Casual

Deborah Secco interpreta portadora de HIV em "Boa Sorte"

Baseado num conto do cineasta gaúcho Jorge Furtado, drama transita entre o delicado retrato de duas almas desesperadas

Atriz Deborah Secco em cena do drama "Boa Sorte", dirigido por Carolina Jabor (Reprodução/YouTube)

Atriz Deborah Secco em cena do drama "Boa Sorte", dirigido por Carolina Jabor (Reprodução/YouTube)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2014 às 15h59.

São Paulo - É provável que muita gente se impressione com a drástica mudança física da atriz Deborah Secco, que interpreta uma portadora de HIV autrodestrutiva em Boa Sorte.

Realmente, não é pouca a diferença física da atriz nesse filme, 11 quilos mais magra, com um semblante mais sofrido.

Mas se concentrar nesse aspecto poderia levar a deixar passar despercebido o que é mais revelador na sua interpretação: a profundidade de sentimento que ela traz à sua personagem, Judite.

Conhecemos a moça pelos olhos de João (João Pedro Zappa), garoto viciado na peculiar combinação entre o refrigerante Fanta e o calmante Frontal, que, segundo ele acredita fantasiosamente, o tornaria invisível.

Essa invisibilidade pode ser lida como uma autodefesa radical, e também uma alegoria para o processo de amadurecimento no mundo contemporâneo e a necessidade de ajustamentos à sociedade.

Nesse sentido, a clínica, onde o rapaz e Judite estão internados, funciona como uma ilha de utopia em meio à barbárie do esmagamento da individualidade no mundo exterior.

//www.youtube.com/embed/t5uz68ppMxc?rel=0

Baseado num conto do cineasta gaúcho Jorge Furtado, Frontal com Fanta – roteirizado por ele e seu filho, Pedro Furtado – e dirigido por Carolina Jabor (estreando em ficção; no seu currículo, o documentário O Mistério do Samba), Boa Sorte transita entre o delicado retrato de duas almas desesperadas, cujo encontro pode ser a salvação, e o didatismo.

O que dá forma à narrativa é a relação entre os dois e aqueles que os cercam, como a médica interpretada por Cássia Kis Magro, a mãe do rapaz, Gisele Froes, e a avó de Judite, Fernanda Montenegro.

Para que o filme funcione, é fundamental uma simbiose entre Deborah e seu colega de cena, Zappa. É preciso acreditar na paixão arriscada e, ao mesmo tempo, idealizada que o garoto nutre por Judite – ela é a salvação dele, quando deveria ser o contrário.

A diretora Carolina, na maior parte do tempo, deixa os personagens livres para que sua relação conduza o filme – e resulta em boas cenas, como quando os loucos tomam conta de vez do manicômio.

É um momento em que o filme parece levantar voo, algo que não repete muitas vezes.

Alguns excessos de explicações – especialmente sobre o destino dos personagens – enfraquece aquilo que fala por si mesmo.

As figuras aqui são fortes o bastante para carregarem a história – afinal, Boa Sorte nada mais é que um estudo de personagens, a narrativa de seu amadurecimento. Então para que tanta interferência?

Seria melhor deixar que eles vivessem mais e se justificassem menos.

Quando teve sua primeira exibição no país no Festival de Paulínia, em julho passado, muito se comparou Boa Sorte a A Culpa é das Estrelas, mais pela paixão entre duas pessoas com problemas emocionais e de saúde e do que qualquer coisa.

Mas o filme de Carolina é mais maduro, mais interessante, menos preocupado em querer ser fofo – ponto para o longa brasileiro. Se fosse para comparar mesmo, poderia se dizer que Boa Sorte seria uma espécie de Estranho no Ninho dirigido por Sofia Coppola – com seus matizes delicados e olhar aguçado para as personagens femininas.

Acompanhe tudo sobre:ArteCinemaEntretenimentoFilmesServiços

Mais de Casual

Conheça os modelos de tênis favoritos dos skatistas brasileiros nas Olimpíadas de Paris

Xiaomi construirá segunda fábrica de carros na China

'Feira do Caminho do Queijo Paulista' acontece neste final de semana em São Paulo

O melhor restaurante de Santos (SP), segundo o ranking EXAME Casual 2024

Mais na Exame