração por não ter a possibilidade de sentir a presença da bebê.
Deficiente visual desde o nascimento, Marcela não podia ver a filha por meio das imagens do ultrassom reproduzidas no monitor do laboratório. Tampouco pôde ouvir o coraçãozinho da bebê. Como no primeiro ultrassom o feto era muito pequeno, os batimentos cardíacos não apareceram no exame.
No ultrassom seguinte, Marcela passou a fazer o acompanhamento no laboratório Alta, que oferece para gestantes cegas ou com baixa visão a impressão da imagem do ultrassom em um molde em 3 dimensões.
Quando ela chegou às 29 semanas de gestação, foi possível imprimir um molde do rosto da pequena Luiza para que a mãe pudesse ter uma ideia, antes mesmo do nascimento, de como era a filha. "Foi uma sensação indescritível, porque tornou a emoção da gravidez acessível a quem tem uma deficiência", conta.
"Quando eu toquei naquela réplica, é como se fosse a concretização da imagem que eu tinha dela. Meu marido me descrevia os traços dela, mas não era a mesma coisa", afirma Marcela, que deu à luz há dois meses.
Ela pretende, em breve, colocar em uma moldura, no quarto da menina, o molde do rostinho que fez a chegada da filha ser ainda mais especial desde a gestação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.